Sem você

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   Havia sido assustador encarar os sogros daquela forma, mas no restante do dia, ele pode se aconchegar nos braços quentes e fortes do loiro, o trazendo a sensação de segurança e felicidade.
  Sempre que Júlio César olhava para Wesley, ele o via como quase um deus protetor, porque era assim que o maior se portava quando o menor era o assunto. Grande, másculo, raivoso para o defender e intimidador. Quando mais novos um garoto ameaçou bater em Júlio, porque ele não o deixou colar as respostas da prova de português, e então no recreio lá estava o garoto de cabelos dourados, socando a cara do coitado, e enquanto batia, dava piscadelas divertidas para o menor, como se dissesse: esta tudo bem, eu estou aqui.
  Júlio César agora sentia a respiração de seu protetor ressoando junto com a sua, seus pulmões fazendo o mesmo trabalho enquanto ele sentia todo aquele corpo quente no seu.
   “ Eu te amo muito. “ - Ele pensou.
  _ Também te amo, meu pequeno.
  Júlio se assustou ao ouvir a resposta.
  _ Quê!? Meu deus! Não percebi que falei em voz alta!
  _ E isso tem de ser escondido de mim?
  _ Claro que não! Você é o cara mais importante da minha vida, e agradeço muito por ter te conhecido.
  Wesley sorriu, e o apertou no abraço.
  _ Amor… Está tudo bem, mesmo?
  Júlio levou em conta somente o fato de estar ali, com ele.
  _ Sim, porque não estaria?
  _ Nada… está tudo tão calmo, não acha?
  _ Wesley eu acho que nem sempre, a vida vai estar descendo uma colina de skate. E então o melhor a se fazer e aproveitar esses momentos, calmos.
  _ Tem razão! Agora que estamos passando ainda mais tempo juntos, agora que eu consegui finalmente entender o que sentia por você… Acho que ficou mais fácil de me controlar, e levar em consideração os seus conselhos.
  _ Meus conselhos?
  _ É… Ser um homem mais tranquilo, não viver a flor da pele, e ter mais paciência e confiança em você.
  _ E se… e por acaso a gente terminasse amanhã? O que seria desse homem que você está se tornando?
  Wesley ficou sério, e respirou fundo.
  _ Pensar nisso já me tira do sério. Eu não iria fingir estar feliz caso você desistisse de mim.
  _ Mas essas coisas acontecem, não é!?
  _ Júlio, para quê falar disso? Você não vai me deixar. - Wesley segurou o pulso do menor com certa força.
  _ Claro que não penso nisso, foi só uma idéia…
  _ Acho engraçado, que logo depois de eu dizer que tudo está bem, você me vem falar de separação. O que diabos se passa na sua mente, é um mistério!
  _ Calma, amor!
  _ Calma o caralho! Voce parece que gosta de me provocar! E se quer saber… eu te quebraria todo antes de pensar em me deixar novamente.
  O menor engoliu um nada, sentiu o aperto no pulso e se virou para o outro lado, ficando de costas para o maior.
  Wesley por sua vez, começou a passar a mão por debaixo do cobertor, até pegar no membro do menor, e o estimular.
  _ O que está fazendo?
  _ Te dando prazer!
  _ Wesley eu acho que não quero.
  _ E tudo tem que ser só no seu tempo?
  O menor foi posicionado de barriga para cima, pelado e desarmado. Sem reclamar foi tocado nas partes íntimas e chupado, até que chegasse ao gozo, quase que em silêncio. Pouco depois o maior se masturbando, colocou o menor para receber todo o seu leite na boca, e não pode sair até engolir tudo. Em silêncio.
 
