Capítulo 16

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Algum tempo e um lamaçal depois, Jesus finalmente anunciou que estávamos chegando na tal comunidade. Tivemos que descer do trailer, ele acabou atolado na lama. Nosso caminho a pé seguiu por uma estrada simples de terra batida, subindo uma colina até que muros altos feitos de grossas toras de madeira invadiram meu campo de visão.

-É alí, é a Hilltop. - meu primo disse, com olhos brilhantes de quem finalmente volta ao lar depois de um dia cansativo, coloquei a mão em seu ombro e sorrimos juntos.

Nossa pequena caminhada seguiu tranquila até que nos aproximamos dos muros. Ao nos avistarem, dois guardas postados no alto do muro, um de cada lado de um grande portão ergueram suas lanças de forma hostil, levei a mão à pistola no coldre por impulso e boa parte do grupo de Alexandria ergueu as armas em alerta.

Com a ameaça dos seguranças, Carl imediatamente passou o braço a frente de meu corpo, me tampando de forma protetora enquanto também apontava sua arma aos possíveis inimigos, não ousei sair de onde estava. Antes que as coisas saíssem de controle, meu primo interveio.

-Parados, aí! - gritou um dos caras no muro.

-Vem me parar! - Daryl falou, apontando a arma pro guarda, Paul imediatamente se colocou a frente das armas para impedir o início de um tiroteio.

-Jesus, mas o que é isso?! Quem são eles? - o outro cara gritou, alarmado com nossa presença.

-Abram o portão! - Paul ordenou aos guardas e então se virou para nós - Me desculpem por isso, eles ficam ansiosos ali, sem fazer nada o dia inteiro. - meu primo revirou os olhos, irritado com a palhaçada dos seguranças.

-Se entregarem as armas, a gente abre o portão! - o primeiro guarda anunciou, presunçoso, bufei cansada daquela idiotice.

-Então desce aqui pra pegar! - Daryl gritou de volta, sempre pavio curto.

-Pessoal, essa gente é de confiança, eles nos salvaram hoje! - Harlan, o médico que salvamos, interveio em nossa defesa. Os seguranças se entreolharam em dúvida.

-Baixem as lanças! - Paul pediu de novo aos guardas, arrancando um suspiro cansado de Rick.

-Eu não vou correr nenhum risco, peça ao seu amigo Gregory pra vir até aqui. - o Grimes mais velho falou se referindo ao líder da comunidade, perdendo a paciência com a confusão.

-Não, não viu o que aconteceu? Eu vou deixar vocês ficarem com as suas armas. A gente ficou sem munição a meses. - Paul explicou, olhando Rick nos olhos com sinceridade - Eu gostei de vocês, e eu confio em vocês. Então confiem na gente também. - meu primo finalizou, fazendo Rick suspirar e olhar para o filho em uma pergunta muda do que fazer.

Carl segurou discretamente minha mão e assentiu para o pai, o encorajando a seguir em frente. Rick fez um sinal de mão para que os outros abaixassem as armas e Paul sorriu, ordenando uma última vez que os portões fossem abertos. Entramos na comunidade aos poucos, o lugar era grande, com plantações, galinhas e pessoas espalhadas pelo lugar trabalhando em atividades simples.

Também havia uma forja no canto e uma grande casa senhorial no centro da comunidade agrícola, rodeada por vários trailers que serviam de moradia a boa parte das pessoas. A construção com paredes altas de tom alaranjado e grandes janelas brancas tinha um ar imponente. Jesus explicou que a casa era uma vez um museu de história viva, a casa foi doada ao Estado pelos antigos donos e então se tornou um local para excursões escolares e visitas de historiadores.

Meu primo explicou um pouco do surgimento da comunidade, desde a chegada dos trailers que vieram de um acampamento militar no começo de tudo até a chegada de mais gente. Não prestei muita atenção no resto da explicação, estava mais ocupada analisando todo o lugar, era uma comunidade calma com pessoas que claramente não eram guerreiras. Me perguntei como esse lugar ainda podia estar de pé, sem munição ou pessoas capazes de se defender, eles não seriam o bastante para nos ajudar a deter os Salvadores.

Putrified Love - Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora