Berenice, que ainda estava em seu quarto, pensa alto:
- Eu não mereço o que ele faz comigo. Definitivamente não. Ele pensa que eu sou saco de pancadas ou então um brinquedinho que ele liga e desliga quando quer. Não, eu não sou. Agora, Berenice, enxuga esse rosto e sai desse quarto. O que você não pode é ficar desse jeito.
Ela sai e vai à copa tomar um copo de água. Vai até o armário, pega o copo e quando fecha a porta do armário, vê algo inusitado. Uma pessoa entrando pela janela. É a mesma pessoa que fez o telefonema para que João Alves fosse embora no início do velório. Então ela liga os fatos e chega a uma conclusão:
- Então foi você! – diz ela.
- Eu o quê? – responde a pessoa misteriosa.
- Você que a matou!
- Eu? – ironiza a pessoa.
- É! Você!
- Sinto lhe informar, mas você está enganada.
- Não estou não! Agora tudo se encaixa! E agora eu vou direto ao delegado contar o que eu sei.
- Mas não vai mesmo – diz a pessoa pegando um rolo de massas.
Antes que Berenice pudesse gritar, a pessoa acerta o rolo em sua cabeça. Conceição que está próxima, na sala de jantar, escuta ruídos e avisa:
- Aconteceu alguma coisa na copa.
- Vamos lá – grita Antônio.
Ao escutar o grito de Antônio, a pessoa misteriosa coloca Berenice no ombro e desce as longas e estreitas escadas que levam ao porão. Chegando lá, Berenice é amarrada e levada à adega que fica ao lado do porão. Lá a pessoa esconde Berenice atrás de uma estante cheia de vinhos.
Enquanto isso, na copa os empregados discutem:
- Você não estava sonhando, Conceição? – pergunta Antônio.
- Não. Eu ouvi algo vindo daqui.
- Tem certeza? – insiste Mário.
- Tenho sim, Mário. A não ser que eu esteja ficando louca com tudo isso que está acontecendo.
Embora ela estivesse dizendo, ninguém realmente estava acreditando nela. Pouco a pouco, os outros chegam atraídos pelos chamados de Mário. Então, o delegado pergunta:
- Mas o que está acontecendo aqui?
Conceição responde:
- Eu escutei barulhos que pareciam ter vindo daqui, seu delegado – diz ela muito nervosa.
- Exatamente o que ouviu? – pergunta o delegado.
- Apenas ruídos. Não saberia dizer do que eram.
- E não viu nada?
- Não. Apenas ouvi mesmo.
- Ninguém mais escutou?
Não houve resposta. Logo depois chegam ao local Guto e Rogério seguidos de perto por James.
- Estão todos aqui? – pergunta João Alves.
- Acho que sim – diz Aninha.
- Não! Falta Berenice! – espanta-se Antônio.
O tempo passa e Berenice não aparece. O relógio aponta meia-noite. O delegado pede que todos se dirijam à sala de jantar. E quando todos chegam lá, ele diz:
- Senhores, agora eu tenho certeza! O assassino está aqui. Ele é um de nós!
- Como??? Não pode ser! – assusta-se Thais.
O delegado continua:
- Eu aconselho a você, seja lá quem for, a se entregar agora. Senão, depois será pior para você – diz João Alves olhando vagarosamente o rosto de cada um dos presentes.
Passam-se longos instantes.
- Delegado? – diz Hélio.
- É o senhor? – pergunta surpreso João Alves.
- Não! Mas eu estava pensando que poderíamos tentar encontrar Berenice.
- Boa ideia, Hélio. Mas antes eu quero fazer um pedido a todos. Não fiquem sozinhos nem por um segundo. Eu já vi esse filme. O assassino irá nos pegar um por um.
Todos parecem muito temerosos.
- Agora teremos que organizar um ou dois grupos de busca – completa o delegado – Chicão, Hélio e Guto vão para o andar superior. Eu, Dr. Jairo e Luiz procuraremos por aqui mesmo. Os demais não saiam daqui. E isso é uma ordem – termina ele.
O primeiro grupo sobe e começa a procurar pelo quarto de Laura. A busca está muito prejudicada pela falta de luz. Mesmo assim, eles procuram dentro do armário, embaixo da cama, no banheiro, no terraço e nada. Não a encontram. Depois vão ao estúdio e nada novamente. Percorrem todos os outros cômodos e voltam para a sala sem conseguir encontrá-la.
Já o segundo grupo inicia pelo quarto de Berenice. Ela não está lá. Depois seguem para a cozinha e finalmente vão para todas as salas. Preparam-se para voltar quando Luiz, um grande admirador de vinhos, se lembra da adega. Chegando ao porão, como a vela estava no fim, fazem uma rápida vistoria e se viram novamente para a escada. Nesse momento, o delegado diz:
- Vamos voltar, pessoal.
- Espere! – diz Luiz – Acho que eu ouvi algo!
- O quê, senhor Luiz?
- Silêncio – insiste o cineasta.
Eles ficam um tempo em silêncio e Luiz conclui:
- Nada. Acho que não foi nada.
- Vamos voltar. A vela está acabando – diz o doutor Jairo.
- Mas eu me lembro que Guto veio buscar mais velas aqui. Vamos procurar mais velas – fala o delegado.
Nesse momento a chama se apaga.
- Esqueça, nessa escuridão não se acha nada. Vamos subir e depois a gente volta – conclui o médico.
O delegado ainda pisa em uma coisa que parecia ter uma forma cilíndrica, mas não se preocupa. Ao chegar na sala novamente.
- Acharam? - pergunta Conceição.
- Não – responde o delegado.
- Meu Deus! Onde será que Berenice está??? – pergunta Thais.
- Sugiro procurarmos lá fora assim que essa chuva melhorar – diz João Alves.
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Simplesmente uma morte?
Mystery / ThrillerInspirado nos livros da Agatha Christie. Uma morte em um casarão isolado em Campos do Jordão. Vários suspeitos. Um romance policial instigante feito com um toque de humor. Quem irá descobrir o assassino primeiro??