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Dear Rose 7

A morte do que restava de mim

Acordei bem disposta, e meio ansiosa para o colégio.

Tinha medo de como seriam as coisas lá, tinha medo que a Melody tentasse fazer algo contra a Sophie.

Cogitei até a ideia de me ausentar, mas eu não o faria. Principalmente na segunda-feira, que teria aula de literatura.

— Conheci os novos vizinhos — mamãe comentou se sentando ao meu lado no sofá.

— Novos vizinhos? — questionei confusa.

— Em que mundo você vive Rose?! — ela questionou espantada me arrancando uma risada.

As vezes parecia que tínhamos a mesma idade, ou que eu era a mais velha.

— Lembro que antes do início das aulas eu e a Soph vimos um caminhão de mudanças , mas nunca vi ninguém lá. — comentei — Nunca prestei atenção — fiz uma careta deitando minha cabeça nas pernas da minha mãe.

— Família Hernández — falou começando a fazer movimentos ternos em meu cabelo.

Hernández

Alguma coisa me dizia que eu já tinha ouvido esse sobrenome em algum lugar, mas não lembrava de onde.

— Eles viviam na Colômbia , mas mudaram para cá porque o senhor Erick foi transferido . Têm dois filhos, uma pré adolescente encantadora e um garoto da sua idade — contou demonstrando entusiasmo.

— E eles são simpáticos? — perguntei curiosa.

— Bom, todos eles são. Todos menos o filho mais velho , mas acredito que deve ser da idade — respondeu e como resposta fiz uma careta involuntária enquanto encarava o teto.

— Só espero que eles não sejam como a senhora Martha — comentei mais como se fosse um pedido.

Eu gostava da senhora Martha, era legal ir para casa dela e degustar de todos os doces que ela fazia. As comidas deliciosas, vestir os casacos de linho e sisal que ela fazia – mesmo reclamando da alergia que aquilo me causava – até as nossas conversas eram legais. Porém, as fofocas que ela fazia não eram apenas  fofocas, ela inventava histórias e espalhava de forma tão convincente que tinha gente que acreditava que tal coisa havia acontecido.

A outra era amar criticar , as vezes era tão chata que eu sentia imensa vontade de mandá-la para puta que pariu. Mas, meu senso sempre foi maior que minha rebeldia.

— Pelo que demonstraram até agora, eles são mais na deles.

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— Quer carona para o colégio? — Hudson questionou ao me ver já uniformizada, conversando com Jess.

David Hudson Hernández.

Pois é, ele é da família Hernández. E consequentemente é meu vizinho.

Nossa relação não mudou , quase nada. Claro que agora concordamos em alguns aspectos e conseguimos conversar por 2 minutos sem que alguém apele o sarcasmo, ironia, cinismo e deboche. Mas ainda assim, sinto vontade de socar o rosto dele a cada idiotice proferida

Olhei para o capacete preto que estava em suas mãos.

— Por acaso eu disse que estou a fim de morrer? — questionei sarcástica .

— Ah Rose! — Jess resmungou sorrindo — Você chegará a tempo da primeira aula se for com ele.

E na primeira aula terei literatura, que não posso perder de modo algum.

Dear RoseOnde histórias criam vida. Descubra agora