Capítulo 16

10 3 0
                                    

Eu conhecia um pouco o bairro, então fui me encaminhando para o parque mais próximo. Tudo ali era muito verde e florido.

Quando chegamos, Lucas mirava tudo com um olhar curioso e surpreso.

- Você não conhece nada por aqui, não é? - perguntei achando graça.

- Na verdade, desde que me mudei pra cá, mal saio de casa. Normalmente vou ao mercado mais próximo e quando quero, peço algumas coisas de casa mesmo.

- Esse bairro é muito bom, você devia sair para pegar sol, as vezes - ele não reparou, mas inúmeras mulheres o olharam com admiração exagerada, enquanto ele apenas olhava as árvores altas, muito provavelmente atrás de pássaros. Lembrei que aquele lugar possuía um aviário, e fui seguindo esse caminho.

- Chegamos - falei parando em frente a placa.

- NÃÃÃO! Tem isso aqui? Como não sabia?

- Talvez porque você parece um exilado? - ok, o contato funcionária-chefe já estava longe desde o primeiro momento, sejamos sinceros. Acho que meu jeito desleixada contribuiu para que isso se tornasse mais uma amizade que qualquer outra coisa.

Lucas me olhou divertido e entrou todo serelepe enquanto peguei o saco de petiscos que havia na entrada. Passamos por várias aves incríveis, enquanto ele ficava lendo admirado suas descrições e batia foto das aves para portfólio. Quando alimentamos algumas eu vi o sorriso mais fofo que esse homem poderia dar. No fim, a caminhada rendeu ideias para o livro, o que não me surpreende. Ele era uma máquina de criatividade.

Enquanto voltávamos por outro caminho, outro flash da noite passada me veio, nós dois cantando galinha pintadinha de braços dados pela rua. Em seguida nos olhamos rindo e foi quando nos beijamos. E não foi um beijinho xoxo, foi aquele beijo de desespero e corpos ardentes.

Travei na hora e Lucas me olhou.
- O que foi? - ele perguntou meio sem entender. Reparou muito provavelmente na cara que eu estava fazendo e percebeu na hora.

- Você teve outro flash, não é? Pode ir contando, não vou ficar a deriva sozinho - como eu ia contar isso pra ele? Olhei pra baixo e larguei assim, sem dó nem piedade, tirando o band aid de primeira.

- Estávamos cantando galinha pintadinha de braços dados por essa rua e nos beijamos loucamente depois de cair na gargalhada - olhei pra cima obviamente vermelha, ele me olhou por um instante e começou a rir descontrolado.

- Galinha pintadinha? De onde nós tiramos isso? - eu ri também, tentando esconder o nervoso, porque só eu sabia o que senti enquanto demos aquele beijo. E definitivamente não era algo que eu deveria sentir.

A um livro de distância Onde histórias criam vida. Descubra agora