Prólogo

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Pov's S/n
        Acordei com a porcaria do alarme novamente, mas um dia de merda e eu quero atacar meu celular na parede. O motivo pelo qual não faço isso? Eu sou pobre e além de ficar sem celular, eu ia apanhar.

        — S/n... — Ouvi a voz calma de minha mãe. — LEVANTA PORRA!

        Respirei fundo e fui me arrastando para o banheiro, assim que abri o chuveiro recebi água gelada e xinguei tudo qualquer nome. Como um gato fugindo da água — literalmente — pulei para o outro lado do banheiro.

        — Ô MÃE! A ÁGUA TA GELADA! — Gritei.

        — É só mudar para o quente! — Ela pausou e então entrou no box onde eu estava enrolada na toalha e ligou o interruptor da luz do banheiro, que também não acendeu. — Cortaram a luz! Fudeu!
       
        Minha mãe me deu as costas como se não fosse nada demais e foi para a cozinha, eu fui indignada atrás da mesma com toalha e tudo.

        — Eu trabalho para que?! — Perguntei irritada seguindo a coroa — Mãe! Cadê o dinheiro da luz?

        — Preocupa não filhota! Vou conversar com aquele merdinha lá debaixo. Uma conversa bem amigável. — Ela diz estalando os dedos.

        O merdinha lá debaixo era o síndico! Que aliás tinha um caso com a minha mãe e quando não era para se pegar e dar uns amassos, minha mãe o pegava na porrada.

        — Violência não resolve nada! — Apontei para ela que gargalhou. Que beleza, virei piadista agora! — Mãe cadê o dinheiro? A senhora gastou com bebida de novo? — Suspirei e ela me olhou irritada.

        — Se arrume para ir trabalhar! Na minha casa não mora vagabundos, não! — Ela disse me dando as costas.

        Olhei para ela de forma indignada e subi em passos firmes voltei para meu quarto e gritei do corredor:

        — OLHA QUEM FALA!

        Fechei a porta e coloquei meu uniforme do trabalho. Podemos começar com as apresentações?

        Meu nome é S/n Santos Alexandrino Alves Pereira Gomez Machado. E antes que diga alguma coisa, é tudo de família e eu como a desgraça que nasceu de primeiro ganhei tudo de brinde!

        Santos do meu pai. Alexandrino de minha mãe. Alves da minha avó materna. Pereira todo mundo da minha família tem esse sobrenome. Gomez porque o PADRE disse que o filho dele que havia falecido se chamava assim. Sim o padre tinha um FILHO! E Machado por causa do meu avô por parte de pai, o único que prestava naquela família.

        Eu tenho 18 anos e trabalho numa lanchonete aqui da rua e faço faculdade de letras. Sim faculdade, 'está achando oque? Que eu sou uma vagabunda desempregada? Eu não. Minha mãe sim.

        Depois de arrumada ainda faltava alguns minutos e fui para a cozinha com a bolsa e retirei de lá de dentro a minha terapia matinal. O mangá de One piece. Como vocês podem ter percebido, eu não sou filha única. Fui a primeira a nascer e depois de mim todas as mulheres da minha família viraram égua parideira. Criança para todo lado.

        O lado bom, é que a minha mãe resolveu me dar apenas um irmão! Este veio correndo me abraçar. Enzo tinha 5 anos e era viciado em One Piece, tanto quanto eu. Essa era a minha família pequena e feliz. Fazia cerca de três meses que nós mudamos para um apartamento do centro e era a primeira vez que a conta de luz era cortada.

        — Papai... — Enzo murmurou sentado no meu colo. O pequeno apoiou os braços na mesa com a cabeça em cima.

        Aquele traste. Obviamente apenas pensei, o desgraçado do meu pai era um drogado que fingia se importar. Perdemos a nossa casa pelas dívidas dele e agora eu fazia meus bicos para me sustentar e o fato de eu fazer faculdade era por causa do Enem. Meu pai não fez absolutamente merda nenhuma por mim. Foi difícil para minha mãe se livrar dele, ele a induziu a beber e quando se separaram parece que o alcoolismo foi a saída para ela.

A Rainha do Mar - One PieceOnde histórias criam vida. Descubra agora