Capítulo 71

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Nunca sentimos algo ruim contra a criança que papai salvou. Como sentiríamos? Ele havia dado a vida por ela, e no seu coração era o correto a ser feito.

Sempre o achamos um herói sem capa. Ele sempre foi assim. Salvou animais atropelados. Gatos em árvores. Ajudava senhoras a atravessar a rua. Papai sempre foi o nosso super herói. Sentíamos sua falta todos os dias. Mas nunca tivemos rancor ou ódio de qualquer coisa relacionada ao acidente. E hoje, olhando tudo pelos olhos de Felipe, me fez ter mais amor por aquele homem generoso que me pôs no mundo. Porque ele acertou em cheio.

Aquele menino que ele havia salvo era um bom homem afinal. E ainda havia salvo minha vida, ora essa.
Entre lágrimas e sorrisos, caída ao chão enrolada a manta de Isabel, senti seu cheiro antes de saber que era meu irmão quem me abraçava. Ficamos assim por um tempo até outro abraço nos cobrir, e mais outro. Quando abri meus olhos e olhei ao redor, Gabriela e Isabel nos rodeavam em abraços e choros.

Minhas lágrimas foram cessando ao ouvir os barulhos estranhos e fungadas abundantes vindas de minha cunhada. Nós três paramos e olhamos em sua direção enquanto ela continuava chorando daquele jeito exagerado. Foi quando Felipe deu uma risada e a abraçou, tentando acalmar seus ânimos.

Olhando a cena dos dois, só pude pedir "eu quero isso de volta".
Em meio a pensamentos, a porta da emergência se abriu.

- Parentes de Lucas Ozu? - perguntou um médico jovem e alto a nossa frente.

- Sim! Sou esposa dele - falei pela primeira vez em alto e bom som, me levantando do chão, e sendo ajudada por Isabel.

- Doutor, como ele está? Está tudo bem? - perguntou a tia de meu marido, que tremia abruptamente.

- Ele está estável, ainda vai precisar de uma transfusão de sangue porque ouve muita perda. Infelizmente o paciente é do tipo AB, isso faz com que seja mais difícil encontrar um doador. Então caso vocês tenham algum parente ou conhecido com esse tipo, seria muito bom para sua melhora.

- Eu sou doadora universal. Isso não ajuda? - perguntei exasperada.

- Sim, ajuda e muito. Vou pedir para uma enfermeira vir buscá-la e prepará-la para a transfusão. Fiquem tranquilos, ele vai ficar bem agora.

Após a saída do médico, nos olhamos todos e nos abraçamos novamente, porém agora com grandes sorrisos, por sabermos que Lucas estava fora de perigo.

Enfim eu poderia agradecê-lo na mesma moeda. Salvando sua vida.

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