A loucura

1 1 0
                                    

_ O que estava acontecendo?
_ Nada! - Wesley respondeu à Ravi, que se aproximava deles.
_ Júlio, está tudo bem?
_ Sim… É só minha ansiedade atacando de novo.
Ravi se abaixou e passou a mão em sua nuca, Wesley o olhou como um cachorro prestes a atacar.
_ Fiz algo de errado? - Ele perguntou ao loiro.
_ Sim. Você e sua turma fizeram isso com ele.
_ Wesley, não! - O menor gritou.
_ Eu não estou com eles aqui agora, estou? Achei que tínhamos nos entendido naquele dia…
_ Nos entendido? - Wesley estava sendo pouco cordial. _ Cara, se não fosse por você ele não teria se afastado da gente e nada daquilo teria acontecido.
_ Eu não sabia de nada! Até o momento que tudo aconteceu.
_ Wesley como sabe que eu estava com ele?
_ É fácil adivinhar não é, Júlio!? Você disse que está ficando com esse daí, e naquele dia ele apareceu do nada para te ajudar depois que passou um tempo longe da gente…
_ Ótimo, você é bom com adivinhação! Mas isso não quer dizer que eu seja culpado.
_ Caralho, ninguém é culpado! Eu quem esbarrei nele, eu quem causei tudo. Parem de se atacar que nem dois animais.
_ Se forem continuar a brigar pelo Júlio assim me avisem, eu vou pegar a pipoca. - Felícia brincou, ninguém riu.
_ Quero que você saia daqui.
_ Mas Wesley, eu também me preocupo com ele, e o ajudei… porque está colocando toda a culpa em mim?
_ Não gosto de você, nem do seu irmão, nem dos seus amigos. É isso!
O maior se levantou, e Ravi o seguiu, eles se aproximaram perigosamente. Júlio se ergueu também e entrou no meio dos dois.
Muitos alunos pararam para observar os gritos.
_ Parem com essa merda, agora!!! - Júlio César gritou o mais alto que conseguiu.
_ Ei! - Uma voz gritou do longe, e eles olharam para a direção de onde vinha. _ O que está acontecendo aí?
Era Dilan, e para a sorte deles, estava sozinho. Ele veio andando em direção ao grupo.
_ Dilan, relaxa não é nada!
_ Estão te incomodando?
_ Não, só estamos conversando. Estou indo para a sala agora, já terminei por aqui. - Ravi olhou decepcionado para Júlio, que teve vontade de ir atrás dele, quando saiu andando.
_ É melhor ficar longe do meu irmão, está escutando? - Dilan ameaçou o menor.
Ele foi andando para longe novamente.
_ Porque sempre sou eu quem toma as ameaças, hein!?
_ Será porque você não se defende? É algo fácil.
_ Quer que eu faça o que Wesley?
_ Se um cara fala daquele jeito comigo…
_ Você mete a mão e foda-se. Eu não sou você!
_ Por isso, apanha.
Wesley saiu andando também.
_ Que inferno!!! Wesley consegue ser mais irritante que todos eles juntos! - Júlio puxava os cabelos, absolutamente irritado com o maior.
_ Eu não sei mais o que fazer com vocês… Essas brigas todas, eu penso estar vivendo em um filme de terror às vezes.
_ Sim, e alguém vai morrer!
_ É… - Felícia não riu.

Eles retornaram à sala, e o menor não conversou com o outro, até o momento que chegou em casa.
Uma ligação ascendeu a tela de seu celular e ele que estava deitado na cama a recusou. Depois veio outra, e outra.
Até que começaram a chegar as mensagens.
Wesley queria o ver, mas ele estava bem sem paciência para falar com ele no momento.
O que não adiantou muito, quando mais tarde o maior apareceu em sua casa.
Ele não pediu e foi entrando no quarto.
_ Porque está fazendo isso? O que custa a gente conversar?
_ Wesley, você esperou minha mãe chegar e pediu para entrar aqui, sabia que eu não te atenderia…
_ Não pensei em outra forma de te ver…
_ Esse seu jeito é abusivo, você se quer me dá espaço para ficar irritado com você, me sufoca…
_ Desculpa… Júlio, me desculpa.
_ Por?
O maior se aproximou e sentou na cama, ao lado dele.
_ Por ser assim cara… eu sei que sou tóxico, abusivo, irritante, agressivo… Essas merdas todas que eu faço para chamar sua atenção o tempo todo.
_ Wes, eu te dou toda a minha atenção, faz anos.
_ Não cara, eu sei. Você é perfeito mas… Às vezes eu sinto que tô falhando em cuidar de você.
_ Você não tem que cuidar de mim, porque não consegue entender isso? Deixa eu me quebrar todo que uma hora eu aprendo a me defender.
_ Eu sempre vou te defender, não me peça o contrário.
_ Vai me defender até de quem eu gosto?
_ Você não gosta dele…
_ Acredito que isso sou eu quem decide.
_ Eu tô tão confuso… - O maior disse, visivelmente chateado consigo mesmo.
_ Com o quê? Se eu puder te ajudar…
Wesley não respondeu, somente pediu para que o menor se arredasse para o canto da cama, e ele se deitou de frente para o outro, bem próximos.
_ O que está fazendo, Wes?
_ Preciso me acalmar, Ju. Só consigo isso aqui, com você.
Júlio César estava se esforçando para deixar aquele calorzinho que sentia no peito, sempre que ele se aproximava assim, não o fazer cometer outra besteira, como no dia do cinema.
_ O que está acontecendo com você, hein? Não te vejo calmo há um bom tempo, tem brigado comigo cada dia mais…
_ Não sei Júlio, não é você o problema com certeza. Acho que estou enlouquecendo.
_ Vou enlouquecer com você, e vamos nos internar juntos em um hospício qualquer.
_ Não podemos ficar separados, porque eu iria pular de uma ponte, mas não posso ficar perto de você, porque quero te esmagar todo.
_ Wesley você me irrita o dia inteiro, eu é quem deveria te esmagar. E tem essa minha costela aqui…
O maior sorriu, eles se olhavam nos olhos.
_ Desculpa por arrumar aquela confusão hoje, amanhã irei pedir desculpas a ele, e dizer que está tudo bem.
_ Eu te desculpo sim. Mas por favor, tenta não sair me xingando quando estivermos discutindo, eu tenho um sapato e ele magicamente pode aprender a voar…
Wesley gargalhou, e agarrou Júlio pela cintura, os aproximando até os corpos se tocarem, o ar que respiravam era compartilhado agora.
_ Está vendo!? Você é um baixinho petulante!
_ E você tem hálito de pizza sabor marguerita.
_ Ah desculpa! Comi um pedaço quando ia saindo… - Júlio estava rindo. _ Ei, você gosta do cheiro!
Wesley começou a soltar seu hálito na cara do menor, que tentava virar o nariz, mas o outro segurou sua cabeça para que sentisse.
_ Para! Que nojo, Wes!
_ Tá, eu paro. Mas posso ficar aqui com você hoje?
_ Quer dormir aqui?
_ Se você deixar…
_ Vamos nos espremer nessa cama de solteiro de novo?
_ Já trouxe meu material da faculdade para amanhã, porque mesmo que dissesse que eu não poderia ficar, eu iria ficar!
_ Está vendo?
_ Eu sei… tóxico.
O maior se levantou e saiu do quarto.
Minutos depois retornou com uma caixa, era pizza. Ele entregou-a a Júlio.
_ É para mim?
_ Sim. Meu pedido de desculpas… minha mãe disse que uma garota nunca recusa comida, você não é uma, mas acho que serve.
_ Te odeio, Wesley! Vamos comer isso então, estou com fome.
Quando terminaram, ficaram batendo papo e brincando, até que o menor percebeu que se aproximava de 23:00hrs da noite quando o sono chegou.
_ Posso tomar banho?
_ Deve! Não vai dormir comigo com esse cheiro de pizza. _ Vou pedir minha mãe uma toalha.
Minutos depois Júlio retornou com uma toalha branca, e entregou ao outro.
_ Já volto…
Wesley foi para o banho, 25 minutos depois estava de volta.
_ Foi rápido até…
_ Mas estou cheiroso tá!
_ Também vou tomar um banho rápido, me espera aqui.
  Júlio deixou o quarto dando uma última olhada no amigo, que estava só com a toalha presa à cintura. Seu corpo malhado e úmido com algumas gotas de água correndo do cabelo e passando por seu peito, a barriga, seu umbigo e morrendo mais embaixo onde a toalha tapava. Havia um volume ali.
“ Júlio para de olhar, pelo amor de deus! “ - Ele pensou, se obrigando a deixar o quarto.
O que iria acontecer quando ele voltasse para o quarto? Ele tentava imaginar todas as possibilidades possíveis enquanto se ensaboava.

NOSSO PRIMEIRO ASSASSINATO - Parte 1 (Drama Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora