Café

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   Não havia lugar melhor no mundo para se estar. Ele não era, definitivamente, perfeito. Mas Wesley era o tipo de homem que te trás toda a segurança de que precisa, em qualquer momento de sua vida, a mesmo tempo que te desestabiliza de uma forma que somente ele, sabe te remontar por inteiro.
  Era assim que Júlio César se sentia nesse momento. Reconstruído, com suas peças no lugar.
  _ Tem certeza, de que quer fazer isso…?
  _ Acho que sim. Não tenho muito para onde correr…
  _ Sou tão especial assim, para você?
  _ Wesley, eu não conheço mais a vida sem você. É tudo tão chato, e simples.
  _ Mas o que você vai fazer em relação a esse sentimento?
  _ Eu posso conviver com o fato de que gosto de você, meu problema maior era, não entender o quanto era ruim viver sem você, gostando de você!
  O meior riu.
  _ Talvez eu esteja, reavaliando o que sinto por você, também.
  _ Não se cobre, por favor! Iria ser bem ruim, saber que você é apaixonado por mim, só porque eu sou por você.
  Wesley tirou a cabeça da barriga do menor, e o olhou nos olhos.
  _ Não quero te perder, e você sabe que eu faço qualquer coisa para que isso não aconteça!
  _ Por isso pensou em fode, comigo?
  O loiro riu novamente e moveu uma mão, pegando no membro do menor que estava até bem estimulado, de baixo de seu peito.
  _ Pensei em foder contigo, porque você é sexy!
  _ Tira a mão daí!
  _ Acho que prefiro, sua bunda… - Ele pareceu analisar.
  _ Opa! Estamos falando muito nisso, não é!?
  _ Foda-se!
  Wesley ergueu o corpo, e antes que Júlio César pudesse ter qualquer reação, ele lhe deu um beijo na boca. Saindo em seguida para um abraço apertado.
  _ Você não está facilitando as coisas, para mim.
  _ Por favor, nunca mais se afasta de mim, Ju!
  _ Não pretendo. Mas vamos com calma, tudo bem?
  O maior assentiu.
  Ele foi embora pouco depois disso, e foi bem difícil de escapar daqueles vários abraços apertados no portão.
 
  O jovem iniciou as atividades no outro dia, ao chegar na faculdade.
  Foi correndo se sentar ao lado de seu amigo, que hoje voltou a sorrir quando entrou na sala, mas não se falaram diretamente.
  Eles estavam jogando um jogo de fingir para todos que tudo continuava igual. Júlio escrevia pequenas mensagens em uma folha do caderno, e passava para que o outro lê-se em segredo, na maioria eram xingamentos e eles riam contidos.
  _ Júlio, preciso te contar uma coisa! - Felicia o chamou por trás.
  _ O que é?
  _ Ele me chamou para irmos a uma festa, na casa de um amigo…
  _ Ele? Ah sim! - Júlio se lembrou de Dilan. _ E você vai?
  _ Sozinha não, mas você e Ravi…
  Wesley prestou atenção na conversa.
  _ Acho melhor não… Já te disse que não confio nesse cara, nem sei porque continua saindo com ele.
  Wesley riu. E ela o olhou.
  _ Achei que estivesse tudo bem, agora. Eu não queria ir sem você.
  _ Definitivamente não.
  Ela se recolheu em seu lugar novamente, e assim ficou até o intervalo.
  Ravi os encontrou e acompanhou até a saída para o gramado.
  _ Meu irmão pediu mesmo para te convidar…
  _ Ravi não fala mentira.
  _ Tá… Ele sabe que Felicia não vai se você não for. E eu quero ir acompanhado também!
  _ Vocês não tentam me entender… Eu não sou bem vindo nesses lugares! Não sabem o que eu passo quando não tem ninguém olhando!
  _ Júlio, mas tem alguém fazendo algo contra você? - Felicia questionou, o menor não queria se indispor.
  _ Não. É só coisa da minha cabeça… Vou pensar a respeito disso, prometo!
  Olhando para o outro lado, viu quando Wesley e Sara desceram as escadas. O maior o olhou e deu um rápido tchauzinho, Júlio sorriu.
  _ Porque está rindo para eles? - Ravi perguntou.
  _ Quê? Só estava olhando… Eles até que formam um belo casal, não acham?
  _ Não mesmo! - Felicia se adiantou. _ Eu adoro minha amiga, mas não entendo como Wesley ainda não a mandou sair da cola dele.
  _ Mas ele deve gostar dela…
  _ Júlio, ele só está a usando porque não tem você.
  Ele poderia ter se poupado de questionar, mas tinha no fundo essa curiosidade, e queria a saciar.
  _ Porque você sempre fala do Wesley, como se ele quisesse por puro deleito, se aproveitar de qualquer um que se aproxime?
  _ Não, eu não quis dizer…
  _ Tome mais cuidado com o que fala. Espero não ter de ouvir isso novamente!
  Ela murchou toda, e Ravi se compadeceu.
  _ Não precisa falar assim, com ela. Talvez foi só modo de dizer, mesmo.
  _ Não, Ravi. E não fale o que não sabe.
  Eles notaram que estavam na hora de retornar para a sala, e assim o fizeram.
  Sentados, Felicia novamente pediu desculpas ao menor, e ele disse que estava tudo bem, apesar de não estar.
  Wesley discretamente o chamou a atenção, e mostrou a página escrita em seu caderno.
  “Café, 14:30hrs”.
 
