Wesley chegou muito calmo, e preparado para o que fosse. Se aproximou de Ravi e friamente derramou todo o suco de laranja em sua cabeça, molhando toda a sua roupa. A expressão de profunda insatisfação do moreno foi notável. Júlio ficou desesperado.
_ Mas que, merda, é, essa!!!!? - Furioso, foi como Ravi se levantou.
_ Wesley!!! - O menor se levantou prevendo o pior.
O maior jogou o copo sobre a mesa, e ergueu o peitoral, como que desafiando o outro, mas como se estivesse na velocidade da luz, Júlio César se enfiou no meio dos dois, e empurrou o amigo para longe o fazendo cair de bunda no chão. Todos na pizzaria se levantaram assustados com a cena.
_ Eu vou acabar com você! - Ravi gritou.
_ Vem então, seu cubano de merda!
_ Parem com isso, agora!
Júlio pegou na mão de Ravi, enquanto Wesley ia se levantando do chão, e saiu o puxando com toda força que tinha. Desceram as escadas e o menor o enfiou novamente no carro.
_ Me deixa sair desse carro!
_ Não! Vamos embora!
_ Sai do meu carro! - Ravi ordenou. O menor ficou sério na hora.
_ Como assim?
_ Está surdo? Sai do meu carro, Júlio! Pode ir terminar seu encontro!
_ Ravi, não… por favor!
O moreno se livrou das mãos dele, e abriu a porta do carro novamente, o empurrando para fora.
_ Ravi, por favor não faz isso!
_ Vai se ferrar, Júlio!
Ele ligou o carro, e saiu correndo. Estava tão alterado que virou a curva à frente quase fazendo um drift.
Júlio olhou de volta para a pizzaria, ele iria matar alguém que estava lá dentro, e era agora.
Foi andando e quando subiu as escadas, um garçom se colocou em sua frente tentando o impedir de entrar.
_ Senhor, você não pode entrar aqui!
_ Cala a boca, me deixa passar!
_ Senhor, não…
_ Pedro, pode o deixar passar. Por favor!
Wesley apareceu por trás, e o garçom pensou antes de sair da frente do menor, que subiu que nem um touro bravo para cima do loiro.
_ Eu, vou, te, matar!!! - Ele rosnou.
Pulou nos braços do outro, mas não adiantou muito. Wesley era bem maior, e mais forte. O abraçou com toda a força e foi o carregando para dentro de uma porta, tomando chutes nas canelas.
_ Júlio, Júlio para!
Soltou o menor no chão, que então percebeu estar dentro do banheiro masculino.
_ Inferno! Que merda você tem na cabeça, Wesley!!!? - Ele não parava de gritar.
_ Para de gritar assim, me escuta!
_ Vai se foder, seu babaca!
Júlio tentou o bater novamente, e chegou a acertar um tapa na cara do menor, que o empurrou contra a parede e segurou suas mãos.
_ Você não pode me bater agora!
_ Mas eu posso gritar, seu merda!!! Eu te odeio!
Wesley não viu alternativa. Soltou os braços do outro e segurou em sua cabeça para ter estabilidade, então se aproximou e colou suas bocas, o mais forte que pode.
_ Pa-par-para! Wes…
_ Por favor, meus pais já vão chegar! Não grita!
Outro beijo.
_ Me solta!
Júlio não gritava mais.
Outro beijo.
_ Eu te odeio!
_ Eu também!
Outro beijo, dessa vez de língua.
Júlio laçou uma de suas pernas na cintura do maior, e prendeu seus corpos. Estavam beijando com força, e sentiam um gosto de sangue misturado à saliva, mas isso não os impedia de continuar a se esfregar e se tocar.
_ Está mais calmo?
_ Que merda! Você me beijou mesmo, só para eu me calar?
_ Na verdade, eu estava louco para te dar um beijo hoje… Me preparei a tarde toda, pensando nesse momento!
_ Wes, eu não…
_ Pois é, Júlio! Eu quero ficar contigo! Eu te amo!
O menor não podia acreditar no que acabara de ouvir. E vendo seu silêncio, o loiro tomou a liberdade de voltar a beija-lo mais uma vez, e dessa vez tão apaixonado e entregue.
Júlio César estava viajando nas nuvens.
Aquele toque macio durou por uns bons minutos, até que conseguiram se soltar, e começaram a rir um para o outro.
_ Agora preciso arrumar essa bagunça lá fora, meu pai vai me matar!
_ Se eu não te matei, que alguém faça isso por mim…
_ Vamos, vou te levar em um lugar.
Eles deram as mãos e foram saindo do banheiro.
