Capítulo 33

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Apenas alguns segundos depois da morte do inimigo, Enid se levantou do chão e pareceu sequer pensar antes de correr até mim e Carl, abraçando ambos fortemente com os olhos cheios de lágrimas. Retribuímos o abraço quase ao mesmo tempo e após alguns segundos ela se afastou chorando. Judith se debateu nos braços do garotinho que eu ainda não sabia o nome e assim que ele a colocou no chão, correu até nós o mais rápido que suas pernas pequenas permitiriam.

Carl caiu de joelhos no chão e abraçou a irmãzinha com força, mesmo com a pouca luz no ambiente pude ver uma lágrima fina e brilhante manchar seu rosto bonito. A criança estendeu os bracinhos pra mim uns instantes depois e eu também a abracei chorando. Judy não era minha irmã também, mas eu amava a pequena com todo o coração, e assim como era com Kalel... Daria minha vida por ela sem hesitar.

Quando a criança voltou para os braços do irmão, vi Jack se mover e choramingar no piso de madeira, corri imediatamente até meu cão apavorada com ideia de ele ter se machucado. Porém, o Golden Retriever pareceu apenas um pouco dolorido quando se levantou totalmente e se lançou contra mim, lambendo meu rosto e abanando a cauda.

-Estou aqui, garoto... Estou aqui...! Me desculpa por ter demorado... - falei entre soluços e beijinhos que deixava na cabeça do cão, Jack latiu para mim e eu o abracei afundando o rosto em sua pelagem dourada.

-C-como vocês... Eu pensei que estavam mortos, Rick disse que enterrou vocês! Eu chorei a morte dos dois! - Enid se fez ouvir quando foi capaz de diminuir o choro, suspirei me sentindo horrível pela mentira e estava prestes a explicar, quando ouvimos tiros e gritos não muito longe de nós.

-Enid, não é o momento, temos que sair daqui e rápido! - Mia se intrometeu, parecendo muito mais madura e determinada do que a garota que conheci pouco tempo atrás. Sua rápida evolução era simplesmente impressionante.

-Está bem, mas vocês vão me explicar tudo isso depois! - minha amiga bufou, chutando o cadáver do Salvador e tirando a pistola do mesmo.

-Como não encontramos vocês quando subimos? - perguntei, me dando conta de que Mia e as crianças estava no andar de cima, mas não os encontramos em nenhum cômodo.

-Tem um sótão na casa! - Carl respondeu por ela e a garota concordou com a cabeça.

-Certo, voltem pra lá e não saiam a não ser que os Salvadores encontrem vocês! Rápido! - falei rápido, notando os gritos do lado de fora cada vez mais próximos.

Carl hesitou quando Mia estendeu os braços para pegar Judith, parecia desolado com a ideia de ter que se afastar novamente da irmãzinha, mas ele suspirou e entregou a criança com cuidado à garota.

-Não se preocupe, vou proteger ela com a minha vida se preciso! Alexandria precisa de vocês! - Mia falou, com uma firmeza em sua voz e olhar que eu nunca imaginei que veria, estendendo a mão para que o irmão de Benjamin fosse até ela também.

Judith choramingou ao se afastar do irmão, mas ele a acalmou prometendo que voltaria logo, e eu fiz o mesmo com Jack, que seguiu mesmo que relutante as crianças e Mia de volta ao esconderijo após meu pedido.

-Vamos! - Enid chamou com urgência, tomando a frente do grupo até a porta dos fundos.

Assim que saímos da casa, o tiroteio recomeçou como por mágica, uma maldição pessoal do próprio capeta. Nos jogamos atrás de uma mureta quando uma rajada de tiros cortou o ar em nossa direção, aproveitando cada pequeno espaço entre os avanços inimigos para revidar. Carl foi o responsável por líquidar os dois atiradores com tiros certeiros, a raiva quase demoníaca queimando em sua íris azul me faria tremer em desespero se não estivéssemos do mesmo lado.

Putrified Love - Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora