CAPÍTULO 05: Eu sou só uma garota normal

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"Eu sou apenas uma garota normal
Às vezes eu sou preguiçosa, eu fico entediada
Eu me assusto, me sinto ignorada
Sinto-me feliz, eu fico boba
Eu engasgo com minhas próprias palavras

Eu faço desejos, eu tenho sonhos
E eu ainda quero acreditar
Que qualquer coisa pode acontecer neste mundo"
Ordinary Girl,
Hannah Montana

...

Ella Rodrigues

Jogo-me na cama com os olhos fechados e deixo os saltos deslizarem dos meus pés com facilidade. O dia havia sido bem intenso e tenho certeza que dormirei como uma pedra esta noite devido ao cansaço, já que a grade curricular da Collins conseguia ser muito mais pesada que a da Crown.

Na verdade, se for pensar bem, para a minha antiga escola, se você tivesse uma verba considerável, sua aprovação estava garantida. Ou seja, acabaram as saídas para shoppings, tardes de leituras e SPA, tudo que mais prezava quando fugia das aulas para um momento de lazer.

Porém, não irei mentir dizendo que saiu nada de bom nesse primeiro mês de aula... Com a minha entrada no clube de matemática, consegui ter mais contato com Sebastian. Sorrio ainda de olhos fechados.

— Ele consegue ser ainda mais lindo a cada dia. — Falo num suspiro e giro na cama, ficando de bruços para sorrir sem culpa e abafar um gritinho de alegria.

Sebastian é muito antissocial e isso é inegável, mas é um perfeito cavalheiro também. Algo parecido como um glentman misturado a um ar sombrio que me atraia, como uma mariposa malditamente seduzida pela luz. Isso sem contar com o fato de Sebastian ter me ajudado nos meus primeiros dias e esbarrar na minha mão algumas vezes sem querer.

— Você é tão idiota, Isabella. — Murmuro com o rosto abafado pelo travesseiro, mas sou interrompida da minha trouxisse momentânea pela chamada do notebook.

Com um pouco de dificuldade, eu vejo de longe o nome que me faz dar um pulo instantâneo e correr em direção à escrivaninha.

— Pai! — Abro um sorriso do tamanho do mundo quando o vejo trajado somente com o colete social ao invés de um paletó, o qual o envelhecia uns dez anos pelo menos.

— Oi, meu amor. Está bem? O primeiro mês de aula na Collins está sendo produtivo? — Ele é prático nas perguntas, mas só de receber sua atenção (algo difícil de se conseguir, devo dizer) fico feliz e não meço esforços para explicar como tem sido as coisas.

Hoje fariam quase duas semanas que nós não conversávamos e pela cadeira giratória, o ambiente parcialmente iluminado e a pequena imagem de Nossa Senhora ao fundo, consegui supor que ele estava no escritório, provavelmente o da empresa.

— Fico feliz, querida. — Há um sorriso tranquilo em seu rosto quando termino, mas obviamente não cito o fator "Sebastian" fazer parte da minha felicidade. — Afinal, gostaria de te contar uma coisa... Na verdade, queria lhe falar sobre alguém. — Franzo as sobrancelhas, estranhando.

Muito dificilmente meu pai falava sobre qualquer pessoa (incluindo si mesmo). Será que ele finalmente havia arranjado uma namorada e não me contou ainda? A incógnita me faz ficar em alerta aos mínimos detalhes daquela conversa.

— Recentemente revi um velho conhecido, Sérgio Rocci, que já fez diversas parcerias com a RSR. Ele também me apresentou seu filho, o Felippe Rocci, um rapaz muito educado, estudado e focado em assumir a empresa de construção civil da família.

— Pai, onde exatamente quer chegar com isso? Por que eu teria que conhecer esse garoto? — Estou meio confusa, porém tenho uma leve ideia do que seja e, só de ver o modo como o meu pai reage à minha pergunta, descubro tudo. — Não está me sugerindo um casamento arranjado, está?

Ela é Ella || ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora