Dheanel e os clubes da Noz

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Dheanel e os clubes da Noz

Voltando à empreitada que Dheanel abraçara da avó… Ele pegou um cavalo escondido e marchou sozinho a Canto do Pássaro. Chegando ao pequeno bar, encravado no fundo de uma vila pacata e cheirando a café(contribuição dos Androceus), ele mostra o brilhante que a vó lhe dera. Então, Ticum se esquiva dos hóspedes e clientes, indo por trás do bar até um sinuoso caminho cortado por madressilvas e sálvias.

_ Como você se parece com Dheam, meu filho. Não ligue se a pessoa que vier lhe escoltar for um mancebo pra lá de antipático. É só o jeito dele mesmo. Ele tem um sinal branco no canto da boca, com o formato igual a um ponto de interrogação. Daí você já calcula a chatice. Mas vá agora! Não podemos nos delongar muito aqui. Calíodo, teu pai, é tinhoso e tem os seus espias. Porém os nossos são melhores.

Ticum dá um beijo na cabeça do sobrinho e depois de um abraço, volta ao ofício. Dali Dheanel parte sozinho, seguindo as orientações dadas pelo atencioso homem.

Dheanel muito vagou antes de encontrar o pujante Baobá, onde anos antes, seus parentes subiram pela primeira vez. Lá de cima ele ergue e gira o diamante, cujo faiscante brilho é respondido, minutos depois. Agora, ele só precisava esperar.

A carona veio em duas horas, de duas pernas altas e emplumadas, com um pescoço maior ainda, mas pelado. Em cima da moa, estava um jovem de pele bege médio, cabelos negros e olhos castanhos.

_ O que faz o filho de Calíodo tão distante de seus colchões macios e suas abóbadas de ouro?_ pergunta o jovem, coberto na cabeça por um turbante.

_ Se estou aqui é porque os colchões e ouro não me fazem falta. Além de tudo, não vim em nome de meu pai. Vim em nome de minha mãe, Ilméria, e minha avó, Yasai, que me entregou isto._ defende-se Dheanel, mostrando a gema.

_ Se passares por esse limite, não poderás voltar o mesmo.

_ Como assim 'o mesmo'?

_ Se vieste até aqui é porque estás disposto a renegar o luxo e a comodidade, para viver de agora em diante para a causa da verdade. É um juramento sem volta. E a quebra desse juramento será respondida por ti somente. Mas saiba desde já que estarás escolhendo os inimigos errados, assim como teu pai.

_ Se acalme! Não sou inimigo. Já não disse que sou filho de Ilméria? Por falar nisso, não nos apresentamos. Eu sou Dheanel. E você?

_ Sou Kauri, filho de Ayo e Ohana. Sobre o que disseste: tu podes ser filho de Ilméria, mas não uma cópia exata dela. As escolhas que ela faz não se tornam automaticamente as tuas. Deves jurar que morrerá caso tenhas que falar sobre nosso paradeiro, ou o que é feito lá.

_ Lá onde?

_ Ainda não ouvi o juramento. Você ouviu irmãozinho?_ o rapaz falava por último com uma criatura felpuda e alada que pousava em seu ombro. Tratava-se de um coala, algumas partes do corpo são azuis, porém a maior parte é cinza, inclusive as asas de mariposa.

O Gutu encosta muito perto dele e parecia lhe transmitir um recado..

_ O maninho está dizendo que você veio de fato sozinho. E ele também me disse que viu quando Yasai lhe deu o diamante.

_ Na verdade, eu ouvi a conversa toda. Deixe de aterrorizar o rapaz. Os Androceus estavam mesmo precisando de mais um. Acho que esse daí serve. Mesmo não parecendo muito corajoso. Você tem medo de dentes, garoto?_ interrogou a ave.

Dheanel ficou tão encantado ouvindo o falcão falando sem mover o bico, que até esqueceu de responder a pergunta.

_ Desculpa! Mas que tamanho são os dentes mesmo?

A Noz DouradaOnde histórias criam vida. Descubra agora