Enquanto a conversa dos homens segue no bar, Conceição e Berenice levam as xícaras de café da saleta da piscina para a cozinha. Nesse mesmo instante, uma certa coisa se dirige para a saleta da piscina. Ela sai do porão, vai seguindo pelas escadarias, degrau por degrau, bem lentamente. Ao acabar as escadas, entra no corredor, virá à direita, quase entra no escritório, mas ao perceber o vento frio vindo da janela quebrada, desiste. Continua no corredor, passa pela sala de música e chega aonde estavam as mulheres. Passa pela porta da saleta e vai se aconchegar no pé da senhora Thais, ou pelo menos tentar, já que:
- Aiiii! Socorroooo! Um rato no meu pé!!!!! – grita Thais.
Todas berram.
- Meu Deus! – exclama Nylza
- Cuidado! – diz Renata.
Thais, a mais escandalosa, corre e sobe na mesinha de centro. Aninha sobe junto. Renata sobe no sofá. Nylza, mais discreta, apenas levanta sutilmente as pernas do chão. Tereza, sempre prática, resolve encarar o bicho. De vela em punho, ela começa a segui-lo. O coitado do Ratinho, desnorteado, anda de um lado para o outro sem saber para onde ir. Tereza pega uma bengala de decoração e vai à caça.
- Vem cá. Eu não vou te fazer mal – diz ela.
Ele logo percebe que está sendo caçado e corre para embaixo da estante.
- Sai daí. Na realidade eu sou boazinha.
Ela espana a bengala e ele sai pulando. Sob a perspectiva dele subir na mesinha do centro, Thais grita mais uma vez. Desta vez, o grito dela consegue trincar até a janela.
No bar, os homens se assustam:
- O que está acontecendo? – pergunta o delegado para Berenice e Conceição que aparecem no bar.
- Não sei – diz Conceição – O barulho parece vir da saleta da piscina.
- Vamos lá agora – fala o delegado.
Lá na saleta da piscina, o rato continua sua fuga. Ele sente que tem que voltar para o porão. Lá em cima não é seguro para ele. Tereza, agora, consegue se aproximar dele. Ambos imóveis. Tereza ataca. O rato escapa. E depois saí correndo pelo corredor. Na esquina do corredor, Tereza ainda dá outra bengalada, mas desta vez quase acerta o Dr. Jairo que vinha ver o que estava ocorrendo.
- Ah! – grita ele.
- O que é isso, Tereza? – pergunta o delegado.
- Um rato! – exclama ela.
O rato passa pela perna de Guto e sai correndo de volta ao porão. As pessoas se recompõem e Guto fala:
- Alguém deve ter deixado a porta do porão aberta.
Então, Guto desce as escadas, fecha a porta do porão e volta. Quando ele chega na saleta da piscina, diz:
- Podem se acalmar. O perigo já passou – diz ele com certa ironia.
- Foi assustador – diz Aninha.
Nesse momento, o delegado se lembra do bilhete que Rogério tinha se referido um pouco antes.
- Pessoal, esperem todos. O senhor Rogério precisa nos mostrar algo. Cadê aquele papel que o senhor estava na mão? – pergunta o delegado.
- Está aqui – responde Rogério – É um pedaço de um bilhete de Laura. Vou ler:
"... ainda mais agora que eu descobri esse grande mal. Por isso eu vou acabar com ele antes que ele acabe comigo."
- Isso é uma prova de que ninguém a matou. Parece que foi um suicídio – conclui Rogério.
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Simplesmente uma morte?
Mystery / ThrillerInspirado nos livros da Agatha Christie. Uma morte em um casarão isolado em Campos do Jordão. Vários suspeitos. Um romance policial instigante feito com um toque de humor. Quem irá descobrir o assassino primeiro??