O coelho em apuros

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   Já era tarde quando o menor abriu os olhos. Ele logo notou que seu namorado ainda dormia, e ficou o observando por um tempo.
  Ele estava nú ao seu lado, e agarrado ao seu corpo. Aqueles cabelos loiros e brilhantes, a pele sensível, os traços másculos de seu rosto, e braços fortes.
  “ Deus me livre, que delícia de homem! “
  Wesley se moveu e abriu os olhos.
  _ Boa tarde, amor!
  _ Tarde… Já são quantas horas?
  _ Não faço ideia, mas minha mãe já fez o almoço pelo que parece.
  _ Preciso me levantar para ir embora.
  _ Wes, fica aqui hoje, poxa!
  _ Não posso, Ju. Preciso mesmo ir ajudar meus pais, e acalmar os ânimos por lá.
  _ Entendo… Mas me promete que volta assim que der?
  _ Vou voltar sempre!
  Eles se beijaram, e depois que sairam da cama e se vestiram, almoçaram juntos.
  _ Caraca! Eu me esqueci…
  _ Do quê? - Wesley o perguntou na mesa.
  _ Hoje é a tal festa que a Felicia me chamou.
  _ Ah sim… E você vai?
  _ Claro que não! Ainda mais agora que Ravi deve estar querendo me ver morto.
  _ Acho melhor mesmo que não vá, porque eu não vou poder estar contigo.
  _ Só estou preocupado com ela, Wesley. Não queria a deixar ir sozinha com aquele troglodita.
  _ Eu sei. Mas definitivamente, você não vai!
  _ Droga! Nem que seja bem rápido?
  _ Nem assim. Você irá ficar quietinho em casa, hoje!
  O menor ficou mal, mas somente porque queria cuidar de Felicia. Mesmo depois de tudo que ela o disse, não conseguia nutrir sentimentos ruins.
  _ Tudo bem, eu ficarei em casa. - Júlio, mentiu. _ Você pode me passar o número da Sara?
  _ Para quê?
  _ Eu vou pedir desculpas a ela, mas não sei fazer isso pessoalmente. Então vou deixar uma mensagem, agradecendo por ter apoiado a gente…
  _ Não tem necessidade disso, amor.
  _ É importante para mim, por favor!
  Wesley desbloqueou o celular e entregou ao menor, que foi aos contatos e copiou o número dela.
  Depois que se despediram, o jovem voltou para dentro de casa, pegando seu celular e enviando uma mensagem.
  Não demorou muito, e ele estava chegando na cafeteria se sentando em seguida com ela.
  _ Oi Sara!
  _ Oi… O que tinha de tão importante para falar comigo?
  Ela o olhava com desconfiança.
  _ Eu sei que… Nunca fomos próximos. Mas eu primeiramente gostaria muito de te agradecer pelo que fez.
  _ Fala sobre?
  _ Wesley me contou que conversaram, e como você foi super fofa, ao entender a gente.
  _ Não precisa agradecer. Eu gosto muito dele, e só quer o ver feliz.
  _ Sim, é exatamente isso! Você cuidou muito bem dele, quando precisei estar distante. Foi bem difícil para a gente se entender, passamos por tanta coisa que você não tem noção. Então ver alguém sendo tão compreensível assim, realmente me toca muito!
  _ Eu sempre gostei de você Júlio. Via como Wesley e Felicia cuidam de você, como se fosse o bebezinho deles, e isso era bem engraçado! Mas então você começou a virar a cara para mim sempre que tentava me aproximar…
  _ Eu te peço desculpas por isso…
  _ Imagina! Agora tudo faz sentido. Você o ama, e tem ciúmes. Eu estava gostando demais, de sair com ele, mas agora espero que o faça feliz por mim.
  Júlio chegava a sentir um pouco de vergonha, por a ter tratado tão mal, e nunca tentar dar uma chance. Sara era sim uma pessoa gentil, e fofa.
  _ Obrigado de coração. Não quero que se afaste da gente, e prometo que vou me dedicar em ser seu amigo. Faço questão disso!
  Ela sorriu para ele.
  _ Mas só queria me pedir desculpas? Poderia ter enviado uma mensagem, não é!?
  _ Prefiro fazer isso pessoalmente. Mas não é só… Eu queria te pedir um favor, que talvez só você possa fazer por mim.
  _ É algo muito sério?
  _ Não exatamente. Mas estou preocupado com Felicia, e brigamos feio por conta do Wesley porque ela não quer aceitar nosso relacionamento. E por outro tem aquele Dilan…
  _ Não suporto ele!
  _ É um completo babaca! Mas ela está apaixonada por ele, e não vai querer me dar ouvidos agora.
  _ Você tem medo, que ele faça mau a ela?
  _ Também… Ou que ela se machuque por conta própria. Você sabe onde vai acontecer essa festa, que ela disse que irá hoje?
  _ Claro! Conheço um pessoal que vai.
  _ E poderia ficar de olho nela, por mim?
  _ Acho que seria melhor que você fosse, não!?
  _ Wesley não quer me deixar ir…
  Sara pensou.
  _ Se fosse eu, iria. Podemos ir juntos, e se der algum problema, eu digo que insisti para ir comigo!
  _ Não quero te meter em confusão. Você não sabe como aquele grandão fica, quando o assunto sou eu…
  _ Na verdade, já o vi brigando por você. Como Felicia diz, ele não tem controle… Mas pensa a respeito de ir comigo, e me avisa.
  Eles se despediram, e o menor retornou para casa. Estava satisfeito por ter conversado com Sara, mas a ideia de ir até a festa ainda o parecia mais agradável, do que ficar em casa.
  Ele poderia ficar de olho na amiga, e ainda tentar se desculpar com Ravi, sem Wesley por perto para os atrapalhar. Dois coelhos numa cajadada só! Ou só duas oportunidades de cair em uma enrrascada.
  O tempo foi passando, e depois de muito pensar, decidiu por ir à festa em segredo.
  Sara e Júlio marcaram de se encontrar às 21:00hrs, então ele se arrumou bem antes. No entanto, nada de ela chegar.
  Já se aproximava das 22:00 horas, quando ela respondeu sua mensagem, e disse que ia se atrasar um pouco porque o pneu do carro de seu pai estava furado, mas na se encontravam na oficina para o trocar.
  23:00 horas e finalmente o interfone tocou, ele desceu correndo, para entrar logo no carro.
  _ Desculpa a demora! Está bem?
  _ Sim! Tudo bem…
  _ Tenho notícias da festa, estão enfiando a cara na droga lá!
  O pai dela a olhou com reprovação.
  _ Relaxa, pai! Não uso essas merdas. É só que estamos preocupados com nossa amiga.
  _ Ela não teria coragem de usar qualquer coisa que fosse.
  _ Então… Ela parou de me responder, está lá desde as 20:00 hrs, e no áudio está completamente bêbada!
  _ Felicia…
  O carro seguiu por algumas ruas, estavam em uma área mais afastada da cidade. Chegaram próximo a um lugar onde muitos carros estavam estacionados, e o pai de Sara os deixou ali.
  _ A festa é lá na frente.
  _ Vamos ir andando, e eu estou com muito medo de não me deixarem entrar…
  _ Claro que vão! A essa hora estão todos bêbados, nem vão te notar.
  Quando chegaram perto de uma casa grande, foram entrando pela porta, e precisamente Sara estava correta. Várias pessoas bêbadas jogadas pelos cômodos, uma música alta, e um cheiro particular de maconha por todo lado.
  _ Meu deus! Que foi que deu na cabeça desse povo?
  _ O quê? - Sara quase não o ouvia. _ Acho que vou pegar algo para beber primeiro!
  _ Tudo bem! Vou ver o que encontro por ali, e nos encontramos já!
  Ela seguiu para a copa da casa, onde tinha algumas bebidas sobre a mesa, e muita gente em volta. O menor foi em direção à cozinha e tinha certeza de que encontraria o que buscava. Dito e feito!
  Foi notado assim que chegou no local.
  _ Olha só, quem resolveu dar as caras!
  _ Ravi… Podemos conversar?
  O moreno estava alterado, e com o olhar cansado.
  _ E o que eu teria para falar, contigo?
  _ Eu sei que está com raiva, e não tiro sua razão. Mas me deixa ao menos me desculpar…
  Eles se aproximaram, e Ravi colocou a mão em seu peito.
  _ Eu deveria… Te bater muito, Júlio César. Talvez eu faça isso!
  _ Acha que vai te fazer se sentir melhor?
  _ Nao. Mas eu deveria…
  _ Você está fedendo a bebida e cigarro, meu deus! 
  _ Porque está aqui?
  _ Quero te pedir desculpas pelo que aconteceu… Eu não esperava que Wes estivesse planejando me pedir em namoro naquele dia. Íamos apenas conversar…
  _ Júlio eu estava apaixonado por você. Estou… - Ele cuspiu no chão. _ Mas você acabou comigo. Não quero perder tempo com alguém como você.
  _ Ravi…
  _ Júlio! - Sara apareceu atrás do menor. _ Eu não estou a vendo em lugar nenhum!
  Ele a olhou preocupado.
  _ Onde está Felicia, Ravi?
  _ Sei lá… Deve estar com meu irmão nos quartos de cima. Porque?
  Sem dar explicações, Júlio saiu apressado, seguido por Sara e Ravi. Subiram as escadas e foram esbarrando nas pessoas no andar de cima, entrando quarto por quarto.
  Até que chegaram na última porta do corredor, e ele abriu de uma vez só.
  A cena que viu foi completamente revoltante…

NOSSO PRIMEIRO ASSASSINATO - Parte 1 (Drama Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora