Intrusa

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_ Estou te dizendo, ele me segurou pela cintura e juro que ia me agarrar alí mesmo.
_ Mas Júlio? Isso é tão louco, não acha?
O menor e Felícia estavam na cafeteria conversando, enquanto esperavam o café ficar pronto.
_ É o que estou me perguntando… Como ele sabe?
_ Não sei. Vocês gays não tem aquele gaydar? Ele deve ter sentido seu feromônio super gay. - Ela riu.
_ Para com isso! Eu não pareço não gay assim…
_ É para eu dar minha opinião? - O menor a olhou com julgamento, e esperou que a atendente deixasse os cafés na mesa e saísse.
_ Felícia eu tento me controlar tanto, você sabe. Se esse menino descobriu isso, ele pode acabar contando para todos.
_ Júlio porque tem tanto medo? Você já disse que sua mãe te perguntou uma vez sobre isso, e ela não parece ser do tipo preconceituosa.
_ Porque eu ainda não confirmei… mas é que eu não estou pronto, sei lá…
_ Uma hora você vai ter que falar. Imagina só você tem mais de 20 anos e só beijou um garoto na vida!
_ Xiu! Fala baixo!
Ele tomou um gole do café, ficava nervoso sempre que falava sobre isso.
_ Você nunca me disse, como foi…
_ O quê Felícia?
_ Ué, o beijo.
_ Foi normal, eu acho…
_ Você sempre fica vermelho quando tenta contar.
_ É que… Caraca Felícia. Como eu vou te explicar, que aquilo foi a melhor experiência que já tive até hoje? Nossa é constrangedor falar porque, foi absurdamente sexy e intenso o beijo.
_ Meu deus! Me passa o contato desse menino, preciso experimentar isso. - Ela brincou.
_ Estou falando sério. Eu queria tanto ter a chance de encontrá-lo novamente, e fazer… Você sabe.
_ O quê?
Ele corou mais ainda.
_ Sexo, né. Queria saber como é.
_ Ah cara, você está tão gay agora!
_ Felícia!
Eles riram, e continuaram o papo por mais um tempo, até saírem e se dirigirem para casa.
Felícia morava na rua atrás da de Júlio, e ele hoje a acompanhou até lá.
_ Bom, chegamos. - Ela disse, no portão de sua casa. _ Quer entrar?
_ Não, eu vou para casa dar uma adiantada no trabalho.
_ Eu e Sara já praticamente terminamos, queria poder te ajudar.
_ Relaxa.
_ Mas amigo, não fica grilado por conta do que aconteceu. Com certeza esse menino só estava querendo te conhecer porque, cara você é um gatinho e cheira muito bem!
_ Cheiro?
_ Sim. E deveria se permitir conhecer outra pessoa, deve ser bem ruim ficar segurando todo esse tesão acumulado aí…
_ Felícia! Eu estou bem com isso, ok!?
_ É. Mas quando acontecer, promete me contar? Tenho fetiche em caras gays transando, e gosto de ver como você fica envergonhado ao contar.
_ Que horror! Você vai saber, mas sem nenhum detalhe. Agora vou indo.
Eles se despediram, e quando Júlio chegou em casa se enfiou no quarto, escrevendo e pesquisando as informações. Adiantando o que podia do trabalho que faria sozinho.
Sua mãe estava guardando algumas frutas na geladeira, quando o chamou para ajudá-la a fazer a janta. E ele começou descascando algumas batatas.
_ Acho que sua tia vai se dar bem agora com esse novo namorado, viu!
_ Ela sempre troca de namorado a cada 6 meses, mãe.
_ Não fale assim!
_ Mas é a verdade.
_ Tem razão. Ontem ela veio me perguntando se você não está namorando, sabia!?
_ Mãe, eu detesto quando se juntam para falar da minha vida, sabia?
_ É o que estamos fazendo aqui agora… Penso que está bom de batatas, coloque o óleo para esquentar, por favor.
O celular de Júlio tocou e ele viu ser Felícia. Ao atender, ele escutou uma música muito alta no fundo.
_ Ei amigo! - Ela gritou. _ Vamos sair hoje?
_ Quê? Onde está?
_ Estou em casa ainda, mas daqui a pouco vamos em um bar.
_ Acho que não, obrigado.
_ Vamos, por favor!
_ Felícia, vou jantar com minha mãe hoje.
_ Ah, tudo bem… Depois nos vemos.
_ Devia sair com seus amigos, filho. - Disse Dora, quando Júlio encerrou a ligação.
_ Não estou tão afim hoje, prefiro ficar com você e outro dia eu saio.
Dora sorriu, e foi para o fogão ligar o fogo onde estava a panela de óleo.
_ Você é um bom filho, sabia? Tenho muito orgulho da sua bondade.
_ Obrigado, mãe.
_ Vamos jantar e assistir a um filme.
Assim eles fizeram.

Na segunda-feira o jovem acordou cheio de sono, e foi andando até chegar na sala de aula.
_ Cara, você deveria ter ido com a gente! - Disse Wesley ao seu lado.
_ Ah, acredito que se divertiram muito mesmo. - Ele respondeu sem muita animosidade.
_ Sara estava com a gente, e eu não quero ser fofoqueira mas, teve até beijo. - Felícia bateu o ombro na amiga ao seu lado.
_ Ei, estávamos bêbados! - A garota ruiva respondeu.
Júlio riu, pois ela corou e ficou da cor dos cabelos, se lembrou de como ele também é tímido para falar dessas coisas.
_ Mas vocês se beijaram mesmo? - O menor perguntou.
Elas riram ainda mais.
_ Quê, claro que não Júlio! Quem deu o beijo foi a Sara e o Wesley.
Júlio parou de rir na mesma hora e olhou para o amigo. Wesley ria contido ao seu lado, e fingia estar prestando atenção na aula.
_ Ah, mas foi um beijão! - Felícia salientou.
Ele se virou para frente, e firmou os olhos em seu livro. Elas continuaram a cochichar e soltar risadinhas das quais o menor queria não estar ouvindo agora.
No intervalo ele foi puxado pelo braço pelo amigo para irem juntos ao gramado. Um sol matinal os esquentava hoje, e seus sanduíches estavam sendo devorados.
Júlio torceu para que não viesse, para que desviasse a rota, no entanto era inevitável já que Felícia balançava os braços desengonçadamente, chamando Sara para se sentar com eles.
_ Oi gente! Que estão fazendo? - Ela disse ao se sentar.
_ O de sempre, olhando as pessoas passarem e falando mal de todo mundo.
Sara riu, e jogou os cabelos para o ombro direito enquanto olhava para Wesley.
“ Droga ela está fazendo charme, não acredito! “ - ele pensou.
_ Mas temos que marcar algum dia, não é?
_ A gente não sai muito, mas acredito que podemos marcar de irmos juntos para a festa da Faculdade. Não é Wesley?
_ Por mim tudo bem, se estiver tudo bem para o Júlio…
O menor estava distraído e olhou ao ouvir seu nome.
_ Ah…
_ Imagina, o Júlio não vai se importar de mais alguém andar com a gente, não é!? - Disse Felícia.
_ Andar onde gente? Aqui?
_ Também. E vamos os quatro na festa, que acha?
Ele tentou se segurar, mas viu que a menina não parava de alisar os cabelos ao lado de seu amigo.
“ Meu deus, que patético.“ - ele pensou.
_ Felícia, é uma festa para ajudar os necessitados, não uma balada.
_ Mas vai ser aberta ao público, então podemos nos divertir também.
Júlio não a respondeu, e se manteve quieto até o fim das aulas.
Quando chegou em casa ele jogou a mochila na cama e deu vários socos no travesseiro, estava irritado sem saber o porquê. Mas aquelas risadinhas que ouvira mais cedo ainda o incomodavam muito.

NOSSO PRIMEIRO ASSASSINATO - Parte 1 (Drama Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora