Capítulo 44

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{{ ESTE CAPÍTULO CONTÉM GATILHOS. SE VOCÊ NÃO SE SENTE BEM COM ISSO, PULE-O}}

















De início tudo ok. Cenas nossas chegando e saindo. Dias com e sem álcool. Minhas bochechas coraram. Ele sorriu disfarçadamente e eu queria enfiar a cabeça em um buraco.

Nem lembrava que esse tipo de coisa iria aparecer. Após o terceiro dia, começamos a ver imagens suspeitas. Alguém de boné vinha até a porta e tentava por a senha. Meu coração gelou e Lucas ficou sério.

- Você conhece essa pessoa? - ele perguntou encarando a imagem.

- De boné não consigo ver seu rosto. Não posso confirmar - falei tentando disfarçar o nervoso que me fez começar a tremer novamente.

- Pela forma como olha para os lados, não deve querer ser visto.

Meu coração estava quase saindo pela boca quando eu o vi de relance. Era Rodrigo. Ele era tão estúpido que nem o aniversário da minha mãe ele sabia para entrar na casa. Namoramos anos e ele nem devia saber o nome do meu irmão, nem que comida eu gostava.

Era absurdo o tempo que me enganei com essa pessoa. Era absurdo o tempo, que me enganei e ponto. Mas o ódio se misturou com desespero.

- Ele me encontrou - eu disse sussurrando, mas Lucas me ouviu.

- Esse é o Rodrigo? Temos que ir a delegacia, Fernanda.

Antes mesmo de eu concordar vimos outra cena um pouco mais angustiante. Ele tentou arrombar a trava. Eu tinha reparado nos amassados, mas achei que fosse descuido de Felipe. Nunca me passou pela cabeça esse tipo de coisa. Achei que aqui estava a salvo.

- Esse homem é maluco! O que ele quer aqui?

- Provavelmente o mesmo que a outra vez. Por câmeras dentro de casa para me vigiar. Deixar cartas na porta dizendo o que estou fazendo e quando, pra me amedrontar e de alguma forma na sua estranha cabeça, acreditar que voltarei por esses motivos.

Então veio as imagens de hoje. Ele com mais alguém que conseguiu decodificar a porta. Ele entrou.

Seguimos para as imagens de dentro e vimos ele mexendo nas coisas. Azuki rosnou para ele como sempre fez, e se escondeu no quarto. Ele foi até meu quarto, cheirou minhas roupas. Vi ele levando uma peça e Lucas ficou cada vez mais tenso ao meu lado. Vimos onde as câmeras foram colocadas, e antes mesmo de a polícia vir, Lucas foi atrás de uma fita em cima do balcão e colocou em cada câmera, sem encostar nelas. Provavelmente para não perder digitais. Muito astuto de sua parte. Mente de escritor de crime habilitada com sucesso.

Eu tremia sem perceber. Como não estava sozinha, o medo não era tão grande agora. Mas saber que poderia estar em casa, que ele poderia ter entrado comigo aqui dentro, me destruía. A última vez que isso aconteceu meu corpo sentiu o encontro. Não só psicologicamente. Os hematomas demoraram 3 dias para sair. Foi quando Felipe decidiu vir morar comigo sem meu consentimento. Eu o entendo e agradeço por isso todos os dias.

Assim que a polícia chegou, Lucas tomou a frente e explicou todo o caso. A polícia levou as câmeras e mandaram eu ficar fora de casa em um local seguro por uns dias. Óbvio que o homem a minha frente nem pensou duas vezes em recolher as coisas de Azuki e minhas para por em seu carro.

- Você vai ficar comigo, sem discussão - ele falou com o telefone no ouvido.

- Felipe, é o Lucas. Rodrigo invadiu a casa, depois te dou mais detalhes. A polícia indicou ficar fora por uns dias. Estou levando Fernanda e Azuki pra minha casa. Ela está aberta para você também, caso não tenha pra onde ir - ele disse firme. Eu fiquei tão emocionada com sua atitude que não consegui dizer nada. Apenas sorri olhando pela janela da sala.

- Ok! Qualquer coisa me ligue. Ela está bem, um pouco abalada, obviamente, mas vou cuidar dela, fique tranquilo. Ok. Nos falamos mais tarde. Vou falar com meu advogado assim que chegarmos em casa, fique tranquilo - e assim a ligação terminou.

Quando olhei em seus olhos acredito que os meus estavam cheios de carinho e agradecimento, pois ele me abraçou, sorriu e disse:

- Eu sei, não precisa me dizer nada.

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