"...Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu. "
- Carlos Drummond de Andrade
***
- AH EU NÃO AGUENTO MAIS! - Chorava enquanto Emily jogava minhas roupas em uma mala.
- Você não vai voltar rastejando para ele! - Ela grita e fecha uma mala, começando a preparar outra.
- MAS EU O AMO! NÃO QUERO IR MAIS. - Fiz bico, mas acabei entrando no carro.
- Meu deus! - Ela resmungou. - As vezes eu penso que eu é que sou a irmã mais velha.
Mostrei a ela meu mais lindo dedo do meio - o da mão esquerda, porque eu acho que meu dedo do meio da mão direita é meio torto, mas isso não vem ao caso.
- Só entre na droga do avião, okay meu amor. - Minha mãe disse, já exausta enquanto uma voz irritante anunciava o meu voo para aquela cidadezinha chamada Miway Park.
Me perguntava o que um médico renomado - supostamente o melhor dos melhores dos EUA - estava fazendo em um lugar tão... Deserto.
Me dirigia sem alguma vontade ao avião que me levaria á um lugar novo, longe de tudo e de todos, quando ouvi um grito.
- Selenia! - Me virei rapidamente e não pude esconder o desapontamento.
Não. Não era Tate, era apenas um cara bonitinho com um terno preto e um comunicador em seu ouvido.
- Sua mãe pediu para lhe entregar sua bolsa. - Ele me estendeu a pequena bolsa e eu sorri para ele.
Depois de agradecer, entrei no avião e me acomodei no banco próximo a janela.
"Você não pode chorar, certo, Selly?"
E fiz questão de engolir as lágrimas. Respirei fundo e olhei para fora, acompanhando a decolagem.
Bom, esses momentos narrados, foram os melhores que eu tive. Daí para frente, minha suposta sorte, começou a falhar.
Perdi a conta de quantas vezes minha mãe disse que eu sentiria calor, vindo de blusa, então, por sua culpa e de Emily, eu coloquei um vestido- Que não combinava nada com o meu estado de espirito - e sandálias com salto moderado.
Acontece que elas estavam redondamente enganadas.
Ao chegar ao pequeno aeroporto de MP (Miway Park) eu sentia que iria congelar.
Para piorar minha situação, minhas malas foram pegas por engano e eu não fazia ideia do paradeiro delas. Ou seja, sem a possibilidade de conseguir um agasalho.
Andei pelas ruas mal construídas daquele lugar e tentei chamar um taxi umas mil vezes, mas o máximo que consegui foi quase ter meu braço separado do resto do meu humilde corpo.
É. Nem todo lugar é New York.
Ri fraco sentindo meus olhos marejarem.
Sabe quando você se sente mal?
Quando você já não está bem e as coisas começam a dar errado e então qualquer ciosa vira motivo para se trancar no quarto e nunca mais abrir a porta?
O único problema é que eu estava na rua.
Com frio.
Só com a roupa do corpo.
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Amável
RomanceLovely Crixus Conahan era o melhor dos melhores médicos dos Estados Unidos, residia atualmente em Miway Park. Ele nunca havia perdido nenhum paciente, até ele precisar. Sua esposa, Ava, teve uma doença extremamente perigosa e precisava desesperadam...