Epílogo.

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Epílogo.

Reimaginando.

Setembro de 2031.

A POPULAÇÃO LOCAL da pequena cidade Holy Faith — Buckinghamshire, condado no sul do Reino Unido, Inglaterra — se encontrava fervorosa mais uma vez. Especialmente, os alunos da única escola de ensino médio. Era início de mais um ano letivo no mês de setembro de 2031.

A filha do médico pediátrico estava de volta!

A cidadezinha parecia ter sido esquecida por Deus e o resto da sociedade moderna, pois era como se tivesse parado no tempo e poucos aspectos foram tocados pela tecnologia. Em outras palavras, ali, quase nada mudava, acontecia ou era novidade. As novas gerações nasciam, cresciam e morriam praticamente no mesmo período. Poucos eram os espertos que iam embora em busca de outros horizontes, oportunidades de um futuro bem diferente do qual os seus pais, avós e tios tiveram. Além do mais, o clima parecia acompanhar a evolução lenta dos habitantes. Sol surgia incomumente poucas vezes durante todos os meses do ano, o que deixava o lugar quase tomado pelo frio, chuvas constantes e céu morbidamente cinza.

— Você é Tessália Gray? — Um garoto a bordou a menina, animadamente. Ela levou um pequeno susto e o encarou com uma carranca aborrecida. — Desculpe! Não era a minha intenção assustá-la. — Ele sorriu sem graça, com as bochechas coradas.

Tessa, como gostava de ser chamada, engoliu alguns palavrões e forçou um sorriso amarelo. Ela não gostava muito da cidade, embora morar com o seu pai fosse infinitamente melhor, menos tóxico e mais saudável para a sua saúde mental do que com a sua progenitora e o novo marido. O velhote, rico e esquisito demais, era o quarto homem que Amélia Davies, a mulher que a colocou no mundo, se casava e enfiava dentro da casa que ambas compartilhavam em menos de 3 anos. O ápice de sua mudança para aquele lugar retrógado, fora mais uma discursão horrível que aconteceu entre elas. A mulher fora homofóbica, como sempre, e não acreditou nenhum pouco nas palavras da filha.

Aquele velho asqueroso tentou me beijar à força e Amélia tivera a capacidade de afirmar que eu estava tentando roubar o seu marido. Além de ter me impedido de prestar queixa!, relembrou, amargurada.

— Está tudo bem com você? — O mesmo garoto balançou a mão na frente do rosto dela, tentando atrair a sua atenção.

Tessália piscou algumas vezes, recuperando-se da lembrança amarga, e forçou um segundo sorriso amarelo. Apesar de ser mais alto e gordo, o garoto parecia mais uma criança alegre do que um adolescente da sua idade. De certa forma, ela sentiu-se mais à vontade no lado dele em relação ao primeiro rapaz que a abordou assim que saiu da secretaria escolar.

— Sim, sou eu mesma. Mas, pode me chamar de Tessa. — Estendeu um braço, apertando a mão do garoto com confiança. — Como se chama, aliás?

Ele sorriu mais animadamente.

— Sou Jimmy. A diretora, vulgo a minha mãe, me pediu para te auxiliar na escola hoje. Bom, caso você precise ou queira, Tessa. — Explicou, envergonhado.

A Gray já conhecia a escola, pois a sua madrasta era uma das professoras e lhe ofereceu apresentação por todos os cantos na sexta passada. Contudo, resolveu aceitar a ajuda e ver se encontraria uma amizade naquele grande adolescente.

— Certo! — Sorriu mais uma vez. — Jimmy, preciso encontrar a sala de física, você poderia me ajudar, por gentileza?

— Claro, Tessa.

𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐚 𝐍𝐨𝐢𝐭𝐞 - 𝐴𝑙𝑖𝑐𝑒 𝐶𝑢𝑙𝑙𝑒𝑛 / 𝐿𝑒́𝑠𝑏𝑖𝑐𝑜Onde histórias criam vida. Descubra agora