Guto ainda surpreso com o comentário do delegado, diz:
- Não entendi, delegado.
- Então, vamos até o porão.
João Alves, Guto, Rogério e Hélio vão ao porão. Eles entram no corredor, descem as escadas e finalmente chegam ao porão.
- Ilumine aqui, por favor – pede o delegado.
- Onde?
- Aqui no chão.
Guto se abaixa com a vela. Ali ao lado, na adega, Berenice continua desacordada.
- Como eu pensava. São balas!
- E o que eu tenho a ver com isso, delegado?
- O senhor foi o último a entrar aqui. Lembra-se de quando veio pegar mais velas?
- Sim. Eu realmente vim buscar velas, mas isso aqui não. A não ser que eu tenha derrubado quando peguei as velas. As balas deveriam estar guardadas junto com as velas.
- Resta saber se estas balas são do revólver que matou Laura.
- Delegado, uma coisa eu já vou avisando. Não tenho nada a ver coma morte da minha mãe.
- Eu acredito – diz Rogério.
O delegado pega duas balas e os quatro sobem as estreitas escadas até o escritório. Ao chegar lá, ele testa imediatamente as balas na arma e diz:
- É, essas balas são da arma do crime. Sinto informar, mas vou ter que prendê-lo, senhor Guto – diz ele já tirando as algemas do bolso.
- Espere! Não fui eu!
- Eu não diria isso com tanta certeza.
- Mas não sou eu. Espere pelo menos até amanhã para por isso em mim.
Rogério diz:
- O senhor não pode fazer isso agora. É preciso uma ordem judicial. E filho... fique calmo. Eu me encarrego de livrar você o mais rápido possível. A justiça será feita e você ficará livre.
- Está bem – diz o delegado – Irei averiguar mais um pouco. Agora vamos sair daqui e voltar para a sala.
Eles voltam para a sala de jantar e o delegado vai para a lareira. Ele pede que Renata fosse para lá.
- Muito bem, senhora Renata – diz o delegado.
- Estou à sua disposição.
- Há quanto tempo conhecia Laura?
- Cinco anos, aproximadamente.
- Sempre foi amiga dela em todo esse tempo?
- Não. Ultimamente eu tinha me aproximado mais.
- Algum motivo especial para isso?
- Meu marido é muito ocupado com as empresas e Laura era a única mulher da sociedade que eu considerava como amiga. Você sabe, nas altas rodas da sociedade ninguém tolera ninguém realmente.
- Você acha que o assassino é o Guto?
- É, como eu disse, pode ser.
- Fiquei sabendo que você tinha inveja de Laura?
- Pode ser. Em qual aspecto?
- Não sei, a senhora é que deve saber.
- Só se for pelo fato de eu não ter conseguido ter filhos. Meu marido nunca quis e agora eu não posso mais.
- Eu entendo. E essa inveja de alguma forma não poderia ser a causa de um assassinato?
- Isso não pode ser.
- Por que a senhora se utiliza tanto da expressão "pode ser"?
- Costume.
- O que o seu marido faz?
- Ele é o presidente das corporações Neves.
- Porque ele não está com a senhora aqui?
- Ele está em viagem ao Canadá.
- Tudo bem. Está dispensada. Chame o Chicão e o doutor, por favor.
Os dois chegam após dois minutos.
- Novamente, delegado – diz o médico.
- Não, doutor. Eu apenas queria ver o revólver em seu carro. Posso ver não é?
- Lógico.
Os três vão até o carro. Nessa hora, a neblina está tão densa que a visibilidade é quase nula.
- Está aqui, delegado – diz Dr. Jairo.
É uma pistola da Segunda Guerra Mundial. Já está muito enferrujada e desgastada pelo tempo.
- É, sou obrigado a concordar com o senhor – diz o delegado – Daqui não sai uma bala há pelo menos dez anos.
Então eles voltam para a casa.
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Simplesmente uma morte?
Mystery / ThrillerInspirado nos livros da Agatha Christie. Uma morte em um casarão isolado em Campos do Jordão. Vários suspeitos. Um romance policial instigante feito com um toque de humor. Quem irá descobrir o assassino primeiro??