Capítulo 13

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Acordei abraçada a algo quente, abri só um pouquinho os olhos e vi um cabelo preto revirado. Sorri, fechei novamente os olhos e murmurei:

- Você é tão quentinho Sr. Bluebarry - e então a enchurrada de informações veio a minha cabeça. Abri os olhos com tudo, e olhei de novo para aqueles cabelos bagunçados. O que é que Lucas estava fazendo na minha cama?

Olhei ao redor e outro baque. Eu nao estava no meu quarto. Eu nem sabia onde eu estava! Fui arregalando mais meus olhos com o desespero.

" - Por favor, eu não posso estar sem roupa, por favor..."

Eu olhei pra baixo dos lençóis devagar e as coisas só pioraram. Eu estava completamente sem roupa, abraçada a um homem também sem roupa, que era o escritor mais famoso da minha empresa.

MEU DEUS, O QUE EU FIZ? O QUE NÓS FIZEMOS? EU NÃO LEMBRO DE NADA!

Eu queria gritar, mas preferi não acordar Lucas nessa situação. Quando eu ia tentar sair de fininho e reformular o que aconteceu, Lucas se virou devagar com olhos fechados, me abraçou encostando nossas testas e disse:

- Você já acordou Sra. Blackberry? - ok, confesso que quase me deixei levar pelo clima da situação, ele era fofo, e sexy, e lindo, MAS MEU DEUS, EU IA SER DEMITIDA!

Porque eu não consigo ficar um dia se quer sem dar a chance de me demitirem? Saí do transe que era aquele homem, e fui saindo de fininho, até Lucas abrir o olhos e me olhar com dúvida. Acho que a enchurrada caiu ali também, porque ele acabou arregalando os olhos e também olhando pra baixo pra confirmar o que eu já sabia.

- Ahhhhh - ok, isso foi um pouco de mais né? Olhei com uma cara de, "sério mesmo"? E ele caiu da cama enrolado nos lençóis.

- Desculpa, eu me assustei um pouco com a situação - ele disse tentando se redimir pela cena ridícula.

- Se assustou pra caramba, hein? - falei também me enrolando no que sobrou do lençol.

- O que aconteceu afinal? Nossa, minha cabeça está doendo como se tivesse bebido - eu disse pondo a mão na cabeça e fechando os olhos.

- Agora que você falou, acho que bebemos mesmo!

Nos escaramos com olhos semi fechados, aquela situação onde você quer fazer o cérebro pegar no tranco sem muito sucesso.

- Eu só lembro que comentei que devíamos comemorar e saímos para comprar bebidas.

- Isso! Fomos até o mercado 24 horas, enchemos o carrinho. Falando nisso, fazia tempo que eu não saia de casa, foi legal...- ele falou pensativo, voando para outro assunto sem perceber.
Estalei o dedo perto do seu rosto e disse:

- Foco Lucas, foco! E depois? Você lembra de algo?

Ele me fitou com aqueles olhos brilhantes e disse:

- Nós fizemos uma festa? - bem assim, em modo pergunta, não resposta. Eu também não lembrava muito, mas acho que fizemos mesmo.

- Não comemos muito o dia todo, acho que isso nos deixou bêbados muito rápido. Mas como chegamos a isso? - apontei para nós dois.

- Eu não tenho ideia. Já tentei vasculhar minhas memórias mas nada. Ok, somos adultos, não adianta ficarmos remoendo isso. Não vamos deixar essa loucura afetar nosso trabalho, certo? - ele pareceu super maduro falando assim, e não um garoto que gritou e caiu da cama a 5 minutos atrás.

-  Então você não vai mandar Isabel me demitir? - falei meio receosa.

- Qual é o seu problema com ser demitida? Pare com isso! Até agora você fez um ótimo trabalho.. - ele me olhou ficando vermelho.

- Eu quis dizer, da idéia do livro, e do mural.. você entendeu, certo? - eu concordei com a cabeça sentindo minhas bochechas queimarem.

- Eu não lembro de muita coisa, mas tenho certeza que não fui obrigado a nada. Então vamos tentar seguir com os planos sobre a construção do livro e deixar essa história entre nós dois, ok? Nada de demissões nem situações desconfortáveis - ele disse esticando a mão para eu pegar como uma forma de acordo. Quando ele falava assim, eu apenas conseguia acreditar que tudo ficaria bem e que a palavra dele era lei, então segurei sua mão um pouco desengonçada, e senti um arrepio me passar pela nuca. Levantei os olhos das mãos para seu rosto e vi aqueles olhos cor de mel brilharem. SE CONTROLE MULHER, NADA MAIS DE SEXO POR HOJE.

Saímos do transe, soltamos as mãos e consegui acordar que sairia enrolada no lençol sem olhar para trás, mesmo a vontade sendo completamente o oposto.

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