Os lares da Resistência

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O Tulu-Tulói



A noite estava tranquila, com o ronco dos ventos ruflando fora do dirigível. Os garotos foram para o quarto de Yohan e Saphir. Eles ainda conversaram um pouco e jogaram cartas antes de sentirem sono. Visto que a educação que recebiam desde cedo era bastante eficaz e aplicada com igual eficiência, os pais confiavam que as moças e os rapazes passassem momentos juntos, mesmo que fosse no mesmo quarto. Os jovens, por sua vez, nunca decepcionavam aqueles a quem tanto amavam, e por quem sentiam-se gratos pela liberdade e confiança que lhes dispensavam.

Eles abordaram diversos assuntos, desde dinossauros, plantas, música e poesia. Até que os gêmeos, só então atinaram para o fato de ainda não terem interrogado sobre a identidade dos Gutus de seus novos amigos.

_ Meu Deus! Como eu pude ser tão relapsa a esse detalhe... Onde estão seus Gutus? Eu adoraria vê-los.

_ Os nossos devem estar no quarto, não é Rhavi?_ fala Turi.

_ Sim. São dorminhocos. Na verdade, boa parte dos Gutus de nossos pais ficam nos quartos dormindo ou em suas castanhas._ diz Rhavi.

_ E como eles são? Os seus Gutus?_ pergunta Jamil.

_ O meu é um feneco azul, com asas de morcego e o de Rhavi é uma doninha branca, com asas de efeméride pluma._ descreve Turi.

_ Vou lá chamá-los._ candidata-se Rhavi.

_ E os de vocês?

Yohan e Saphir se levantam para procurar os seus Gutus.

_ Ah! Está bem aí do seu lado. Não é uma almofada. É o fofo do Saph. Acorda, minha coisa 'Gutusa'.

O volume felpudo estremece e desenrola, mostrando as longas orelhas com membranas rosadas. Saph era um coelho branco.

_ Muito fofo! Muito fofo. Posso abraçar você?_ Jamile se assustou de início, mas logo se derrete toda.

Yohan continuava vasculhando o quarto à procura do Gutu: na cômoda, no banheiro, debaixo das camas. Porém foi encontrá-lo dentro do guarda-roupas. Era um morcego azul do tamanho de um gato.

_ Esse é Han._ disse Yohan, com o Gutu pendurado em suas costas e esfregando a cabeça em seu pescoço.

Àquela altura, Rhavi voltava, ladeado por um feneco e com uma doninha nos braços a esfregar-lhe carinhosamente. Os gêmeos não paravam de acariciar Saph e Han, deitados em cima da cama. Agora apertavam e alisavam os dois que tinham acabado de subir no colchão. Jamile e Jamil não viam a hora de poderem descobrir qual Gutu dividiria o mesmo coração com eles.

Sobretudo, um assunto que inquietava os dois era a responsabilidade de emitir a Noz Dourada e as consequências que isso representava.

_ Então, depois que comermos o fruto, deveremos pôr a Noz em um ejetor? É isso?_ certifica-se Jamile.

_ Sim. Depois que vocês dois e os demais puserem a Noz, vamos assistir Ehtra direcionando o objeto cósmico em direção à estrela Betelgeuse, para depois ser impulsionada para a extremidade da Via-Láctea, em um ponto predeterminado, onde ela formará o quinto Elo do Escudo._ explana Turi.

_ Espera aí! Você não disse que haveria outros. Quem serão eles?_ pergunta Jamil.

_ Nossos pais não quiseram nos dizer. Dizem que é segredo absoluto._ Rhavi responde, fazendo tom de mistério.

_ Você disse que será a Betelgeuse?_ Jamile quis confirmar.

_ Correto._ diz Turi.

Jamil nota que Saphir estava calado, por isso faz um comentário sobre o jeito pensativo e cabisbaixo dele.

A Noz DouradaOnde histórias criam vida. Descubra agora