Capítulo 17 - BALAS

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Guto ainda surpreso com o comentário do delegado, diz:

- Não entendi, delegado.

- Então, vamos até o porão.

João Alves, Guto, Rogério e Hélio vão ao porão. Eles entram no corredor, descem as escadas e finalmente chegam ao porão.

- Ilumine aqui, por favor – pede o delegado.

- Onde?

- Aqui no chão.

Guto se abaixa com a vela. Ali ao lado, na adega, Berenice continua desacordada.

- Como eu pensava. São balas!

- E o que eu tenho a ver com isso, delegado?

- O senhor foi o último a entrar aqui. Lembra-se de quando veio pegar mais velas?

- Sim. Eu realmente vim buscar velas, mas isso aqui não. A não ser que eu tenha derrubado quando peguei as velas. As balas deveriam estar guardadas junto com as velas.

- Resta saber se estas balas são do revólver que matou Laura.

- Delegado, uma coisa eu já vou avisando. Não tenho nada a ver coma morte da minha mãe.

- Eu acredito – diz Rogério.

O delegado pega duas balas e os quatro sobem as estreitas escadas até o escritório. Ao chegar lá, ele testa imediatamente as balas na arma e diz:

- É, essas balas são da arma do crime. Sinto informar, mas vou ter que prendê-lo, senhor Guto – diz ele já tirando as algemas do bolso.

- Espere! Não fui eu!

- Eu não diria isso com tanta certeza.

- Mas não sou eu. Espere pelo menos até amanhã para por isso em mim.

Rogério diz:

- O senhor não pode fazer isso agora. É preciso uma ordem judicial. E filho... fique calmo. Eu me encarrego de livrar você o mais rápido possível. A justiça será feita e você ficará livre.

- Está bem – diz o delegado – Irei averiguar mais um pouco. Agora vamos sair daqui e voltar para a sala.

Eles voltam para a sala de jantar e o delegado vai para a lareira. Ele pede que Renata fosse para lá.

- Muito bem, senhora Renata – diz o delegado.

- Estou à sua disposição.

- Há quanto tempo conhecia Laura?

- Cinco anos, aproximadamente.

- Sempre foi amiga dela em todo esse tempo?

- Não. Ultimamente eu tinha me aproximado mais.

- Algum motivo especial para isso?

- Meu marido é muito ocupado com as empresas e Laura era a única mulher da sociedade que eu considerava como amiga. Você sabe, nas altas rodas da sociedade ninguém tolera ninguém realmente.

- Você acha que o assassino é o Guto?

- É, como eu disse, pode ser.

- Fiquei sabendo que você tinha inveja de Laura?

- Pode ser. Em qual aspecto?

- Não sei, a senhora é que deve saber.

- Só se for pelo fato de eu não ter conseguido ter filhos. Meu marido nunca quis e agora eu não posso mais.

- Eu entendo. E essa inveja de alguma forma não poderia ser a causa de um assassinato?

- Isso não pode ser.

- Por que a senhora se utiliza tanto da expressão "pode ser"?

- Costume.

- O que o seu marido faz?

- Ele é o presidente das corporações Neves.

- Porque ele não está com a senhora aqui?

- Ele está em viagem ao Canadá.

- Tudo bem. Está dispensada. Chame o Chicão e o doutor, por favor.

Os dois chegam após dois minutos.

- Novamente, delegado – diz o médico.

- Não, doutor. Eu apenas queria ver o revólver em seu carro. Posso ver não é?

- Lógico.

Os três vão até o carro. Nessa hora, a neblina está tão densa que a visibilidade é quase nula.

- Está aqui, delegado – diz Dr. Jairo.

É uma pistola da Segunda Guerra Mundial. Já está muito enferrujada e desgastada pelo tempo.

- É, sou obrigado a concordar com o senhor – diz o delegado – Daqui não sai uma bala há pelo menos dez anos.

Então eles voltam para a casa.

Simplesmente uma morte?Onde histórias criam vida. Descubra agora