Isso não é brincadeira

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_ Oi.
Júlio César retornou ao quarto, e quando abriu a porta viu o amigo já deitado em sua cama.
_ Você sim, demorou…
_ Desculpa.
O menor pegou sua samba canção que usava para dormir, e ia saindo do quarto para se vestir.
_ Onde está indo? Vista-se aí!
_ Não me olha!
_ Claro que não.
Wesley tampou o rosto com o edredom azul, e assim o outro teve coragem de retirar a toalha virando se de costas. Ele se secou, e vestiu a samba canção, deixando a toalha presa à porta do guarda roupas em seguida.
Ao se virar, viu que seu amigo o olhava com atenção.
_ Wesley …
_ Que bunda linda você tem.
_ Para!
_ Que é? É tão lisa, e você tem duas pintas do lado esquerdo.
_ Vou te sufocar aí se continuar a falar da minha bunda.
Júlio se aproximou e deitou, dessa vez deixou o canto para o amigo. Eles ficaram de lado na cama, e Wesley ergueu o braço por baixo do travesseiro, para que o menor pudesse repousar sua cabeça sobre ele.
_ Está com sono?
_ Sim. Minha mãe pediu para passar a pomada no machucado, mas me esqueci…
_ Eu te ajudo.
_ Não precisa, sério mesmo.
Wesley se levantou, não dando ouvidos ao outro e foi até a cômoda, onde já tinha avisado a pomada.
_ Vire-se.
Júlio reclamou um pouco mas trocou de lado e ergueu o braço. O maior retirou uma quantidade da pasta e começou a esfregar pela mancha que já estava bem mais leve.
_ Aí, droga! Você é muito bruto.
_ Desculpa, eu estou acostumado a amassar massa de pizza na mão.
_ Eu não sou uma massa de pizza, e sinto dor.
Eles ficaram em silêncio enquanto Júlio recebia a massagem. Quando terminou, o loiro virou o menor de barriga para cima e sentou-se em suas partes íntimas.
_ Que está fazendo?
_ Nada… Só te olhando.
_ Wes, sai daí…
_ Que foi? - Wesley ainda sentado em cima dele, repousou seus braços no travesseiro, aproximando seus rostos. _ Quais as chances de seu pau crescer, se eu ficar aqui te esfregando?
Júlio ergueu os braços e empurrou ele de cima, o fazendo se deitar no canto da cama novamente. Apesar de Wesley rir, ele não havia gostado da brincadeira.
_ Você acha que eu sou algum tipo de experimento sexual? Babaca!
_ Ei, foi mal… Só estava brincando contigo.
_ Isso não é brincadeira.
_ Porque? - O maior o abraçou por trás, formando uma conchinha. _ Ele cresce se eu te toco, não é?
_ Wesley, que droga!
_ Está bem, eu paro.
Alguns minutos depois, a mão do maior desceu dos ombros do menor, e foi até sua barriga o pressionando levemente.
Júlio César arredou levemente o quadril para trás, e então pode sentir algo que se mexia alí.
_ O que está fazendo, Wes?
_ Só queria você soubesse…
_ O quê?
_ Eu consigo ficar duro, quando você me toca assim…
Júlio engoliu um vazio agora, e quis pular dentro de um vulcão para abafar todos os pensamentos promíscuos que lhe passou.
Ficaram quietos, e rapidamente o maior caiu no sono, seguido por ele.

Os pássaros cantavam lá fora, e o quarto era invadido como toda manhã por alguns feixes de luz. Nenhum despertador fora necessário para que Júlio acordasse, pois sentiu quando o outro jogou uma de suas pesadas coxas sobre ele.
_ Wes, acorda. - Ele cutucou o rosto do outro, que reclamou.
_ Não quero sair daqui.
_ Precisamos ir arrumar.
Quando ia se levantar, o menor notou algo de errado em sua barriga abaixo da bexiga. Algo meloso e frio havia manchado sua samba canção.
Com o susto ele levantou pegando a toalha e correu para o banheiro.
Um tempo depois retornou. Wesley já vestira sua calça jeans, e colocava sua camisa.
_ Porque saiu correndo para tomar banho a essa hora?
_ Na-nada… Senti que estava cheirando a pizza.
_ Para de fazer bullying com meu cheiro.

