A um livro de distância

Capítulo 67

Depois do baque do começo do dia, tudo correu como deveria. Isabel passou por minha mesa perto das 16:00, estava se dirigindo para a noite de autógrafos.

- Fernanda, estou indo para a livraria organizar as coisas por lá. Tem certeza de que você vai ficar bem sem nossa presença na audiência? Não quer que eu vá te encontrar?

- Agradeço sua preocupação, mas Felipe vai comigo. Já falei pro Lucas que vou ficar bem. Não se preocupem.

- Eu também vou! Não esqueçam de mim! - disse Gabi gritando da sua mesa, nos fazendo lembrar que seus ouvidos eram biônicos.
Isabel revirou os olhos e mirou-os novamente em mim, com um ar de preocupação.

- Qualquer coisa você me liga?

- Pode deixar. Vou mantê-los informados. Bom evento pra vocês! - falei desferindo um tchauzinho em sua direção.

- Ela está se preocupando com a sobrinha querida - falou Gabi fazendo voz fofa e me assustando por não ter percebido sua chegada.

- Que susto, sua doida!

- Ok, nós vamos que horas?

- A audiência começa às 19:30. Ainda planejo ir em casa tomar um banho. Você obviamente vai a tira colo para ficar grudada no meu irmão até sairmos, certo?

- ÓBVIO! E mais, quero detalhes desse papo seu com o embuste. Agora nem vou poder mais criar um plano maléfico para acabar com a vida dele porque vocês viraram amiguinhos? Que porre!

- Para de ser chata que você vai amar sair com Otávio numa noite das meninas regada a álcool, que eu sei! Agora volta pro trabalho, e só me chama na hora porque tenho muita coisa pra fazer, não posso ficar de papo com você - falei voltando meus olhos para o computador.

- Velha ranzinza - disse ela baixinho me fazendo rir do quanto ela e Felipe eram parecidos.

Após as 18:00 fomos para casa, e eu já estava sendo bombardeada por mensagens e fotos de Lucas. Ele não era o único. Isabel me mantinha informada até se as mulheres davam cantadas nele. Foi muito divertido de se ver. Mas isso não me deixava mais calma, mesmo parecendo ser o que eles queriam.

Quando chegamos no tribunal, informei Lucas e Isabel que ficaria com o celular desligado. Lucas não gostou disso, mas Isabel entendeu e prometeu explicar que seria melhor assim.

Eu estava bem equipada. Uma amiga brava segurava minha mão de um lado, e um irmão protetor segurava a outra. Eu não precisava estar no banco da vítima. Seria promotoria contra o acusado. Isso me deixou melhor do que o esperado. Acho que não conseguiria ficar cara a cara com ele novamente.

Quando o juiz entrou, minhas pernas bambearam, e eu sabia que o futuro da minha vida estava em suas mãos.