Irundy e Vatany

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O renascimento de Hazim



O primeiro impulso que Hazim teve ao chegar à Dhea, foi acrescentar seu sangue ao pacto.

— Sendo chato ou não,

meu sangue será vosso,

e o de Dheam será nosso

juntos em um só coração.

Após dizer o versinho, ele, Cyperus e Plátanus, seguem o procedimento observado nos maiorais de Vatany, comendo a fruta e sumindo entre as colunas de frente para o penhasco.

A sensação que Hazim teve foi que ele acabara de imergir em si mesmo, lentamente; como se estivesse voltando ao útero da inexistência. Só havia silêncio; um silêncio de doer os ouvidos. Os homens o entregam uma flor e direcionam sua mão à boca, indicando que a comesse. Ele sente novamente o volume de sua matéria voltar ao corpo.

Quando tudo isso passou e ele pôde ver luz de novo, o chão e a configuração do cenário pareciam oscilar diante de seus olhos turvos. Assim, aos poucos ele conseguiu focar as formas e perspectivas do lugar. Estavam em um campo aberto e verde; o horizonte estava indefinido por uma atmosfera nebulosa e de um dourado tênue. Próximo deles, havia árvores esparsas, de um caule grosso e escuro, cuja inclinação e galhos retorcidos provavelmente submeteram-se às forças do vento. A audição de Hazim, também estava voltando ao normal, pois o primeiro som que ele captava lembrava muito uma lira, porém, mais rústico. Plátanus e Cyperus estavam sendo apoiados por Essien e Bassey. Elon segurava Hazim pelo braço.

— Você estão melhor? — analisa Elon.

— Sinto como se meus órgãos e ossos tivessem sido tirados de mim. Mas está passando. Vocês também sentiram isso? — pergunta Hazim, para os amigos.

— Acho que um pouco — responde Cyperus.

— Eu também senti um pouco de náusea, mas passou rápido — fala Plátanus.

— O mal estar é proporcional a estrutura frágil da pessoa. Como eles dois são mais robustos, não reagiram negativamente tanto quanto você — explica o atarracado ancião.

— Acho que preciso seguir a recomendação de Hima e fazer mais exercícios físicos. Esse corpo magrelo só me dá prejuízo — Hazim comenta. — Que instrumento é este? Parece com o som da harpa, porém, menos amplo ou solene — pergunta Hazim.

— Isso é um violão. Você gosta mesmo de música, hein? — diz Essien. — Deve ser meu filho. Estamos perto de minha casa.

— Muito bem! Vamos repassar a vocês o que Dheam nos intruiu… — começa Elon, mas Cyperus interpõe-se.

— Qual dos dois? O Dheam de Aleph ou o daqui?

— O de Aleph — responde Elon.

— Mas não é o mesmo nome? Deveriam ser a mesma pessoa também — raciocina Plátanus.

— Acho que são como irmãos gêmeos, ou penta gêmeos… Enfim, eles têm personalidades parecidas, mas são diferentes em alguns aspectos. Podemos levá-lo até ele, se quiser — sugere Elon.

Entretanto, o surgimento súbito de Dheam V( de Vatany), descartou o convite. Ele tinha quase as mesmas feições, porém mais sério e com cabelos brancos.

— Vou passar toda a programação aos três. Atentem, por favor! Cyperus ficará hospedado com Bassey; sua meta é aprender hidráulica. Plátanus será hospedado por Elon; este irá lhe ensinar eletrônica. Por fim, Hazim ficará na casa de Essien. Meu irmão de Aleph, havia designado você com Elon, mas visto que mostrou interesse pela música do filho dele, eu e D.A. decidimos fazer essa mudança.

A Noz DouradaOnde histórias criam vida. Descubra agora