Eles terminaram de se arrumar e saíram, chegando rápido à faculdade.
Felícia estranhou os dois entrando juntos na sala.
_ Chegando juntos…?
_ Dormimos juntos. - Wesley se prontificou.
_ Hm… Como foi a noite?
_ Bacana. Nos divertimos bastante, não é baixinho!?
_ Ah sim! Tirando o fato de que ele roncou a noite toda.
_ Eu não ronco!
_ Ronca sim!
Sara os olhou com indiferença, e tentou puxar assunto com o loiro, mas ele não rendeu muito. As vezes parecia que ela a fazia ser invisível.
As horas seguiram, e no intervalo seguiram para o gramado, quando antes de se sentar Júlio César o viu.
Bruno estava de volta, e o encarava de cima das escadas da entrada do prédio. Nenhuma palavra foi dita, mas era possível decifrar aquele olhar de reprovação de longe.
_ Para de encarar! - Felícia chamou a atenção dele.
_ Ele olhou primeiro.
Quando se sentaram, Wesley fez um sinal com a mão e se levantou.
Júlio viu que ele estava chamando por Ravi, que receoso se aproximou.
_ E aí? - Ele disse.
_ Oi… Gostaria de te pedir desculpas por ontem. Estava irritado e acabei descontando em você, sabe como é!?
_ Ah… - Ravi sorriu. _ Tudo bem.
_ Quer sentar conosco?
_ Seria legal.
Ele cumprimentou a todos e se sentou ao lado do menor.
_ Como você está?
_ Bem melhor, eu diria.
_ Os machucados… ainda doem?
_ Um pouco, mas estou passando uma pomada que minha mãe me deu…
_ Eu estou passando, você quis dizer. - Wesley interrompeu. _ Esfreguei a noite toda esse corpinho magrinho.
_ É sério isso? - Felícia questionou.
_ Não. Quer dizer… ele me ajudou a passar ontem, mas foi rápido.
_ Depois passamos mais tempo deitados na cama, juntos. Mas confesso que dormir em uma cama de solteiro à dois é bem difícil quando se tem o meu tamanho… Fiquei a maior parte do tempo em cima do Ju, tadinho.
_ Wesley o que está fazendo? - Júlio estava completamente desconfortável.
_ Bom, eu acho que vou indo. Tenho que encontrar algumas pessoas que vão ajudar a organizar a minha festa.
_ Não vai agora, Ravi.
_ Que festa é essa? - Felícia perguntou.
_ Meu aniversário. Vamos comemorar lá em casa, e se quiserem ir estão convidados.
_ Claro que vamos! - Júlio César respondeu.
_ Então, vai ser temática. Homens de preto e mulheres de vermelho.
_ Vou de preto. A única peça vermelha que devo ter no guarda roupas é minha calcinha. - Felícia pareceu pensar nisso.
_ Ótimo, vou gostar de ver você lá então. - O moreno retornou de forma suspeita a ela.
_ Espero que tenha bastante bebida. - Sara disse.
_ Ah sim, vai ter! O que eu não quero é ver pessoas normais naquele lugar. Mas enfim, a festa vai ser provavelmente no sábado.
_ Está combinado então.
Ravi saiu sorrindo, mas Júlio ainda estava extremamente desconfortável.
_ Meninas… Poderiam me deixar a sós com Wesley, por favor?
_ Vão brigar de novo?
_ Não Felícia, pode ficar tranquila. É só papo de homem agora.
_ Porque vocês se levam tão a sério? Vamos Sara, acho que podemos ter um papo de mulheres em outro lugar…
Quando elas estavam em uma certa distância, Júlio começou.
_ Wesley, porque fez aquilo?
_ O que eu fiz dessa vez?
_ Tinha a necessidade de ficar falando que dormimos juntos, que passou pomada em mim?
_ Cara, vai brigar comigo por conta disso? Eu só falei o que a gente fez e não foi mentira. Ainda pedi desculpas ao cara.
_ Mas o jeito que você falou, até às meninas olharam estranho. Quer que pensem que estávamos transando ou qualquer coisa do tipo?
_ Eu não sou responsável pelo que eles entendem. Falei numa boa e você está me culpando.
Júlio César respirou fundo para se acalmar.
_ Você tem razão. Depois eu procuro ele e explico tudo.
_ Precisa?
_ Eu não vou deixar você me manipular assim.
_ Então vai atrás dele, eu vou procurar outro idiota para me importar!
_ Não me dê as costas, Wesley!
O maior saiu andando.
_ Não me tira, o que já é meu Júlio César!

NOSSO PRIMEIRO ASSASSINATO - Parte 1 (Drama Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora