CAPÍTULO 03: Garotas e seus amores platônicos

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Ella Rodrigues

— Bom dia, alunos! Bem-vindos a mais um ano letivo na Colin Collins High School. Aos calouros, minhas mais sinceras condolências. Meu nome é Hazel Pérez e serei a diretora de vocês nesse ano. Sei que devem estar animados e outros com medo. Mas saibam que estarei a disposição de todos, afinal, a Collins está aberta para o desenvolvimento e comprometimento de cada um de vocês. Como sabem, nossa escola é conhecida como uma das que mais investe em esportes na região e... — A diretora, a qual aparentava ter menos de 40 anos e com descendência mexicana, continua falando seu discurso de abertura.

Preciso apertar um pouco as pálpebras para conseguir vê-la nitidamente pelo telão do enorme campo de futebol americano da Collins. As arquibancadas eram bem planejadas e a grama tão verde que parecia de mentira, e talvez fosse mesmo.

Até que essa escola era melhor que imaginava...

Só havia vindo aqui uma vez num dos jogos entre as escolas e, sinceramente, nem havia reparado em nada.

Quando se está prestes a competir como capitã das cheerleders, sua única preocupação é vencer, por mais que não queira participar. Ademais, deixar que a outra escola vencesse seria uma afronta incabível no meu currículo e ele sempre está impecável. Ou melhor, estava...

— Ella? — Olho para o lado procurando quem me chamou e, ao ver o pirralho, um sorriso enorme brota nos meus lábios tão rápido como um raio.

Andrew! — Levanto rapidamente de onde estava sentada e corro em direção ao meu primo, que já estava com os braços abertos. No meio do caminho, acabo esbarrando em alguns pés e quase caio.

— Oi, pirralha mutante! — Cumprimenta-me em português e sopro uma risada debochada, enquanto vamos nos separando do abraço.

Senti falta desse cara.

Andrew sempre foi do tipo que ama colocar apelidos nos outros e comigo não foi foi diferente. Desde que éramos crianças, ele me chamava assim por eu ser mais alta que a maioria das garotas da nossa idade.

— Oi, pirralho petulante! — Meu primo ri fazendo com que os olhos se fechem e o verde musgo das íris quase desapareça.

Uma coisa engraçada era que Andrew era daqueles caras que todos paravam para olhar quando chega e a maioria das meninas disputa sua atenção. E não é só porque ele é meu primo, não. Andrew era literalmente o estereótipo de beleza chamativa.

A pele amendoada, o sorriso cativante, o corpo bem moldado gracas à natação e que faz inveja na maioria dos caras dessa cidade, o cabelo crespo num corte legal, a altura que faz qualquer um ter que olhar pra cima quando fala com ele e, o mais surpreendente, olhos verdes como um campo em pleno verão são o combo perfeito para que qualquer um notasse sua presença.

Agora mesmo, sinto alguns olhares de garotas na nossa direção. Uns de inveja e outros de curiosidade, mas não me importo. Já esperava por isso. É a primeira vez que nós estudamos juntos, ou seja, fofocas não faltarão sobre os primos Rodrigues na Collins. Porém, para a tristezas das meninas de Sunset Ville, Andrew namora.

Foi uma surpresa para todos nós quando ele chegou em casa dizendo que estava apaixonado. Andrew sempre foi o tipo de cara família e altamente protetor, mas, em dezessete anos de idade, ele nunca havia dito essas palavras. Isso foi engraçado de se ver. Principalmente, porque a garota nem queria ele, o que era algo novo no seu vocabulário. Foi bem uma vibe de livro clichê em que o cara se apaixona pela garota nova na cidade.

— Assim que soube que tinha chegado, vim te procurar. Não poderia deixar a princesinha sozinha no meio dos plebeus. — Zoa com minha cara e sopro outra risada que ele retribui.

Ela é Ella || ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora