A um livro de distância

Capítulo 32

Eu tinha que ser mais rápida que aquela loucura que Otávio estava planejando.

- O que você acha de antes de ele fazer qualquer coisa, eu mandar um email dizendo que roubaram seu celular e mandaram coisas impróprias. Além disso podíamos blefar dizendo que pegamos filmagens do estabelecimento, e que sabíamos quem era. Isso iria por medo nele e resolver essa situação de uma vez - Gabi sorriu e palmas vieram em seguida.

- Uau, você não é de toda tapada. Seria perfeito. Melhor ainda se formos no local confirmar se não possuem câmeras. Porque melhor que blefar, é ter as provas reais. Aí sim a gente ia encurralar aquele ser das trevas! - ela disse dando um olhar assassino para o nada.

- As vezes você me lembra meu irmão, e isso é assustador - falei fingindo arrepiar. Ela me olhou com cara de ódio e bufou.

Depois de nos suprirmos de alimento para termos força para essa empreitada, seguimos o caminho para o tal bar. Lá Gabriela deu uma de Sherlock Holmes e tomou a frente da situação.

- Olá, boa tarde. Poderiamos falar com o gerente? - assim que fomos encaminhadas para uma sala minúscula nos fundos, encontramos uma moça tatuada e incrívelmente linda de cabelos vermelhos e olhos de fera.

- Vocês precisam de alguma coisa? - ela disse fria e direta.

- Ok, eu ia inventar uma história de polícia e tudo mais, mas você parece uma pessoa coerente e uma mulher forte que não gosta de trairagem - o que essa louca tava fazendo?

- Quinta-feira estivemos aqui com o pessoal da empresa, e meu celular foi roubado em um determinado momento. Nesse momento foram criadas provas para queimar o belo trabalho e índole dessa mulher que está aqui comigo - ela continuou, apontando a mão na minha direção. Eu já estava ficando vermelha.

- Acreditamos piamente que o responsável por isso é Otávio, um babaca que trabalha com a gente e quer ferrar com ela por inveja. Então o que viemos fazer aqui é, pedir de coração, se não seria possível vermos as filmagens para termos provas disso e acabar com a raça daquele imbecil - eu estava em choque só de ouvir, estávamos ferradas.

- Nós vamos procurar em todas as câmeras, em todos os segundos. E quando encontrarmos, vocês vão acabar com a raça desse energúmeno e mostrar que com mulheres não se mexe, ou eu não me chamo Isabela Machareth!

Só eu não estava acreditando nisso? Gabriela olhou pra mim com um sorriso enorme e afirmou com a cabeça devagar. Eu definitivamente não queria ser inimiga dessas duas.

Depois de uns 30 minutos vendo as filmagens de quinta, encontramos o exato momento que Otávio esbarrou em Gabi na mesa, pegando o celular. E depois pegamos também o momento em que ele deixou o celular no chão, próximo ao banheiro feminino. Ele era medíocre até em produzir um crime. Nem pensou nas câmeras ou disfarçar o que estava fazendo. Daí já se via que ele não lia livros de assassinato, certo?

Isabela nos deu cópias das filmagens e seguimos para minha casa serelepes, como se tivéssemos conquistado o mundo.

- Eu amei Isabela! Temos que voltar lá e encher o cu de cachaça pra recompensar a gentileza.

- Estou tentando maneirar depois que aconteceram umas coisas loucas na minha vida, mas prometo ir com você, pra você encher o cu de cachaça.

- Pode ser também - rimos com gosto.
Assim que entramos, eu estudei se não era melhor contar toda a verdade para Gabriela. Mas como a identidade de Lucas era anônima por lei, desisti de revelar o caos que minha vida estava, porque além de estressada seria processada, universo me de uma luz!