Capítulo 13

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Os primeiros raios de Sol despontaram no horizonte, levando embora a madrugada e pintando com leveza no céu o início de mais um dia. Com os cotovelos apoiados no peitoril da janela, eu observava Alexandria ainda adormecida, as ruas vazias cobertas com uma camada sutil de neblina.

Um sorriso iluminou meu rosto quando uma figura esguia se desenhou no final da rua, o chapéu de xerife e a camisa azul se destacando na neblina. Desci as escadas o mais silenciosa que pude, saindo pela porta da frente e esperando o garoto na varanda. Ao chegar até mim, Carl apenas me abraçou, e eu me afundei no calor reconfortante de seu corpo sem contestar. Tão estranhamente íntimos em tão pouco tempo...

-E então, como foi a vigia? - perguntei quando nos afastamos, me sentando ao lado de Carl nos degraus da varanda.

-Chata, mas isso é um bom sinal... Quando se trata desse mundo, a monotonia é o mesmo que segurança. - ele respondeu com um sorriso cansado e bocejou de leve.

-Você deveria ir dormir... - resmunguei, sem querer bocejando também, Carl riu baixo.

-Pelo visto você também deveria... - o garoto levou cuidadosamente a mão ao meu rosto, meu coração errou uma batida com aquele gesto, mas então ele apenas ajeitou minha cabeça em seu ombro.

-Eu não posso dormir agora, tenho que estar no centro da comunidade em menos de dez minutos... Os "treinos" começam hoje... - expliquei, brincando com os poucos pelos espalhados pelo braço do garoto.

-Vou com você. - Carl ajeitou a postura de repente, e eu sabia o motivo de sua súbita preocupação.

-Não precisa disso, eu sei me cuidar, vou ficar bem. Você precisa descansar. - falei tranquila, apertando a ponta do nariz do garoto de brincadeira, ele segurou meu pulso com firmeza.

-Se te disserem qualquer idiotice, volte imediatamente para casa, está bem? - ele falou me encarando seriamente, mas mordeu de leve a palma de minha mão quando não respondi.

-Certo...! Eu volto! - falei rapidamente, um arrepio percorreu meu braço com a breve brincadeira do garoto e eu afastei a mão - Agora vá dormir, senhor arrasador de corações de Alexandria! - mandei, alfinetando o garoto com o acontecimento da festa na noite passada.

-Do que está falando? - o garoto Grimes perguntou, parecia genuinamente confuso.

-Você tem um gosto meio duvidoso para namoradas, deveria refletir sobre isso. - foi a última coisa que eu disse, com um sorriso forçado, antes de me afastar.

Ouvi Carl chamando meu nome, mas apenas apressei o passo, não admitiria nem a base de tortura o quanto fiquei incomodada com a ideia de Carl já ter namorado aquela idiota. Caminhei até o centro da comunidade em silêncio, com as mãos enfiadas nos bolsos, ignorando a pontada estranha de angustia em meu coração ao imaginar que Carl cedo ou tarde teria de namorar alguém. Talvez eu só tivesse medo de perder a amizade do garoto, mas no fundo eu sabia que algo estava errado comigo.

Deixando meus pensamentos confusos de lado, franzi o cenho ao encontrar Michonne e Carol no ponto de encontro em que havia marcado com Daryl e Tara, a esposa engraçada de Denise, na noite anterior. Michonne sorriu para mim e se aproximou, Carol a seguiu em silêncio com a expressão fechada.

-Bom dia, Clarisse. Pronta para começar? As pessoas já devem estar chegando. - Michonne perguntou gentil, parecia de bom humor, vê-la sorrir me deixou consideravelmente mais calma.

-Bom dia! Sim, estou pronta... Só um pouco surpresa, pensei que Daryl e Tara seriam meus "supervisores." - falei com um sorriso leve.

-Eles saíram, foram buscar o caminhão de suprimentos que ficou escondido depois da confusão. - Carol informou fria, assenti devagar.

Putrified Love - Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora