Capítulo 24 - O BILHETE 2

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Enquanto a conversa dos homens segue no bar, Conceição e Berenice levam as xícaras de café da saleta da piscina para a cozinha. Nesse mesmo instante, uma certa coisa se dirige para a saleta da piscina. Ela sai do porão, vai seguindo pelas escadarias, degrau por degrau, bem lentamente. Ao acabar as escadas, entra no corredor, virá à direita, quase entra no escritório, mas ao perceber o vento frio vindo da janela quebrada, desiste.  Continua no corredor, passa pela sala de música e chega aonde estavam as mulheres. Passa pela porta da saleta e vai se aconchegar no pé da senhora Thais, ou pelo menos tentar, já que:

- Aiiii! Socorroooo! Um rato no meu pé!!!!! – grita Thais.

Todas berram.

- Meu Deus! – exclama Nylza

- Cuidado! – diz Renata.

Thais, a mais escandalosa, corre e sobe na mesinha de centro. Aninha sobe junto. Renata sobe no sofá. Nylza, mais discreta, apenas levanta sutilmente as pernas do chão. Tereza, sempre prática, resolve encarar o bicho. De vela em punho, ela começa a segui-lo. O coitado do Ratinho, desnorteado, anda de um lado para o outro sem saber para onde ir. Tereza pega uma bengala de decoração e vai à caça.

- Vem cá. Eu não vou te fazer mal – diz ela.

Ele logo percebe que está sendo caçado e corre para embaixo da estante.

- Sai daí. Na realidade eu sou boazinha.

Ela espana a bengala e ele sai pulando. Sob a perspectiva dele subir na mesinha do centro, Thais grita mais uma vez. Desta vez, o grito dela consegue trincar até a janela.

No bar, os homens se assustam:

- O que está acontecendo? – pergunta o delegado para Berenice e Conceição que aparecem no bar.

- Não sei – diz Conceição – O barulho parece vir da saleta da piscina.

- Vamos lá agora – fala o delegado.

Lá na saleta da piscina, o rato continua sua fuga. Ele sente que tem que voltar para o porão. Lá em cima não é seguro para ele. Tereza, agora, consegue se aproximar dele. Ambos imóveis. Tereza ataca. O rato escapa. E depois saí correndo pelo corredor. Na esquina do corredor, Tereza ainda dá outra bengalada, mas desta vez quase acerta o Dr. Jairo que vinha ver o que estava ocorrendo.

- Ah! – grita ele.

- O que é isso, Tereza? – pergunta o delegado.

- Um rato! – exclama ela.

O rato passa pela perna de Guto e sai correndo de volta ao porão. As pessoas se recompõem e Guto fala:

- Alguém deve ter deixado a porta do porão aberta.

Então, Guto desce as escadas, fecha a porta do porão e volta. Quando ele chega na saleta da piscina, diz:

- Podem se acalmar. O perigo já passou – diz ele com certa ironia.

- Foi assustador – diz Aninha.

Nesse momento, o delegado se lembra do bilhete que Rogério tinha se referido um pouco antes.

- Pessoal, esperem todos. O senhor Rogério precisa nos mostrar algo. Cadê aquele papel que o senhor estava na mão? – pergunta o delegado.

- Está aqui – responde Rogério – É um pedaço de um bilhete de Laura. Vou ler:

"... ainda mais agora que eu descobri esse grande mal. Por isso eu vou acabar com ele antes que ele acabe comigo."

- Isso é uma prova de que ninguém a matou. Parece que foi um suicídio – conclui Rogério.

Simplesmente uma morte?Onde histórias criam vida. Descubra agora