  O dia amanheceu, e eles acordaram para se arrumar e ir à faculdade. Júlio César ainda estava com memórias ruins da noite anterior, e por isso se manteve com poucas palavras.
  No intervalo, Sara saiu com eles para fora do prédio, e agora estando sozinhos, os encheram com perguntas sobre os últimos acontecimentos, que foram sendo respondidas até serem sanadas.
  _ Estou feliz que esteja tudo indo bem, Wesley. - Ela disse, depois de o maior dizer o quanto estava contente por agora ter Júlio, só para ele.
  O menor não ousou esboçar mais do que um leve sorriso.
  Uma sombra surgiu por trás do casal, e quando se viraram tomaram um susto ao ver que se tratava de Ravi, com uma expressão não muito confortável.
  _ Ah… oi!
  _ Oi! - Somente Júlio, o respondeu.
  _ Então… Não sei se estão sabendo, mas vamos ter um encontro no sábado a noite.
  _ Na verdade eu já ia contar isso, a eles… - Sara disse.
  _ Do que se trata? - Júlio ficou curioso.
  _ É que a turma de direito vai fazer uma viagem para outra cidade, e como todo mundo lá já fechou o semestre, estão patrocinando esse encontro no ginásio aqui mesmo, antes de irem.
  _ Eles conseguiram que deixassem usar o ginásio? - Júlio se impressionou.
  _ Riquinhos de merda… - Wesley rosnou baixo.
  _ É cortesia da reitora. Mas o encontro será fechado então só entra com o nome na lista.
  _ Mas não temos contato com ninguém da turma de direito…
  _ Sim. Mas… quem irá colocar o nome de vocês, é a Felícia que insistiu para meu irmão.
  _ O meu já está confirmado! - Disse Sara, que provavelmente tinha amizades com quase todas as meninas do curso de direito.
  _ Mas, porque ela quer que a gente vá?
  _ Júlio não sei… Ela só pediu para avisar vocês e eu dei o recado.
  Ravi sorriu e foi saindo. Wesley olhou para o namorado já irritado pelo que iria escutar.
  _ Júlio nem vem!
  _ Amor!
  _ Toda vez que a gente se mete com esse pessoal dá em merda! Porque perder a oportunidade de evitar?
  _ Porque a gente quase não tem se divertido, não vamos a nenhuma festa, não fomos mais ao cinema… Poxa!
  _ Eu não confio nele.
  _ Mas o pedido foi da Felícia!
  _ Olha, eu sei que você tem suas questões com os meninos da turma de direito, mas não acho justo ficar se privando de curtir uma noite por conta disso. - Sara se posicionou.
  _ Exatamente! Vamos curtir a noite e pronto!
  _ Tudo bem… Sábado a gente vem, mas não prometo que vou ficar até tarde.
  Júlio e Sara deram gritinhos de alegria, animados pela curtição. Wesley ao contrário se manteve quieto e sentindo um friozinho na espinha.
  Eles retornaram para a sala, e o assunto agora não era outro senão a tal festa. Wesley claro, apenas criticava o que podia, e Sara o refutava.
  Os dias se passaram e na sexta feira à noite, o maior convidou seu namorado para jantar na pizzaria.
  _ Está confortável? - Wesley perguntou, já sentado frente ao menor, no salão.
  _ Sim! Porque da pergunta?
  O maior sorriu.
  _ Júlio, hoje é um dia especial.
  _ Sério? Mas, qual seria o motivo?
  _ Estamos para nos reunir amanhã para decidir a mudança de direção da pizzaria. Digo, meus pais já estão adiantando as coisas!
  Wesley parecia querer ter um ataque estérico, mas se camuflava com um sorriso bonito.
  _ Que maravilha! Isso quer dizer que, eles irão se mudar?
  _ Sim! Minha mãe conseguiu adiantar bastante das coisas, e agora é certo que irão sair até a metade da próxima semana.
  _ Caraca! Eu não esperava isso agora, mas amor… Como você vai fazer para gerenciar tudo isso assim, do nada?
  _ Que do nada, Ju!? Eu cresci aqui. Sei e conheço cada pedacinho disso aqui.
  _ E quanto aos estudos?
  _ Vou parar, como já estava decidido. Mas não será para sempre.
  _ Estamos fechando um semestre, porque não parou antes?
  _ E ficar longe de você? Mas, vou ter de pedir para trancar o curso na semana que vem…
  O maior não parecia contente, e isso se repetia no rosto de seu namorado, que grudou os olhos na mesa, sem exatamente olhar para qualquer coisa.
  _ Vou tentar continuar.
  _ Sim, você precisa disso.
  _ Mesmo não querendo inflar seu ego, eu preciso admitir… Sem você vai ser bem mais entediante. - Disse Júlio, arrancando um sorriso do outro.
  Eles se olhavam fixamente, suas mentes pensando de formas distópicas sobre a mesma situação. No entanto o coração com aquela sensação de aperto, e já saudosista por terem de se afastar do convívio no ambiente da faculdade.
  A pizza chegou, e começaram a devorar os pedaços. Wesley coçava seu dedo anelar onde estava a aliança de compromisso, o menor olhava disfarçadamente o nervosismo do outro até que, sua mão repousou sobre a do maior, que o retornou com um olhar cortante e salientando a cor verde.
  Ele estava sim, preocupado com sua decisão de deixar o curso, mas sem dúvidas contente, por poder seguir o negócio dos pais.

NOSSO PRIMEIRO ASSASSINATO - Parte 1 (Drama Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora