Não é sempre que eu vou admitir
Mas que ciúme, que que eu 'to fazendo aqui?E se for pra ser?
E se for pra gente acontecer?
Nada contra ele, inclusive até faria
Mas acho que quem caberia bem melhor sou eu
nada contra (letra modificada),
Clarissa...
Kim James
Jogo a cabeça para trás, solto uma lufada de ar pesada e respiro fundo antes de continuar a tocar como se estivesse num show dos Guns'n Roses ou o mundo fosse acabar agora.
Eu amo essa sensação.
O sour escorrendo por minha testa à medida que toco a bateria é o momento em que minha vida para no tempo e somente a música perfeita importa. Tenho certeza que muitos pensariam que sou meio maluco por pensar assim, mas é inevitável. A sensação de ter os olhos fechados, o som dos batuques ao redor numa sintonia reconfortante e excitante, o coração disparado e a ansiedade em terminar tudo de forma perfeita são meu combustível pessoal.
Enquanto para muitos o esporte é uma forma de se desligar do mundo, a música é a minha.
Ainda com os olhos fechados e mordendo o lábio inferior com força, faço a finalização. Sorrio ladino quando o barulho dos pratos do meu instrumento favorito ditam o fim da música.
— Ok, pessoal, dessa vez nós nos superamos. — Falo neutro para o resto da banda. Nem parece que eu estava como um louco a menos de cinco segundos atrás.
Todos comemoram a minha aprovação e se abraçam em alívio por finalmente, depois de horas e horas de ensaio, tudo ter saído como esperávamos.
Como sou o líder da banda estudantil e, consequentemente, responsável por apresentar a playlist e música principal do baile da escola daqui a duas semanas, sou uma espécie de "chefe" aqui; então, dependendo das minhas avaliações, podemos animar ou acabar com aquela festa.
Sorrio ladino e jogo o cabelo para trás num ato visivelmente cansado, mas satisfeito. O suor do calor do momento não me incomoda, mas confesso que sinto falta do meu boné.
— E falando nele... — Falo baixinho enquanto o procuro ao redor com o olhar.
Contudo, fico estático assim que vejo Chase — o vocalista, guitarrista e um idiota qualquer que tem uma quedinha do tamanho de um penhasco pela minha namorada — com um sorriso de orelha a orelha para Yoko. Mas, me surpreendendo ainda mais, a garota de cabelo rosa corresponde a suas investidas ao mexer as mãos para o alto e sorrir com uma felicidade genuína.
Contenho a vontade de bufar alto e me levanto para ir em busca das minhas coisas, mas não sem antes concertar a calça preta e confirmar discretamente se Chase está mantendo suas mãos imundas e aquele cabelo verde horroroso a pelo menos dois metros de distância de Yoko.
Nunca fui com a cara dele.
Sua sorte é que eu e a japonesa ainda não assumimos de forma pública o que estamos tendo; caso contrário, nossas famílias iriam fazer um inferno na terra, e eu tranquilamente poderia dar um chega 'pra lá no brócolis ambulente.
Logo, continuamos a fingir que "odiamos" um ao outro, e Chase acha que tem passe livre para dar em cima de Yoko - o que me deixa com ciúmes, óbvio, mas não posso fazer nada por agora.
A japonesa arrancaria minhas bolas se fizesse.
Sorrio discreto com o pensamento e pego minhas coisas, mas antes coloco o boné virado para a parte de trás na cabeça. Sei que esse é um dos pontos fracos da minha namorada, então faço isso de propósito. Segundo ela, eu fico "deliciosamente tentador desse jeito, então não deveria ficar perambulando por aí para não chamar a atenção das meninas histéricas e ansiosas por uma casquinha do baterista da escola".
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Ela é Ella || ✔
Ficção Adolescente|| LIVRO 01 DA "TRILOGIA RODRIGUES" "As pessoas sempre culpam aquilo que não conhecem... Pensei que você fosse diferente." As patricinhas que conhecemos são sempre as vilãs das histórias ou as garotas que todo mundo odeia por serem superficiais. Só...