CAPÍTULO 26: Ao meio-dia, os príncipes se transformam em sapo

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Naquele segundo, eu pensei que até te odiava
Mas respirei fundo e vi que eu te amava
Mas foi na hora da raiva
Na Hora da Raiva,
Henrique e Juliano

...

Jason Samers

Hoje faz exatamente uma semana, quatro dias e cinco horas que eu e Isabella brigamos...

Em contrapartida, é o mesmo tempo que eu a observo de longe todos os dias, religiosamente, desde o momento em que ela desce do carro luxuoso com olhar de superioridade, acompanhada de dois seguranças enormes, até quando ela entra na escola como se quisesse matar alguém com aqueles saltos assassinos.

Ninguém se atrevia a mexer com a princesinha da cidade — inclusive aqueles que a difamaram pela internet como os covardes que são.

Forço um pouco mais o guidão da moto e acelero para chegar até a escola mais rápido.

Eu havia acabado de sair do jardim após a conversa que tive com meu pai, quando vi toda a confusão no Twitter. E, apesar de ainda estar chateado com Ella pelo o que havia feito, nunca aprovaria o que aquelas pessoas estavam fazendo. Aquilo é uma puta corvardia! Minha vontade era quebrar a cara de cada indivíduo escondido atrás dos perfis falsos com desenho de anime — nem coragem para mostrar quem são, eles tiverem.

Sorrio com escárnio.

Eu fiquei com uma raiva absurda assim que percebi exatamente o que estava acontecendo, me fazendo quase quebrar o celular de ódio com as próprias mãos. Como eles tiveram coragem? Como foram tão baixos? Para piorar, outra coisa estava me incomodando: Aurora.

A garota simplesmente sumiu durante uns dois dias após o "incidente" e, consequentemente, da publicação no blog. Aurora só voltou quando a poeira havia abaixado para o seu lado; entretanto, eu não havia me esquecido que ela é a responsável final por qualquer publicação no site da escola, ou seja, ela sabia exatamente o conteúdo que o post traria à tona e como poderia afetar Isabella... Isso me estressou ainda mais.

Para alguém tão inocente, com o próprio blog a caracterizou, ela tinha uma mente maliciosa demais... Qualquer ser com o mínimo de decência saberia a merda que isso poderia gerar — até mesmo em medidas mais drásticas como uma tentativa de atentado, pois, como todos sabem, há muitos extremistas nesse país que adorariam usar a mínima desculpa para atentarem contra estrangeiros.

Até tentei procurar Aurora para tirar algum tipo de satisfação — sim, mesmo brigado com Ella, eu a protegeria sempre que pudesse —, mas a garota ficou fugindo de mim. Quando ela me notava indo em sua direção ou percebia que estávamos no mesmo ambiente, não tardava em fugir como um ratinho assustado.

Isso me deixou ainda mais indignado.

Se ela tinha tanta destreza para estragar a vida dos outros atrás de uma tela de computador, o que tirava sua tal coragem para me enfrentar cara a cara?

— Covarde... — Vocifero, negando com a cabeça e tirando o capacete. — Não acredito que já cogitei me apaixonar por ela! — Sussurro enquanto tiro o capacete e permaneço sentando na moto para esperar, como todos os últimos onze dias, Isabella chegar.

Sorrio, orgulhoso.

Uma coisa não posso negar: Ella sabe perfeitamente o que fazer até nos momentos mais inesperados. No dia seguinte a todo àquele acontecido, a garota simplesmente apareceu com quatro seguranças, na porta da escola, com uma naturalidade invejável. Dois deles a acompanham até mesmo dentro dos corredores da Collins e, quando ela entra em alguma sala, eles permanecem na porta como duas estátuas a espera de qualquer mínimo movimento suspeito para agir a favor de Isabella.

Ela é Ella || ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora