Sorriso sútil

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_ Acorda viadinhos!
  Três batidas na cabeça, eram tapas. Júlio César abriu os olhos e viu primeiro estar com a cabeça repousada no colo de Wesley, e quase sorriu, e estava sentado o segurando com um dos braços.
  Mas isso não foi nem um pouco interessante, a partir do momento em que o jovem ergueu os olhos, e viu o que o maior olhava. Bruno estava em pé próximo a eles e com aquele sorriso venenoso de sempre no rosto.
  _ Espero que você saia daqui, antes que eu me levante seu frango. - Wesley retornou, se referindo ao fato de que mesmo tendo uma estatura normal para um homem de sua idade, Bruno era magrelo e bem mais fraco que ele.
_ Olha como fala comigo, seu viado!
Júlio se levantou num pulo, mas não para atacar seu rival, apenas grudou o corpo entre os livros da estante. Atrás de Bruno estava Dilan, outro problemático que também o importunava.
Wesley se ergueu também, meio preguiçoso.
_ Quantas vezes vou ter que pedir para nos deixar em paz?
_ Você e seu namoradinho? Se eu tinha dúvidas agora estou vendo que estive certo o tempo todo. - Wesley serrou os dentes. _ Mas sinceramente, ficar usando a biblioteca para essas fornicações? Acredita que a inspetora vai ficar feliz em saber no que essa faculdade se tornou?
_ Você sabe que não estávamos fazendo nada!
_ Não sei… o que eu vi foi dois caras de chupando e gozando nas páginas dos livros.
Wesley foi para cima de Bruno, mas ele de escondeu atrás do amigo, enquanto Júlio segurou o maior o impedindo de tocar no acusador.
_ Me bata isso! Só vai reforçar o que vou contar.
_ Wesley, para! Ele tem razão.
_ Júlio? Vai defender esse babaca?
_ Não. Mas machucar ele só vai causar mais problemas para você e eu, por favor vamos sair daqui.
Wesley olhava nos olhos de Bruno, estava com raiva, mas tirou a mão de Júlio de seu peito e saiu andando com pressa da sala.
Antes de se afastar, Júlio foi tomado por um empurrão nas costas que o fez tropeçar e quase cair. Bruno ria.

