Amável

Dias melhores

"Tudo é possível, é só você querer.Dias melhores virão,melhores em tudo."

- Jota Quest

" Caminhava apreensiva, tomando cuidado com alguns galhos ao chão, chegando enfim á clareira, perto do riacho da fazenda, onde costumávamos ficar juntos. A beleza do lugar, a harmonia entre as cores, apesar do imenso contraste simplesmente prendia-nos.

Nosso lugar.

Precisava dizer a ele que tudo aquilo era mentira.

Que eu nunca o trairia, mas parte de mim acredita piamente que ele deveria saber.

Deveria acreditar em mim.

Percebo então que as malditas expectativas voltavam ao meu pensamento. Quantas vezes a vida poderia me dar uma rasteira para me ensinar a esperar o mínimo, de quem quer que seja.

O vejo em frente ao riacho e me sento ao seu lado. Sinto meu coração batendo descompensado. Sentia medo de que ele se afastasse, mas não o faz.

- Porque? - Ele pergunta. - Eu não fui bom o suficiente? - Eu não tenho tempo de responder. - Você nunca me amou não é? - Ele suspira.

- Eu não te traí. - Eu digo, aumentando o tom de voz. - Eu nunca o faria.

- MENTIRA!

Ele acerta uma de minhas faces com as costas da mão, em um momento de fúria.

Por que era tão difícil, acreditar em mim?

- Me desculpe. - Ele tenta se aproximar, percebendo seu erro, mas me afasto. Horrorizada.

- Não me toque. - Sussurro, abraçando a mim mesma.

- Perdoe-me, Selly - Ele agarra meu pulso, forçando-me a ficar perto. - Eu só estou tentando te entender.

- Não há nada para entender. - Retruco, soltando-me de seu aperto.

- Eu vou te perdoar, você só precisa dizer a verdade. - Meus olhos se enchem de lágrimas.

- Você acredita nela mais do que em mim. - Eu grito. - Então fique com ela! - Exclamo.

- Eu estou tentando, Selly, estou tentando! - Ele chora. - Eu quero acreditar em você, mas não consigo. Ela tem provas.

- É claro que ela tem. - Grito, totalmente fora do meu juízo normal. - Ele me beijou a força.

- Você me ama? - Ele pergunta.

Hurensohn!¹ Exclamo mentalmente em alemão - Mania irreparável que adquiri nos anos de convivência com a minha adorável, porém enxerida mãe.

Ele sabe como me sinto sobre isso.

- Eu não posso te dizer isso. - choro. - Você sabe.

Ele faz menção de se afastar, mas eu o puxo, selando nossos lábios.

- Mas eu amo quando você me beija. - O beijo de novo. - Eu amo estar em seus braços, você me conforta, eu me sinto segura com você. - Ele aperta minha cintura e se entrega ao beijo, por um breve momento.

- Eu te amo. - Ele diz e olha para o chão. - Mas eu me amo, também.

Ele se solta de mim e vai embora, deixando-me sozinha.

***

- Filha. - Escuto a voz de minha mãe e acordo abruptamente.

As imagens de semana passada estavam ainda fortes, em minha memória.