Capítulo 68

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Boa parte da audiência senti seus olhos maldosos sobre mim, mas não ousei encará-lo nenhuma vez. Felipe ficava em uma posição que era difícil ter um vislumbre meu, e isso me deixou com aquela sensação de proteção de irmão ativada.

O advogado do energúmeno informou que ele se assumia culpado, todo um plano para conseguir um tempo menor de prisão. Mas não foi fácil para eles, pois o juiz além de refutar a medida restritiva, deu a ele a pena máxima de prisão por agressão e sequestro. Quinze anos seria o tempo que esse monstro ficaria atrás das grades.

Meu coração saltou de alívio após o anúncio. Meu irmão e minha cunhada, vulgo Gabriela, me abraçaram por muito tempo, e eu pude sentir as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Estava entusiasmada para contar a Lucas, ele vibraria ao saber.

Assim que saímos do julgamento recebi sua ligação.

- Me fala logo! Estou em desespero aqui! - disse ele sem nem esperar meu alô em resposta.

- Deu tudo certo. Ele foi condenado a 15 anos de prisão.

- Até que enfim!!

- Quando sair, a medida protetiva continua porém um pouco mais branda. Acho que ficaremos bem agora - falei respirando fundo com a paz que me rodeava.

- Estou indo te encontrar. Não saia daí antes de eu chegar. Hoje vamos comemorar com muito soju e saque pra ver em quais loucuras mais podemos nos meter - disse ele me fazendo rir alto.

- Estou em frente ao tribunal. Felipe e Gabi estão comigo, acho que teremos que levá-los junto nessa comemoração. Só vem com cuidado que aqui a chuva está bem forte.

- Não vejo problema nenhum em levá-l... - a voz dele parou de repente e eu achei estranho. Afastei o celular do ouvido para ter certeza que a ligação não havia caído.

- Lucas? Alô? - nesse instante eu ouvi um barulho alto. Meu coração começou a bater rápido. A ligação havia caído.
Felipe estava concentrado em mim e percebeu quando minha reação transpareceu que algo não ia bem.

- Nanda, o que foi? - perguntou já impaciente.

- Eu não sei. Estávamos conversando, e em um instante ouve um barulho e a ligação caiu. Será que ele está bem? - perguntei começando a sentir a paz que me consumia um minuto atrás, ir embora.

- Deve estar tudo bem. Vou ligar para ele - disse Felipe com uma tranquilidade falsa que tentou transparecer.

- Ele também não me atende.

Eu soube naquela hora que Lucas ia precisar de mim aonde quer que ele estivesse.

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