Amável

Preconceitos

"Os preconceitos são a razão dos imbecis."

- Voltaire

- Desculpe-me, senhor Lewis, eu realmente não esperava causar essa primeira impressão. – Cocei a cabeça leve, sentindo-a latejar.

Meus ferimentos não foram tão graves, eu só consegui a façanha de quebrar uma costela, torcer meu pé e ralar boa parte da minha cara...Quer dizer, rosto.

Se minha mãe estivesse aqui ela provavelmente diria "Quem tem cara é cavalo!".

Eu estava na sala grande do diretor do hospital Miway Medicine, David Lewis.

Ele era um belo homem, não chegava a ser nenhum Brad Pitt, mas era bonito.

Ao contrário do tal Conahan.

Se eu tivesse que descrevê-lo em três palavras, duas delas seriam: lindo, e maravilhoso. Ficaria em dúvida se a terceira palavra seria um elogio o um xingamento.

Ele se encontrava á minha direita enquanto David estava em frente a mim.

- Não há problema, Selenia. – Ele ri fraco. – Garanto que só tive impressões boas de você.

Vi Conahan encarar seu chefe boquiaberto, e eu apostaria mil dólares que ele pensou o mesmo que eu.

"Flertando assim? Na cara larga?!"

- Bom... – Limpei a garganta. – Antes de eu ir, gostaria de saber quando eu começo, de que setor farei parte, qual será especificamente meu trabalho aqui, quanto será o meu salário e...

- Acho que ele já entendeu. – Conahan disse, revirando os olhos.

- Bom, meu chefe não pôde me explicar muito... – Justifiquei-me.

David assentiu.

- Você será a sombra do Dr. Crixus, fará o que ele mandar e o corrigirá quando ele falhar com o protocolo, será sua consciência. Você pode começar quando se recuperar do acidente. – Ele sorri carinhosamente. – Seu salário ainda está sendo discutido, mas o valor é de no mínimo oito mil dólares.

- Meu deus, eu farei parte da segurança do Barak Obama? – Brinquei.

- Você está trabalhando com o melhor dos melhores? – Crixus sorriu de lado.

- Se você fosse o melhor dos melhores, eu não estaria bancando a babá... – Cantei.

- Olha aqui sua patricinha do Acre eu...

- CHEGA. – David disse alto e nós paramos para lhe dar atenção. – Crixus, leve a senhorita Bryce até sua casa, não queremos que aconteça outro acidente com o táxi. – Ele pediu e Crixus assentiu, bufando.

- Não precisa, mesmo, eu prefiro ir a pé, caminhar é super divertido. – Sorri tentando ser convincente.

Quem acha que caminhar é divertido?

- Eu a levo, Lewis. – Ele disse apenas. Deixando mais claro que o Michael Jackson que ele não estava contente com isso.

- Eu realmente não preciso da sua carona. – Disse enquanto caminhávamos para fora do hospital.

Minha costela doía.

Mas algo me impedia de sequer suspirar de dor.

Eu chamo de princípios, mas vocês devem conhecer como orgulho.

 - Você ouviu o chefe, supervisora, você não está saindo sem mim.

- Que ótimo! – Pensei alto.