_ De novo, Júlio? Mas que inferno!
_ Eu…
Os jovens estavam sentados do lado de fora no jardim, o sol parecia aquecer ainda mais o sangue do maior, enquanto Júlio quase não conseguia falar.
_ Eu vou acabar com esse garoto um dia, você vai ver!
_ Por favor, não vai se meter em confusão.
_ Não estou falando de ser suspenso junto a ele novamente…
_ O que está pensando, Wes?
_ Nada… Vamos terminar a aula, preciso me distrair e ir para casa.
Mais tarde naquele dia, eles detalharam o ocorrido à Felícia que ficou bem espantada com a audácia de Bruno e seu amigo.
  Eles conversavam em uma cafeteria, enquanto tomavam um capuccino e alguns donuts açucarados.
_ Você não vai fazer nada Wesley, para de ser doido!
_ Sempre essa bomba relógio!
_ O que é? Felícia você sempre se defende como pode, e você Júlio César, deveria aprender a ser mais bomba relógio, para parar de ser saco de pancadas desse otário.
  _ Eu resolvo como posso, exatamente! Conversando, xingando às vezes, mas nunca sendo violenta com ninguém.
_ Por que não pode…
_ Wesley! - Júlio o repreendeu.
_ Quer saber… Vocês não sabem de nada!
Se levantando da mesa irritado, o maior pegou um donut e foi saindo da cafeteria, deixando os amigos para trás.
_ Eu odeio quando ele faz isso.
_ Deixa ele se acalmar. Faz muito tempo que não o vejo tão bravo assim pelas provocações de Bruno… Aconteceu algo que não estou sabendo?
Júlio corou o rosto e olhou para o café.
_ Claro que não… Foi somente o que lhe contamos.
_ Menos mal. Você está bem mesmo?
_ Sim, Felícia. Só cansado demais, ainda não dormi.
_ Vocês dois não dormiram essa noite… - Felícia tomou mais um gole do café e olhou para a rua pelo vidro.
_ Está insinuando algo?
_ Eu não, Júlio. Sei que estão cansados mas…
_ Mas o quê?
_ Ah… vocês não se ajudam às vezes. Que ideia é essa de irem dormir na biblioteca? É claro que alguém os veria.
_ Nósjá explicamos. Estávamos conversando somente, e quando percebi, acordei com aquele idiota nos ofendendo.
Felícia o olhou com olhos rasos, e mordeu o lábio inferior.
_  É claro que você não acredita, não é?
_ Júlio, não é que eu não queira acreditar em vocês mas… Você diz que eu sou a única pessoa que sabe do seu segredo, e vendo os dois tão próximos assim, é inevitável que eu não pense que algo poderia estar acontecendo.
_ Exatamente, Felícia! Você é a única pessoa que sabe do que eu fiz naquele dia, mas isso não tem nada a ver com o Wesley, porra!
_ Tudo bem, tudo bem! Eu não vou tocar no assunto. Mas não consegue me compreender?
_ Consigo sim, compreender que talvez eu tenha errado em deixar você saber.
_ Júlio, por favor não fica bravo comigo. Se você gosta do Wesley, quer dizer, é normal que isso aconteça às vezes…
O jovem se levantou com pressa da mesa.
_ Sinceramente… Não vou perder meu tempo te dando explicações disso. - Ele disse e deixou a cafeteria em seguida.
Ao chegar em casa se jogou na cama, seus pensamentos o torturavam, e ele ainda sentia o local onde a mão dura de Bruno o havia tocado bruscamente. Não era uma dor física, ele sentia algo inundando os órgãos, algo que florescia no coração e ia disseminando por seu corpo. Um ódio tão grande quanto Wesley e suas mãos quentes em seu corpo.
Os sentimentos confusos, seu corpo reagindo. Por baixo das cobertas ele segurou seu pau duro como pedra, estava bombeando ódio, tão grande que precisava elimina-lo.
  Quando a noite chegou Dora chegou em casa e acompanhada, sua tia o trouxera alguns cereais de presente e degustaram deles enquanto jogavam baralho na sala enquanto uma novela qualquer passava na TV.
  No outro dia quando ia chegando na faculdade ele percebeu que Bruno e Dilan estavam na entrada, riam um para o outro como que se esperassem por Júlio.
Passando por eles, o menor colocou as mãos de forma que se fosse empurrado teria como se segurar, era ridículo ter tanto medo, mas ele não sabia se defender então o melhor era proteger o que desse em qualquer queda.
  _ … E eu não sei se vou me dar bem nessa prova sabe, o babaca do professor não quer facilitar muito. - Dizia Bruno ao amigo, enquanto olhava para Júlio que passava.
_ Com certeza esse professor gosta de morder uma fronha por aí, já vi como ele me olha. - Disse Dilan, caçoando.
_ Eu Julinho!
O menor estava tão perto de sair do raio de ataque deles, e se odiou por andar tão devagar.
_ O que é?
_ Veja como fala seu boçal!
_ Boçal? Sério? - Júlio respondeu, encarando o loiro, Bruno o encarou de volta.
_ Está bravinho hoje? Seu namorado não está aqui para te defender.
_ Ele não precisa me defender… sempre. E não é meu namorado.
_ Foda se. Você acha que se eu oferecer meu pau para o professor chupar, ele pode me ajudar com o gabarito da prova?
_ Como saberia? Porque não pergunta a ele?
_ Você deveria saber, gays não tem um radar de promiscuidade?
_ Talvez tenham Bruno. Mas sinceramente? Suponho que precisaria de alguns centímetros a mais no meio das pernas, para convencer alguém de alguma coisa.
Dilan riu, mas foi repreendido pelo amigo.
_ Você é tão nojento… Saia daqui!
_ Ok… tchau boçal.
Júlio deu as costas e foi andando em passos abertos. Um sorriso singelo brotou em seus lábios, e mesmo que as mãos estivessem suando frio, gostou daquela sensação de ter conseguido responder à altura.
Ao entrar na sala, viu que Wesley não estava na mesa que dividiam, e Felícia o olhou assustada.
_ Júlio César? - A professora o chamou assim que parou na porta. _ A reitora o aguarda em sua sala.
Ele nem respondeu, já sabendo do que se tratava.

NOSSO PRIMEIRO ASSASSINATO - Parte 1 (Drama Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora