Novo protetor

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   Ele chegou na faculdade e se surpreendeu ao ver que teria companhia novamente.
  Wesley estava sentado em sua cadeira, na mesa que dividia com o menor, e brincava com a ponta da caneta na boca.
  _ Finalmente retornou! Está bem?
  O loiro o olhou por cima do ombro, e pela primeira vez em todos os anos de amizade, o ignorou propositalmente. Continuou a brincar com a caneta na boca.
  _ Bom dia, Júlio! - Felicia atrás dele disse, e ele a ignorou, gostou de ter descontado aquilo em alguém.
  _ Wes, me empresta sua caneta vermelha? A minha estourou aqui.
  Sara o chamou, e rapidamente ele levou a mão a entregando a caneta, isso deixou Júlio César furioso.
  _ É sério isso? Vai me ignorar, e responder ela? Ainda usando o meu apelido que te dei?
  _ Credo, Júlio! - Ela disse. _ Ninguém me avisou que era proibido chamar ele de “Wes”.
  _ Não se preocupa Sara. Me chame como preferir.
  Wesley a fez sorrir, ao dizer isso.
  _ Não quer mais conversar comigo?
  _ Júlio César, eu estava alucinando quando você disse que não era mais, para eu te procurar?
  Júlio se lembrou desse detalhe, não estava habituado a ser tratado com tanta indiferença pelo outro, e isso arranhava seus sentimentos por ele.
  _ Não, não estava alucinando… - Ele abaixou a cabeça, tristonho.
  Felicia jogou a caneta que estava na sua mão no chão, e saiu apressada da sala, não pareceu estar contente. Sara fez com que ia atrás dela, mas Wesley a olhou com reprovação, e ela tornou a se sentar. Sobrou para o menor.
   _ O que aconteceu?
  Quando chegou no corredor, a viu sentada em uma cadeira de plástico próxima à máquina onde retiravam refrigerantes.
  _ Tudo está uma merda! Estou triste…
  _ Você pode compartilhar comigo?
  _ Agora quer saber? Te vi me ignorando a pouco, quando o dei um simples “bom dia".
  _ Você sabe o que está acontecendo…
  Felicia coçou a cabeça.
  _ Mano, eu só tentei ajudar. Jamais iria imaginar que um dia veria você e ele virando a cara para mim.
  _ Felicia, isso não é sobre você.
  _ Mas de repente, parece que o elo que segurava nossa amizade, era vocês dois, e eu estava no meio de enfeite. Foi só pararem de se falar, e eu fui excluída sem nem poder me defender!
  _ Eu só estou chateado com tudo. Não tenho intenção de acabar com nossa amizade.
  _ Mas ele… já era.
  _ Você conhece Wesley. Quando pega birra com algo, não raciocina nada, dê tempo a ele.
  _ Eu não quero ficar sozinha… Vocês são os caras que escolhi para estar junto.
  _ Eu também escolhi vocês. E graças aos seus conselhos, tomei a decisão de me afastar do cara que amo. Espero que esteja certa, porque eu não te perdoaria se…
  _ Júlio, se acha que não deve fazer isso… Conversa com ele, e vê se conseguem melhorar.
  _ Conversamos. Disse olhando nos olhos dele que o amo, mas ele não pode me corresponder, foi quando percebi que o erro estava em mim o tempo todo.
  _ Sinto muito amigo…
  _ Você não sabe o quanto tá doendo… Não sinta.
  Felicia colocou a cabeça entre os joelhos, e o menor se ajoelhou para a abraçar.
  Ficaram um tempo assim, até que ouviram alguém de aproximando.
  _ Ei, você! Comigo!
  Dilan foi passando, e puxou o menor pela gola da camisa. O menor se levantou e tirou a mão do outro, reclamando.
  _ Me solta, o que está fazendo!?
  _ Vamos ter uma conversa, agora!
  _ Não tenho nada para falar com você.
  _ Quer mesmo fazer do jeito difícil? - Dilan fechou o punho, ameaçando o golpear a qualquer momento, caso não o acompanhasse.
  Júlio César olhou para a amiga, e saiu andando para fora do prédio.
  Eles foram até um canto, onde ninguém poderia os interromper, e Dilan começou.
  _ Eu quero que dê afaste dele, está entendendo?
  _ Não sei do que está falando.
  _ Não se faça de desentendido! Eu sei que esteve na minha casa ontem. E não vou permitir que isso aconteça!
  _ Porque? Foi seu irmão quem me convidou. Eu não vou obedecer a você!
  Dilan fechou a mão novamente, o menor ficou apreensivo.
  _ Ravi não sabe o que está fazendo. Ele pode gostar de foder uns caras de vez enquando, mas não vai ser com um bostinha que nem você!
  _ Você quer escolher, com quem ele fica? Acha que ele vai aceitar você ditando com quem fica ou não?
  _ Claro que não. Conheço bem o irmão que tenho, mas… Se não posso fazê-lo me ouvir, posso muito bem te forçar a nunca mais encostar nele.
  _ A é? Isso é uma ameaça?
  _ Já estou sabendo, que o seu guarda costas não está mais andando com você. - Júlio se lembrou de Wesley, e que provavelmente Ravi o contara sobre não estarem se falando. _ Se Bruno foi capaz de quase quebrar sua costela, não vai querer pagar para ver o que posso fazer com essa sua cara!
  O menor engoliu seco. Dilan saiu andando, e ele ficou parado ali por um tempo, assimilando tudo o que está em jogo, caso escolhesse continuar saindo com Ravi.
Era horrível pensar dessa forma, mas ele tinha que concordar… Sem Wesley por perto, ele nunca estivera tão vulnerável.
  Mais tarde o próprio Ravi o procurou no fim da aula, para conversarem no gramado.
  _ Te procurei hoje para ficarmos juntos, onde estava?
  _ Tive de lanchar na sala.
  _ Olha Júlio, não quero ser chato contigo mas… Você é tão escorregadio, vive sumindo e isso é bem desagradável!
  _ Me desculpa cara! É só que, quando acho que estou resolvendo um problema, vem outro maior ainda para me perturbar.
  _ O que foi, dessa vez?
  Ele tomou coragem para contar, mas tinha de buscar abrigo em alguém, ou seria massacrado.
  _ Seu irmão… Ele me chamou para conversar, e disse que não quer a gente junto.
  _ Quê? Dilan disse isso?
  _ Sim. E me ameaçou, caso não fosse feito. Você provavelmente contou para ele que não estou mais falando com Wesley, e agora ele e Bruno provavelmente, já sabem que podem me quebrar todo quando bem entenderem .
  _ Você tem tanto medo deles assim?
  Júlio César riu.
  _ Você se lembra do que aconteceu com minha costela? Com meu rosto? E antes de eu te conhecer, em uma vez que me pegaram no intervalo, e Bruno esfregou minha cara na parede como se fosse um porco. Óbvio que eu tenho medo!
  _ Ninguém vai fazer nada contigo, relaxa!
  _ Desculpa mas, eu me afastei da única coisa que os mantinha quietos e mesmo assim me batiam quando tinham oportunidade.
  _ Você acha que só ele pode te defender? Que eu não vou fazer nada em relação a isso?
  _ Se você se envolver, vão se revoltar e pode sobrar para ti também…
  _ Vou me envolver, e te pedir para parar de ficar sumindo assim. Já te assumi para quase todo mundo dessa faculdade, e eles vão ter que respeitar você!
  Júlio César sorriu, e abraçou o outro.
  _ É muito bom, saber que posso contar contigo! Me protegendo assim, eu penso até melhor naquele lance de namoro…
  _ Sério? Você aceitaria? - Ravi nunca sorrira com tanta felicidade. 
  _ Ainda é cedo, mas um dia vamos sentar e conversar melhor sobre isso, tudo bem!?
  _ Claro! Estou muito feliz só de te ouvir dizer isso!
  Júlio César o deu um rápido beijo na boca, e se despediu, indo em direção a sua casa.
  No caminho ele respirou fundo, e tentou manter a calma. Sabia que não era certo mentir para Ravi, ou o manipular dessa forma para ter alguém o protegendo. Mas quando não se tem um cão, você caça com o gato!
 
  Estava limpando a casa, mais tarde, quando recebeu uma ligação do moreno. Ele deixou a vassoura de lado, e o atendeu.
  _ Olá?
  _ Vamos nos encontrar hoje?
  _ Hoje? Que horas?
  _ Pode ser às 22:00hrs? Te pego aí de carro.
  _ Ravi, amanhã temos aula. Não posso ficar até tarde na rua.
  _ É muito importante, não recuse! E por favor se vista adequadamente. Vamos em uma casa noturna.
  _ Uma o quê?
  _ Boate, Júlio! Até a noite!

NOSSO PRIMEIRO ASSASSINATO - Parte 1 (Drama Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora