Retorno ao Éden

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Infelizmente, quando as esposas retornam à cabana de Cauabori e vão chamar Dona Gavita para ficar com elas, encontram algumas cartas na varanda. A notícia era de pesar e a mesma em cada correspondência: Gavita havia falecido.

- Meu Deus! - exclama Townessi, pondo a mão na boca e agarrando-se à Estese.

- Pobrezinho! Meu Deus! Como daremos essa notícia ao Andrey.

Adhara ouviu o telefone tocando dentro da casa e rapidamente pega as chaves que Andrey havia lhe entregado.

Ela corre e atende o telefonema a tempo.

- Sim. Exato. Não. Sou esposa de um membro da família dele. Pode falar - Adhara fazia cara de quem estava controlada, mas a intuição das outras mulheres viam apreensão exalando dela.

Após terminar a ligação, Adhara relata:

- Mais uma epidemia está se espalhando pelo mundo. O local onde moravam os parentes de Gavita foi seriamente contagiado. De um dia para o outro morreram pessoas numa quantidade assustadora. Tanto Gavita quanto os parentes contraíram a doença e morreram.

Andrey entrou em desespero, querendo pôr fim à própria vida. Ele berrava de um jeito assombroso, pondo a culpa em Deus enquanto apontava para o céu. Em meio às imprecações e injúrias, ele protestava que só queria uma vida normal, com pai e mãe como todo mundo.

- O Senhor gosta de ver anormalidades, não é? Pois eu serei o anormal que as circunstâncias que Tu permitiu me transformaram. Vou atrás do que eu sempre quis. Serei o que eu quiser. E se Tu não está gostando do modo como Eu farei as coisas, então ASSUMA O CONTROLE E FAÇA O SENHOR MESMO DO JEITO QUE DESEJA! - ele esbravejava a plenos pulmões.

Cauabori não ouviu e presenciou a comoção do rapaz, sem sentir-se destroçado por dentro. A dor que carregou todos esses anos pela morte de Azraq, vieram novamente como a erupção de um vulcão adormecido.

Em vista disso, ele se arremessa aos pés de Andrey, suplicando que não o deixasse.

- Venha comigo. Deixe-me ser seu pai! Deixe-me dar o amor que rasga e dilacera o meu peito. Eu te imploro, Andrey! Eu te amo, meu filho! Eu te amo! Acolhe o amor desamparado desse pai. Permite meu desejo desesperador! Eu te amo, Andrey.

Por mais que a Natureza boa e gentil nos estenda sempre palmas de beleza, nós a retribuímos com ingratidão e desprezo. Apesar disso, ela nunca se cansa de nos dar as mesmas flores e graças.

Os apelos de Cauabori e da família não surtiram resultados. Andrey quis viver do seu jeito.

Certo dia Cauã e Townessi saíram para as aulas. Enquanto isso, Saiph havia ficado e acaba escutando barulhos de cantoria e gargalhadas na casa de Andrey. Ele costumava chamar os amigos para lhe fazerem companhia.

Passadas algumas horas, tudo fica silencioso de repente. Saiph estranha e decide averiguar. Ele encontra a casa escancarada. Entra apressado, procurando pelo irmão, mas vê apenas latas de cerveja e muita bagunça no chão. Não havia sinal de Andrey ou qualquer de seus amigos.

Preocupado, Saiph chama o seu Gutu. Ele era um urso comum, sem asas, um dos filhotes de Oby. O urso segue o cheiro recente que tinham deixado.

- Andrey não está nada bem - avisa o Gutu.

Saiph acelera o passo. Após caminharem um trecho razoável no bosque, deparam-se com uma cena deplorável. Os amigos de Andrey o violentavam, rasgando suas roupas e agredindo-o com empurrões e tapas. O Gutu ergue-se nas patas traseiras e avança rugindo para eles. Eles correm apavorados, deixando o pobre Andrey estirado. Saphir pega-o pelos braços.

A Noz DouradaOnde histórias criam vida. Descubra agora