Capítulo 35

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"E então, a princesa estendeu a mão para que o cavaleiro também montasse seu cavalo, e os dois fugiram juntos para a liberdade."

Finalizei minha curta história inventada, com a frase mais clichê que poderia, observando Judith já adormecida a minha frente, com Jack aninhado na beirada de sua cama também dormindo, como uma grande bola de pelos dourada. Ela insistiu até que eu o deixasse dormir junto dela, e eu não pude dizer não à fofura dos dois.

Arrumei com cuidado os cobertores no corpo da garotinha e me virei para Carl, que surpreendentemente também havia adormecido durante a história. As mechas lisas de seus cabelos castanhos se espalhavam pelo tecido escuro do meu casaco, sua cabeça repousava pacificamente em meu ombro, a respiração constante indicando seu sono tranquilo.

Me senti um pouco mal por ter de acordá-lo, mas me apeguei ao fato de que ele descansaria melhor em sua cama. Acariciei o rosto tranquilo do meu namorado por alguns segundos, e então o chacoalhei de leve para que acordasse. Ele franziu o cenho e resmungou algo incompreensível, antes de erguer a cabeça do meu ombro e coçar de leve o olho, fixando sua atenção em mim um pouco depois.

-O que aconteceu...? Está tudo bem...? - ele perguntou sonolento, mas pareceu subitamente acordado quando deixei um rápido selinho em seus lábios para que fizesse silêncio, suas bochechas assumiram um tom sutil de rosa.

-Quieto... Deixe Judy descansar. - sussurrei, me levantando do puff em que estava sentada e caminhando até a porta do quarto.

Ele me seguiu a passos preguiçosos, me esperando do lado de fora enquanto eu conferia se a janela estava fechada e a babá eletrônica ligada. Confirmei por fim se a faca que eu mantinha escondida no quarto da garota, longe de seu alcance, mas acessível pra mim, estava no mesmo lugar.

Era um segredo estranho que eu não revelei a ninguém da casa, mas haviam armas escondidas por todos os cômodos, uma precaução extra em caso de ataque que meu pai me ensinou a fazer desde que essa bagunça começou. Eu mantinha aquela tradição em todo lugar que me estabelecia, e esse pequeno hábito já salvou minha vida mais vezes do que eu posso contar.

Por fim, apaguei a luz do quarto e fechei a porta com cuidado. Um dos irmãos Grimes já foi, faltando apenas mais um. Carl estava encostado na parede, com o olho fechado e os braços cruzados. Pensei que estivesse praticamente dormindo em pé, mas me assustei quando o garoto me agarrou pelo pulso esquerdo e me puxou contra seu corpo.

-Não deveria baixar a guarda, confiando apenas no que pode ver... - ele murmurou com um sorrisinho, se divertindo com meu pequeno susto, lhe dei um soco fraco no braço.

-E você, não deveria confiar tanto... Que não vou te dar uma joelhada no saco se me assustar de novo. - sussurrei, separando vagarosamente as pernas do mais alto com um dos meus joelhos.

Ele me olhou assustado e consideravelmente vermelho, acabando por até mesmo esquecer de me segurar contra seu corpo, lhe dei um sorrisinho sacana e me afastei.

-Vá dormir! - ordenei por fim, dando as costas ao garoto para caminhar em direção ao meu quarto, mas não consegui dar sequer quarto passos.

Antes que eu pudesse compreender o que se passava, senti apenas quando meus pés deslizaram em um giro sobre o piso de madeira, e então minhas costas estavam coladas à parede fria. Carl estava a minha frente, as duas mãos firmes em minha cintura e o rosto a meio palmo de distância do meu.

- Não me trate como uma criança... - ele falou, o tom subitamente rouco em sua voz fez os pelos da minha nuca se arrepiarem, sua respiração quente acariciando minha face a cada palavra me deixou quase tonta.

Maldito garoto que consegue causar tanto efeito em mim, sem nem mesmo se esforçar...

-Carl... Estamos no meio do corredor... - avisei, tentando sem muita vontade me soltar do garoto, a essa altura meu coração já batia com a velocidade de um carro de corrida no peito, martelando minhas costelas o suficiente para quase as quebrar.

Putrified Love - Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora