CAPÍTULO 33: Beijar você? Sempre! Mas deixar de implicar? Jamais!

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Não é sempre que eu vou admitir
Mas que ciúme, que que eu 'to fazendo aqui?

E se for pra ser?
E se for pra gente acontecer?
Nada contra ele, inclusive até faria
Mas acho que quem caberia bem melhor sou eu
nada contra (letra modificada),
Clarissa

...

Kim James

Jogo a cabeça para trás, solto uma lufada de ar pesada e respiro fundo antes de continuar a tocar como se estivesse num show dos Guns'n Roses ou o mundo fosse acabar agora.

Eu amo essa sensação.

O sour escorrendo por minha testa à medida que toco a bateria é o momento em que minha vida para no tempo e somente a música perfeita importa. Tenho certeza que muitos pensariam que sou meio maluco por pensar assim, mas é inevitável. A sensação de ter os olhos fechados, o som dos batuques ao redor numa sintonia reconfortante e excitante, o coração disparado e a ansiedade em terminar tudo de forma perfeita são meu combustível pessoal.

Enquanto para muitos o esporte é uma forma de se desligar do mundo, a música é a minha.

Ainda com os olhos fechados e mordendo o lábio inferior com força, faço a finalização. Sorrio ladino quando o barulho dos pratos do meu instrumento favorito ditam o fim da música.

— Ok, pessoal, dessa vez nós nos superamos. — Falo neutro para o resto da banda. Nem parece que eu estava como um louco a menos de cinco segundos atrás.

Todos comemoram a minha aprovação e se abraçam em alívio por finalmente, depois de horas e horas de ensaio, tudo ter saído como esperávamos.

Como sou o líder da banda estudantil e, consequentemente, responsável por apresentar a playlist e música principal do baile da escola daqui a duas semanas, sou uma espécie de "chefe" aqui; então, dependendo das minhas avaliações, podemos animar ou acabar com aquela festa.

Sorrio ladino e jogo o cabelo para trás num ato visivelmente cansado, mas satisfeito. O suor do calor do momento não me incomoda, mas confesso que sinto falta do meu boné.

— E falando nele... — Falo baixinho enquanto o procuro ao redor com o olhar.

Contudo, fico estático assim que vejo Chase — o vocalista, guitarrista e um idiota qualquer que tem uma quedinha do tamanho de um penhasco pela minha namorada — com um sorriso de orelha a orelha para Yoko. Mas, me surpreendendo ainda mais, a garota de cabelo rosa corresponde a suas investidas ao mexer as mãos para o alto e sorrir com uma felicidade genuína.

Contenho a vontade de bufar alto e me levanto para ir em busca das minhas coisas, mas não sem antes concertar a calça preta e confirmar discretamente se Chase está mantendo suas mãos imundas e aquele cabelo verde horroroso a pelo menos dois metros de distância de Yoko.

Nunca fui com a cara dele.

Sua sorte é que eu e a japonesa ainda não assumimos de forma pública o que estamos tendo; caso contrário, nossas famílias iriam fazer um inferno na terra, e eu tranquilamente poderia dar um chega 'pra lá no brócolis ambulente.

Logo, continuamos a fingir que "odiamos" um ao outro, e Chase acha que tem passe livre para dar em cima de Yoko - o que me deixa com ciúmes, óbvio, mas não posso fazer nada por agora.

A japonesa arrancaria minhas bolas se fizesse.

Sorrio discreto com o pensamento e pego minhas coisas, mas antes coloco o boné virado para a parte de trás na cabeça. Sei que esse é um dos pontos fracos da minha namorada, então faço isso de propósito. Segundo ela, eu fico "deliciosamente tentador desse jeito, então não deveria ficar perambulando por aí para não chamar a atenção das meninas histéricas e ansiosas por uma casquinha do baterista da escola".

Ela é Ella || ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora