Alaranil

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A Pleidiana



Alaranil, abreviado para Alar, era um vasto mundo suspenso literalmente por brumas. O que Vatany tinha de terreno e concreto, Alaranil tinha de etéreo. A própria atmosfera do planeta e a essência das coisas evocava harmonia. Vatany era o caule, sólido e maciço; Alaranil era as ramagens e as flores delicadas. Na natureza de Vatany, sentia-se os intensos haustos da vida, traduzidos na pungência crua das raízes encravadas fundas na terra; a vida em Alaranil, exalava do contorno de suas formas um fluxo ascendente que volitava na luz e repercutia na criatividade, insuflando-a com o hálito da elegância.

Praticamente toda a superfície do excêntrico planeta era coberto por mar, do qual o levitate desprendia alguns blocos enormes contendo o substrato necessário a plantas e animais.

Há três aglomerados desses 'continentes ilhas'. Cada qual é regido por um grupo de sete indivíduos, chamado Pleidiana.

Em um desses agregados, situa-se a Dhea e a Academia de Ehtra do planeta, incluindo sua principal cidade.

Esses blocos possuem tamanhos variados e ficam localizados em níveis diferentes da atmosfera do planeta. O menor deles, e portanto o mais elevado, fica no centro, em volta do qual todos os demais pairam. Esse sutil movimento, tornava o lugar um labirinto em meio à névoa. Seria muito fácil perder o senso de direção, não sendo um de seus habitantes nativos.


Assim sendo, as formas de vida deste mundo eram seres predominantemente alados. Suas formas, comportamentos e funcionalidades variavam de acordo com a espécie, mas remetiam ao vôo. Entretanto, compartilhavam dos mesmos traços exóticos, e quase sempre exibindo tons na escala cromática do azul. Estas características em comum foram as referências que determinaram o nome do planeta. Por sua vez, as espécies nativas eram chamadas de alaranis. Havia neste curioso planeta uma quantidade exuberante de formas orgânicas, cuja classificação às vezes tornava-se um desafio. Pois haviam animais semelhantes a plantas e cogumelos, como também o inverso. Essa mistura proporcionava uma profusão de propriedades nas espécies.


Para exemplificar, a lista consta de uma erva, cuja flor tem a capacidade de emitir algumas notas vocais que a fazem parecer cantar, proporcionais ao estímulo. Outra planta possui frutos e flores capazes de transfigurar outras formas de vida, como alterar cores, anatomia e até proporções. Seus frutos são azuis, como quase todas as outras coisas de Alaranil. Esta já é bem conhecida pela minoria dos habitantes de Aleph, porém, mal preconcebida pela maioria.

Dentre os animais, há uma categoria que se destaca notavelmente, devido a uma característica ímpar que não ocorria nos animais comuns. Os Gutus, como foram chamados, detém um sistema de comunicação altamente complexo: um bulbo brilhante pendurado por um filamento no alto da cabeça. Mas diferente dos peixes abissais da Terra, que emitiam luz, esses bulbos emitem e interpretam sons. É um mecanismo que une as funcionalidades de um conversor de vozes e um sonar. Esse orgão permite-lhes não só interpretar, mas reproduzir o idioma que ouvissem. Além de captarem ondas sonoras, de baixa e alta frequência, conseguem também perceber sutis oscilações nas faculdades mentais e emocionais de um ser vivo. Por esse especial motivo receberam a classificação de Gutus, e são altamente estimados pelos humanos alaranis.


Alaranil começou sendo regido por um indivíduo franzino, mas de porte nobre, chamado Hélyx. Juntamente com sua esposa Cályx, foram os primeiros humanos ativos de Alar. Portanto, tornaram-se também os primeiros rei e rainha.

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