Capítulo 20 - THAIS E RENATA

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 A conversa entre Thais e Renata continua:

- Thais, não faça isso!

- Faço sim, Renata!

- Eu começo a desconfiar de você – conclui Renata.

- Não! Renata!

Thais se levanta da mesa e segue em direção à porta da frente. Renata ainda tenta impedi-la, mas não consegue. Então a acompanha tentando amenizar os efeitos da decisão de sua amiga.

- Pense melhor, Thais.

- Já pensei. Agora eu só penso em ir embora. Não vou passar por isso. Não posso ser interrogada.

As duas entram no carro de Thais para pegar a estrada de terra. James ao perceber que elas estão saindo, avisa o delegado.

- O quê??? – diz João Alves ao saber do que estava acontecendo.

- Exatamente isso – reforça James.

- Com que propósito elas fizeram isso?

- Não sei. Mas precisamos fazê-las parar. Além disso, com essa neblina, é capaz delas entrarem na primeira árvore que encontrarem.

- No caso, aquela que caiu no meio da estrada – conclui o delegado.

João Alves avisa o que estava acontecendo para todos e o doutor se prontifica a ajudá-los. A ideia seria ir atrás das duas de carro. Então, João Alves, Dr. Jairo e James entram no carro e vão atrás delas. Mais à frente no carro de Thais:

- Thais, eu me lembrei de uma coisa – diz Renata.

- Que é? – pergunta ela.

- A estrada está bloqueada. Lembra-se?

- Como bloqueada?

- O delegado teve que voltar para a casa, lembra-se?

- Ah! Me esqueci! E agora?

- Eu é que sei? Acho que precisamos voltar.

- É verdade, mas será que alguém já percebeu a nossa falta.

- Acho que sim – responde Renata.

- E será que eles virão atrás da gente?

- Não sei.

- Ih! Eu não quero falar – diz Thais – Mas acabo de ver uma luz de farol de carro no espelho retrovisor.

- Então eles vieram atrás da gente!

Thais pisa no acelerador e Renata diz:

- Thais, mas o que você está fazendo? Diminua, por favor!

No carro do delegado, ele diz:

- Mas o que essa louca está fazendo? Dirigindo tão rápido assim?

O delegado aumenta a velocidade e se coloca ao lado do carro de Thais.

- Pare! – diz ele.

- Não, delegado – fala Thais.

- Cuidado!!! – avisa Renata.

Thais bate o carro no tronco caído. O delegado encosta ao lado e vai em direção a elas. O capô do carro de Thais fica todo contorcido em ferragens. Mas a cabine fica quase intacta.

- Tudo bem com vocês – pergunta o delegado.

- Não – diz Renata – Minha testa está doendo.

- Meu queixo e meu braço estão machucados, eu acho – relata Thais.

- Certo, já iremos tirá-las daí.

Renata é a primeira a ser resgatada. Ela está com um pequeno ferimento na testa. Um pouco de sangue saí do ferimento. Dr. Jairo pega sua maleta e faz um curativo. Thais sai depois com uma torção no braço e um ferimento leve no queixo. O doutor imobiliza o braço dela. Após os primeiros socorros, o delegado pergunta para Thais:

- Mas por que a senhora quis sair assim?

- Por favor, perguntas não.

- Mas...

- Agora não, delegado!

Todos entram no carro de João Alves e iniciam o trajeto de volta para a casa. E o delegado insiste:

- Mas, senhora Thais... explique para nós. O que aconteceu? Não estou perguntando, é apenas uma curiosidade.

- Está bem, delegado. É que não gosto que fiquem me perguntando coisas. Não consigo ficar sob essa pressão. Quando chegou minha vez, eu entrei em desespero. Só via a fuga como opção.

- Está bem, Thais. Procure relaxar agora.

Ao chegar no casarão, todos anseiam por notícias.

- Nossa! O que houve? – pergunta Nylza.

- Eu bati o carro – responde Thais já chorando.

- Não se preocupe.

- Como não?

- O importante é que está tudo bem agora – tranquiliza N ylza.

Hélio solta uma piada para amenizar o clima. Todos dão uma leve risada.

E o delegado lembra:

- Senhores, podem rir da piada, mas não se esqueçam que o assassino está entre nós ainda – e continua – Senhora Thais, por favor, me acompanhe.

Thais responde:

- Está bem. Já que não tem outro jeito...

- Os dois vão para a lareira e as perguntas começam a ser feitas:

- A senhora conhecia Laura há muito tempo?

- Eu não me lembro bem, mas já faz um tempo razoável.

- Como era Laura na sociedade?

- Sempre foi quieta demais para o meu gosto.

- O que a senhora faz em Campos do Jordão?

- É óbvio que estou em férias.

- Não seria para matar Laura?

- Ai! Não me pressione! – exclama Thais.

- Mas, senão, qual seria o motivo da fuga?

- Eu já falei. Não me pressione.

- Tudo bem. Quando foi a última vez que falou com Laura?

- Faz uma semana. Nós combinamos de nos encontrar aqui.

- Para o assassinato?

- Ai! Ai! Eu entro em total desespero assim!

- Por quê?

- Porque eu sou desse jeito, o que se pode fazer.

- Última pergunta. Não notou nada de estranho nesse telefonema?

- Não. Nada.

- Vamos parar agora. Eu também preciso descansar – finaliza o delegado.


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