Algumas pessoas tinham ido embora do local, mas a maioria já estava em seus lugares, e observava os garotos.
_ Pessoal, peço desculpas pelo que aconteceu! - Sua voz ecoou pelo salão. _ Vou oferecer uma rodada de pizza grátis em compensação, e por favor se fartem!
Eles saíram da pizzaria, e Wesley o encaminhou para a lateral, onde havia um portão que entraram, levando - os à casa do maior.
Júlio entrava ali pela primeira vez, e se surpreendeu com a beleza do lugar.
_ Então é aqui que você se esconde?
_ Não, mas você já vai conhecer!
Entraram por uma porta, e o menor viu o quarto, com paredes brancas, e uma delas em preto, coberta por pôsteres de filmes de ficção e terror, e embaixo de uma grande janela, uma cama de casal bem confortável.
_ Pode se deitar! Eu só vou receber meus pais lá fora, e contar o que houve.
_ Eles vão brigar muito com você…
_ Ou não. Não é a primeira confusão que arrumo aqui…
Ele saiu e o menor se jogou na cama, estava incrédulo de tudo aquilo. Pensava muito em Ravi, e sentia muito pelo que aconteceu. Mas que se dane Ravi, ele estava com o homem que amava, e ele pela primeira vez havia dito que também o amava, dessa vez não como amigos.
Estava demorando, e sozinho no quarto ele tomou a liberdade de se cobrir com o cobertor do maior. Tudo ali tinha o seu cheiro, sua presença estava em todo lugar.
Era mágico e o dava borboletas no estômago.
A porta se abriu, e Wesley entrou todo sério, a trancando em seguida.
_ E aí? O que aconteceu?
_ Vou ter que pagar as pizzas grátis que ofereci, e trabalhar na cozinha e ajudar na limpeza também por um mês. Ou até eles se esquecerem…
_ Você é louco! Mas poderia ser pior…
_ Sabe o que eu descobri? - Wesley se aproximou e foi se deitando com o outro. _ Estava com um puta medo, de assumir o que eu sinto, quem eu sou, você…
_ Do que está falando?
_ Júlio, eu sou louco por você! Sempre fui, mas nunca entendi isso. - Eles se abraçaram. _ Toda vez que eu me deito nessa cama, eu queria que fosse a sua cama, e por isso te trouxe aqui hoje!
_ Para ser minha cama?
_ Não idiota! Para ser a nossa, cama!
O menor só sabia sorrir.
_ Wes, você está brincando com a minha cara? Porque se for, isso não tem graça! Você sabe o que isso significa para mim.
_ E você não entendeu o que eu disse? Eu te amo.
_ Ama, como?
_ Sei lá… Como homem, um homenzinho que me tira do chão, que vira meu mundo todo! Um homem maravilhoso, que… Ainda é difícil me declarar para outro homem, droga!
_ Tudo bem, meu amor! Eu estou te ouvindo, e sinceramente sou o homem mais feliz nesse momento. Sabe o quanto esperei e sonhei com esse momento?
_ Sei que demorei… Eu já sabia que você era mais que um amigo para mim. Mas desde que voltamos a conversar eu estou só esperando o momento certo para fazer isso, e precisei ser displicente para não deixar você perceber.
_ Eu não estou acreditando, juro!
Wesley se levantou e foi até a mesa de cabeceira ao lado, abrindo uma gaveta e retirando um saquinho de pano transparente, delatando seu conteúdo.
_ Não! Não, nem fudendo! Wesley!!!?
_ É isso mesmo!
O maior retirou do saquinho dois anéis prateados, brilhavam de longe.
_ Wesley, não!
_ Se você recusar, eu vou te jogar dessa janela!
_ Você tem certeza, disso? E se depois perceber que é só a sua curiosidade…
_ Para de ser tão ingênuo! Eu nunca te beijei por curiosidade! Queria mesmo era experimentar o seu sabor, e isso me ajudou a tomar minhas decisões… Infelizmente você enfiou um cara entre a gente, mas eu não vou deixar aquele boliviano atrapalhar nós dois.
_ É paraguaio!
_ Que se dane! Você aceita? Aceita namorar comigo, e ser mais que meu amigo, mas o meu homem, Júlio César Sales?
_ Eu aceito! É claro que aceito! Wesley Reis Albuquerque!
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NOSSO PRIMEIRO ASSASSINATO - Parte 1 (Drama Gay)
RomanceUm romance quase inocente, unindo o silencioso Júlio César, aos braços de seu imponente amigo, Wesley Albuquerque. O que o amor cultivou de um lado, se confrontando com a colheita já bem preparada, pela raiva e ódio. Após alguns acontecimentos...