A Noz Dourada

Maana e as doces perspectivas

Deus e sua obra

Estavam realmente em circunstâncias tais como Dheam as descreveu. A areia alvíssima e macia abria alas para um horizonte de águas razoavelmente calmas, crispadas somente por ondas atrevidas que vinham desabrochar em cachos de espuma.

— Que presente de noivado mais propício, hein? — comenta Adain, já sem um pingo de embaraço.

Ele imitou bem o abraço quente e acolhedor da paisagem, pois já aninhava Meala em seus braços.

— Onde estão as pessoas? — indaga Inia.

— Atrás de nós — respondeu o lobo branco de Adain.

Os Gutus, como devia-se esperar, detectaram o mínimo sinal de comunicação.

— As habitações dos maanenses são à maneira do povo de Morion, ou seja, incrustadas nas rochas de calcário — explica Dheam.

— Imagino que deva ser escuro e úmido. _ fala Adain.

— Engana-se, meu amigo. A casa de Morion, por exemplo, é aconchegante e muito arejada — defende Hima.

— O amadurecimento da Dhea de Maana também vai demorar milhões de anos? — interroga Ilméria.

— Sim — diz Dheam, secamente.

— Por quê? — Cauã fica curioso.

— Quero lhes falar algo sério — ao dizer isso, a turma inteira fica tensa. —A ejeção da Noz Dourada não depende exclusivamente do amadurecimento do planeta ou da Dhea, mas das estrelas que projetarão a Noz.

Dheam já esperava que eles reagissem com aquelas caras de imcompreensão. O único que deduziu o motivo foi Hazim.

— Propulsoras do elos.

— Excelente raciocínio, Hazim. É justamente isso. Ehtra é que escolhe as estrelas canditadas para serem esses propulsores. É de se esperar que sejam estrelas gigantes. E em uma distância segura.

No meio da explicação, Yo e Higgs aparecem, na presença de um homem modestamente trajado, mas com estilo próprio.

— Saudações, meu príncipe! — cumprimenta o homem.

— Muito feliz em vê-lo também, irmão._ responde Dheam.

— Tudo ordeiro em Aleph?

— Não tudo. Foi bom que você tenha tocado no assunto. Quero lhe apresentar nosso seleto grupo. Esses jovens são de confiança. Esta moça que aqui está, é a atual rainha de Aleph. Seu nome é Ilméria. E esses são seus irmãos — Dheam faz a apresentação de todos, citando um a um por nome. — Eu gostaria muito que em épocas futuras, caso alguma eventualidade ocorra, que possam acolhê-los.

— Já fazem parte de nossa família — diz o maioral.

— Qual o nome do senhor? — pergunta Ilméria.

— Kai.

— Oceano — traduz Ilmo.

Cauã, assim como outros dos amigos, não parava de olhar para o corpo celeste azulado que acenava de longe.

— Senhor Kai, a estrela de Alaranil também é azul. Por causa disso há trajes especiais para proteger contra a radiação ultravioleta. As roupas são produzidas por uma criatura chamada tardígrado. Isso acontece aqui também? — interroga Cauã.

_ Sim. E nós também temos roupas apropriadas que combinam a seda do tardígrado com a composição de algas marinhas — responde Kai.

— Aqui também existem tardígrados? — Allam fica surpreso.