Capítulo 78

4 3 0
                                    

- Tenho muito o que te contar, é muita coisa pra absorver, então vamos por partes.

Ele me fitou com olhos arregalados enquanto bebia mais do seu café.

- Primeiro, porque não me falou das crises? Eu entenderia sem pestanejar. Fiquei tão desesperada, nem sei como sobrevivi sem um infarto.

- Me desculpe, eu realmente devia ter avisado você. Tudo estava tão bem, eu estava tendo uma vida normal novamente, não quis estragar tudo com esse tipo de assunto. Além do que, a correria com a produção do livro estava me tirando toda e qualquer atenção.

- Se estamos casados, e vamos realmente nos esforçar nessa relação,  acho que o mínimo é passarmos por esses momentos juntos. O que aconteceu com Rodrigo é um ótimo exemplo, não?

- Você está certa. Me desculpe. Não quis assusta-la.

- Ok, tópico dois. Esse é um pouquinho mais delicado. Tudo bem falarmos sobre o acidente? - perguntei preocupada com como ele reagiria.

- Está tudo bem, tirando as crises no local, eu juro que estou melhor sobre isso.

- Não quero me aprofundar no assunto para não trazer emoções ruins, então vou apenas contar e pronto - ele me olhou assustado.

- Quando esperávamos notícias suas na sala de emergência, entramos no assunto do acidente e descobrimos algo realmente peculiar.

- Me diga logo, estou começando a ficar preocupado - falou franzindo o senho, o que o deixou um pouco sexy. Eu devo estar ovulando, porque meu pai, o que está acontecendo comigo?

- Não é algo assim, é algo bom, e lindo na verdade. O homem que salvou você naquele dia, era meu pai - falei rápido antes de perder a coragem. Sei que esse dia deve ser desesperador para uma criança. A criança que ainda está dentro dele sofrendo uma perda. Não queria bombardea-lo com tantas coisas, mas sei que é o certo deixa-lo a par de tudo isso.

- O homem gentil que salvou minha vida era seu pai? - pude ver seus olhos começarem a marejar, a preocupação tomou conta de meu coração. Sua cabeça baixou e ele mirou o chão por um instante.

- O que está passando por essa sua cabeça descontrolada? Me diga!

- Eu realmente sinto muito, muito mesmo. Ele fez tanto por mim e você o perdeu por isso - quando terminou de falar ele me olhou e lágrimas correram em seu lindo rosto.

- Ele era assim, o homem de bom coração que salvava a todos. Você não sabe o sorriso que Lipe deu ao descobrir que era você quem papai tinha salvo. Imagina o quão gratificante é saber que ele deu a vida por alguém tão bom - um brilho de surpresa correu por seus olhos.

- Você não me odeia por isso? Como é possível?

- Você está brincando, não é? Óbvio que muitas das vezes, isso inclui momentos especiais, sinto um pouco de raiva do mundo por tê-lo tirado tão cedo de nós. Mas porque eu te odiaria? Nunca tivemos esse sentimento pela situação. Poderia ser qualquer pessoa lá, ele sempre se colocaria em perigo para ajudar.

Ele se levantou e me abraçou meio sem jeito por eu ainda estar sentada.

- Obrigada, obrigada por tudo.

Escutando suas lágrimas correrem e suas fungadas fofinhas, soube que nunca teria como ter ódio daquele homem doce a minha frente.

A um livro de distância Onde histórias criam vida. Descubra agora