Amável

Não aceito (Parte final)

- Da pra fazer menos barulho?  - Escuto uma voz e abro meus olhos preguiçosamente. 

me aconchego mais ao travesseiro ao meu lado e... Espera.

Travesseiro? 

Levanto-me e busco o corpo pequeno de minha supervisora em algum canto do quarto, mas não a encontro, me levanto e vou até a cozinha, suspirando aliviado ao vê-la ali, tomando café, com uma mala ao lado do balcão... Espera?

Malas?

- Você... Vai embora? – Perguntei engolindo seco e ela desviou o olhar de mim.

- Meus pais decidiram voltar para casa hoje, então eu vou com eles, aqui não tem nada pra mim.

- Como não, vai fingir que eu não existo?

- Se eu conseguisse. – Ela suspira. – Mas por quanto tempo você iria existir na minha vida?

Ela me interrompeu antes que eu pudesse responder.

- Eu prefiro não tentar imaginar. – Ela se aproximou. – Eu não sirvo pra suas aventuras Conahan, eu achei que sim, mas me enganei. Eu não consigo não me apegar, e eu já desisti de tentar não me apaixonar por você. – Ela olhou para os próprios pés. – Eu não sei se vou ser feliz com Tate, - Travo meu maxilar ao ouvir o nome desse filho da puta – mas eu sei que ele quer me fazer feliz, ele se importa e...

- EU ME IMPORTO TAMBÉM! – Grito, passando as mãos pelos cabelos.

- Ele demonstra.

- Ah quer saber, vai. – Disse com raiva. – Já cansei dessa merda. Eu não sou o seu ex namorado mauricinho, eu não sou como ele e nem desejo ser. Se você quer me transformar nele então faz bem em voltar atrás.

- Eu nunca quis te...

- Não parece, eu tenho que demonstrar mais, tenho que querer casar, tenho que querer planejar as coisas, tenho que ser mais isso mais aquilo, ser mais o Tate e menos o Crixus, isso não vai rolar gatinha.

- Você é um cretino, Crixus Conahan. – Ela virou as costas e saiu pela porta, me deixando sozinho.

- Isso. Agora me deixa falando sozinho. É mais fácil. – Gritei e soquei a porta, agora fechada. – Eu estou apaixonado por você, porra. – Sussurro. – Será que é tão difícil ver?

Sento-me no sofá e respiro fundo.

Só de pensar que não vou ter mais seu perfume por perto, já fica difícil de engolir sua ida.

Mas ela quer aquele Zé ruela traidor...

Seu sorriso me vem à cabeça.

Ela era tão linda, tão minha. E eu a deixei ir.

"quem ama liberta..."

Quem inventou essa merda de frase?

Quem ama segura e não solta nunca mais. Quem ama prende pelos cabelos e não a deixa ir.

Quem ama põe fogo no ex namorado dela. Quem ama diz que ama, primeiramente.

Merda.

Eu sou um grande bosta.

E agora não vou ter mais seu sorriso e nem seu gênio irritantemente irresistível.

Nem seus olhares de preocupação e...

É ISSO?!

Se eu a fizer ficar preocupada, ela não irá embora.

Tudo bem, eu sou um gênio. Admitam leitores.

Ela não vai embora.

Eu não aceito.

Selenia Bryce

- Vai ser muito bom te ter conosco novamente, filha. – Minha mãe dizia animada. – Sua irmã está com saudades.

Não me dava o trabalho de responder.

Minha concentração estava toda em não chorar na frente dos meus pais e Tate.

Ele segurava minha mão mesmo eu já a tendo puxado várias vezes de seu aperto.

Eu não queria ir embora, mas não queria ficar mais em uma coisa que não ia a lugar algum.

Eu não suportaria vê-lo me abandonar depois. Meu coração já estava quebrado, eu não aguentaria outra rachadura.

- Ei bombonzinho, chegamos. – Tate me chama e eu saio do carro, seguindo todos para dentro do aeroporto.

É isso ai. Agora não tem mais volta.

Meu celular toca.

Pego e vejo "numero desconhecido" escrito na tela.

- Alô?

- Selly... – Escutei meu médico.

- Crixus eu tenho que entrar no avião...

- Eu não estou me sentindo bem. – Ele declarou.

Sua voz estava estranha.

- Crixus, chega de brincar, você estava ótimo segundos atrás.

- Eu acordei com uma dor de cabeça e ignorei, mas agora está pior, eu... tudo bem, eu me viro.

- Crixus, eu vou ligar para Jheniffer, ela vai te ajudar.

- Eu não preciso, boa viagem... espero... cof cof... Que você seja...

- Crixus? – A linha ficou muda.

- Crixus! Pare já com isso.

Nada.

- Crixus!!!

" 5 minutos para o voo destinado á Minas Gerais"

Puta que pariu! CRIXUS!

- Mãe, eu vou ficar. – Peguei minha mala.

- Mas filha...

- Eu nunca quis ir mãe, eu te amo, mas vou voltar pro meu namorado. – Disse e nem tive coragem para falar com Tate, que me olhava surpreso.

- O que ele tem, que eu não tenho. – O ouvi perguntar, enquanto eu caminhava rapidamente para o ponto de táxi.

- Meu coração. Infelizmente.