As cinco gerações em Jugend

1 0 0
                                    


O velho mendigo, no fim das contas, não era um, mas dois. Vestindo roupas idênticas e de aparência proporcionalmente iguais.

_ Não tenham medo! Eu sou da Resistência. Me chamo Avalon, e esse é meu irmão Dylan. Nos sigam, por favor.

A turminha não viu outras opções, a não ser acompanhar aqueles estranhos ou se entregarem a Calíodo e Azraq. A primeira opção dava margens para um possível escape. Todavia, isso não foi preciso, pois enquanto voltavam pelo imenso túnel, Dylan e Avalon explicavam a eles os detalhes que faltavam.

_ Quer dizer que vocês estavam disfarçados, com o propósito de vigiar Azraq?_ pergunta Dimitri.

_ Sim. Fazíamos revezamento, entre Haujam, Kayolius e Wolframia, com o auxílio do Coração de Urso _ explica Avalon.

— Quem? — indaga Xainã.

— São cinco irmãos, membros da Resistência: inseparáveis, tanto fisicamente, quanto emocionalmente — explica Dylan.

— Vovó me falou sobre eles. Não vejo a hora de conhecê-los — expressa Dimitri.

_ Uma curiosidade: o que aconteceu a Bartolomeu, de fato? O povo de Haujam disse que ele foi encontrado morto ao lado poço. Daí surgiram as histórias de seres macabros que moravam nos poços e levavam as pessoas para o centro do mundo._ aborda Timóteo.

_ E você acredita nessas histórias?_ Dylan perguntou com completo desprezo pela credulidade infantil das pessoas de Haujan.

_ Claro que não. Se eu acreditasse, nem chegaria perto desses poços, muito menos passar a noite andando dentro deles._ responde Timóteo, com descaso.

_ Bem… sobre a causa da morte de Bartolomeu, eu não sei. O que sabemos é que ele podia estar intermediando informações entre Azraq e Haujam, esse por sua vez, as levava ao rei._ esclarece Avalon.

_ Eu sei como ele morreu._ revela inesperadamente, a preguiça.

Todos, inclusive Dylan e Avalon, se viraram bruscamente para ter certeza de quem tinha falado. Eles não disseram nada, só fizeram cara de menino com fome, esperando a mãe dar a comida.

_ Azraq o matou._ diz o enorme Gutu.

Eles tinham aberto a boca da curiosidade, porém, não para uma colherada desse tamanho. Quase entalaram.

_ Como você sabe disso?_ pergunta Avalon, com espanto na voz.

_ Eu estava presente. Demétrio tinha vindo me matar, conforme Azraq havia ordenado. Contudo ele não conseguiu e acabou desistindo. Ele estava prestes a me soltar, quando Azraq apareceu. Eles discutiram. Bartolomeu disse que não queria mais fazer aquilo: trair a Resistência. Afirmou que matar já era demais. Azaraq gritou e insultou ele de vários nomes, chegando a agredi-lo. Azraq falava, aos berros: "Seu energúmeno! O que acha que essa bomba que estamos construindo irá fazer? Plantar flores e árvores? Se acostume a ver pessoas morrendo, seu fracote." Demétrio repetiu que não queria mais participar daquilo, mas que não denunciaria eles à Resistência. Daí, Azraq nem esperou para ouvir mais, ele acertou Demétrio na cabeça, com um bloco de levitate. Depois desferiu golpes em todo o seu corpo, simulando garras com o levitate. Em seguida ele olha pra mim e diz que eu seria o próximo. Mas eu consegui fugir dele. Fiquei escondido nas montanhas por dois anos. Eu não podia aparecer a ninguém, nem tive coragem de voltar para a Resistência, por vergonha. Nesse meio tempo ele acabou me achando. Porém, Calíodo pediu que me deixasse vivo até terminar as escavações. Eles me drogavam para que realizasse o trabalho. No entanto, verdadeiro objetivo do rei era me usar para apavorar os moradores. Eles faziam eu sair dopado à noite, fazendo aparições a alguns que se aventurassem fora da vila. A morte daqueles animais não foi inventada. Fui eu que os matei. Calíodo dava um jeito para que me vissem na cena do crime, porém, em meio às sombras da noite e das nevascas.

A Noz DouradaOnde histórias criam vida. Descubra agora