  A tarde chegou e depois de almoçar, o menor se arrumou para ir até a cafeteria, e chegar no horário marcado.
  Quando ia saindo, encontrou com seu pai que trazia algumas sacolas em uma das mãos.
  _ Júlio!? 
  _ Que está fazendo aqui?
  Ele observou seu pai de cima a baixo.
  _ Só passei para deixar umas coisas, queria conversar contigo também.
  _ Não tenho tempo.
  _ Júlio, eu queria muito me aproximar de você, mas está sempre tão irritado comigo!
  _ É atoa? Você sabe bem o que fez!
  _ Eu e sua mãe já estamos nos acertando, gostaria que você fosse mais receptivo.
  _ Não força a barra, cara! Eu sei que está tentando voltar com ela, mas vou te avisar, se machucar ela de novo seja como for… Eu vou acabar com você, pessoalmente!
  Ele deixou o pai no portão, e saiu andando.
  Se aproximando da cafeteria, já pode ver o outro, e foi sorrindo até se sentar de frente a ele.
  _ Não vai pedir o café hoje?
  _ Acho que vou quebrar a tradição.
  Wesley riu.
  _ Vamos ficar nesse joguinho de fingir estar brigados, até quando?
  _ Eu até que achei divertido, hoje! Mas relaxa, não precisamos ficar fingindo, se você não quiser.
  _ Desde que a gente possa continuar se vendo, está tudo bem.
  _ Wesley, você tem estado tão mais calmo. Percebeu isso?
  _ Se for ruim, posso voltar a socar as paredes sempre que te ver abraçado com aquele mexicano safado!
  _ É peruano, não mexicano! - Eles riram. _ Vou precisar puxar os cabelos da Sara, sempre que a ver agarrada no meu homem, então.
  _ Eu sou seu homem?
  _ É, cala a boca! Mas falando sério… O que está rolando entre vocês?
  Wesley tomou um gole do café.
  _ Na verdade, nada de especial. Ela é muito legal, mesmo que seja grudenta… Mas a gente já conversou sobre não ficar mais, o que quer dizer que estamos criando uma amizade bem bacana!
  _ Bem bacana… Eu não tenho nada contra ela, tirando o fato de ficar se jogando em cima de você o tempo todo. Isso é tão irritante!
  _ Ora! Estão estamos na mesma, porque esse peruano me dá nos nervos… Ele fica sempre lá de sorrisinho para você, e fede a algo que eu não gosto.
  _ Vamos concordar que não gostamos das pessoas, que o outro se envolve.
  _ Sim! Lembra daquela menina magricela que me beijou em uma festa, uma vez?
  _ Aquela se esbarrou em mim, e derramou minha bebida toda em suas costas?
  _ Ah para! - O maior gargalhou. _ Você atirou o copo na garota, seu ciumento!
  _ Tá… Achei cafona o vestido dela, e a ajudei a ter um motivo para ir embora mais cedo.
  _ Pois é… E depois fomos juntos para aquele mirante, ficar deitados, bêbados, olhando o céu nublado.
  _ Foi perfeito. - Júlio ficou compenetrado nas lembranças, de tantos momentos incríveis que viveram juntos.
  _ Precisava muito falar contigo, sobre a Felicia…
  _ Wesley, eu não quero vocês falando mal um do outro para mim. Você bem que podia a perdoar, agora que já estamos bem.
  _ Não tenho vontade! O que ela fez foi muito feio e corrupto. Eu jamais tentei me enfiar nas relações dela, e foi logo envenenar você, contra mim…
  _ Ela só tentou me ajudar, e funcionou. Olha como estamos bem, não brigamos…
  _ Mas doeu, e preciso do meu tempo.
  _ Tudo bem, está no seu direito. Mas o que tem a falar dela?
  _ Felicia está mesmo ficando, com aquele Dilan?
  _ Sim, como sabe?
  _ Sara me conta as coisas…
  _ Bom… Eu já pedi para parar, mas ela não quis me ouvir.
  _ Escuta, esse cara não presta! Olha só onde essa garota tá se enfiando…
  _ Eu sei! Mas adianta falar algo? Eu não sou bom em dar um choque de realidade, por isso seria bom se você conversasse com ela.
  _ Sem chance! Depois de tudo que ele fez pra gente…
  _ Ela está apaixonada por ele, isso é nítido!
  _ Precisamos fazer eles se afastarem…

NOSSO PRIMEIRO ASSASSINATO - Parte 1 (Drama Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora