Sai de casa do mesmo jeito que cheguei, desvairada, até o porteiro se assustou comigo, não o culpo. Enquanto guardava minhas coisas Isabel confirmou tudo com Akagi e me passou todas as informações, incluindo telefone, senha da porta e endereço. Pedi um uber e fui o mais rápido que pude para o local informado. Até agora não entendi porque todo esse desespero para eu chegar na casa, eu não sou a escritora aqui, mas como ordem da chefe é lei, lá fui eu.
Era uma casa simples, antiga, com tijolinhos a vista e árvores e flores espalhadas por toda a entrada. A típica casa de vovó. A única coisa que lembrava que estavamos no século XXI era a porta eletrônica, bem estilo asiática. Interfonei umas 5 vezes, bati mais umas 3 e nada de resposta.
Isabel avisou que isso poderia acontecer, ele ficava em um quarto nos fundos da casa e normalmente estava com música ligada. Ela disse que eu poderia entrar e ir encontrá-lo, então foi o que fiz. Coloquei a senha, entrei, e assim que a porta se fechou atrás de mim um rapaz alto e descabelado passou na minha frente. Ele parou de costas pra mim, como se estivesse pensando se eu era algum tipo de miragem. Ele voltou de ré e me encarou com o cenho franzido.
- Oi! Me chamo Fernanda eu sou da agência...-
- O que você está fazendo aqui?- ele perguntou cada vez mais bravo pelo que parecia.
- Bom, era isso que eu iria terminar de falar quando você me interrompeu - falei com um pouco de desdém na voz. Garoto mal educado, hein? Ele levantou as sobrancelhas indicando que eu deveria terminar a explicação.
- Me chamo Fernanda e sou ajud.., sou editora da empresa Orbe. Você poderia me dizer onde posso encontrar o senhor Akagi? - ele franziu novamente o cenho e saiu murmurando.
- Ei garoto, você poderia ser mais educadinho, né?- escapou, eu sou um desastre com estresse nas costas. Na hora que falei já tampei a boca em choque com o que eu havia dito. O garoto, que devia ter na faixa de uns 25 ou mais se virou com um olhar de surpresa. Mesmo assim, voltou ao seu caminho depois de uns segundos me mirando.
- Me desculpe, eu não devia ter falado dessa forma, mas convenhamos, meu dia não foi dos melhores, tá tudo uma loucura e eu só estou tentando fazer meu trabalho, você poderia dizer ao senhor Akagi que estou aqui? - ele parou, me olhou e fez sinal com a cabeça indicando para segui-lo. Eu respirei de alívio e assim que dei o primeiro passo ele gritou:
- Tire os sapatos antes de entrar!
Ok, ok!
Além de ranzinza e mal educado ainda era grosso. Onde eu fui me meter?
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A um livro de distância
RomanceFernanda era uma editora de livros que não teve lá muita sorte desde que entrou na Orbe, a empresa mais badalada do país. Devido a um percauso ela teve uma oportunidade única que vai mudar sua vida de ponta cabeça. Um livro louco, divertido e cheio...