Ela é Ella || ✔

CAPÍTULO 39: Com as motivações certas, o grupo das Trix pode ser o anti-herói

Tem um rosto tão bonito, um namorado bonito também
Eu quero tanto ser você e eu nem te conheço

Tudo o que eu vejo é o que eu deveria ser
Mais feliz, mais bonita [...]
Eu estou enlouquecendo
Tudo o que eu tenho é inveja
jealousy, jealousy
Olivia Rodrigo

...

Aurora Pérez

- Eu odeio Isabella Rodrigues com todas as minhas forças! Que ódio! - Grito para ninguém em específico e me jogo no sofá com a cara mais emburrada que consigo fazer, segurando um pacote enorme de chips para descontar toda a raiva na comida.

Não é meramente possível que, mesmo após ter sido sequestrada, aquela Barbie de liquidação ainda seja o centro das atenções nessa cidade de merda!

Todos ficaram "preocupadinhos" de repente por sua rainha ter sido sequestrada. Até mesmo o pessoal do blog ficou com um pé atrás, após sete dias terem se passado e nada da patricinha ser encontrada pelos policiais.

- Bando de medrosos. - Falo de boca cheia e reviro os olhos atrás da armação dos óculos.

Primeiramente, eu não sou uma vaca insensível ao ponto de querer que ela morra, mas toda a comoção que estão fazendo para encontrá-la é idiotice! E, para deixar as pessoas mais afoitas, a polícia não dá informações sobre o paradeiro dela ou quem poderia ser o sequestrador com o objetivo de evitar que seja lá quem for saia de Sunset Ville. Porém, meu ódio pela garota de saltos quinze não se resume à atenção que ela recebe em cada esquina que entra, mas sim em tudo que ela fez para destruir a minha vida e a de tantas outras pessoas.

Aí, vocês me perguntam: Aurora, mas por que você nutre tudo isso por ela? Não acha um exagero?

- Não, eu não acho. - Emburro mais o rosto, enfiando a mão pela décima vez dentro do pacote.

Isabella fez questão de infernizar cada dia possível meu dentro da escola, e tudo começou no dia em que derrubei sem querer uma bebida no seu vestido, naquela boate nos primeiros meses de aula... Em minha autodefesa, eu estava sem óculos na hora e acabei não enxergando a garota no meio da confusão de luzes e pessoas para sair de lá. Para piorar, depois derrubei um cupcake em sua blusa e isso foi como ter matado um parente de sua família!

Depois dessas coisas, então, que meu tratado de morte foi assinado dentro da Collins com direito a letras miúdas.

Primeiro começou com uma competição idiota para ver quem se destacava mais nas aulas. Toda vez que tentava responder algo para algum professor, ela me interrompia e respondia na frente com um olhar superior e sorriso irônico.

Então vieram as provocações acompanhadas de tentativas de bullying um pouca fracassadas, uma vez que conseguia me defender vez ou outra, como o dia em que ela picou as minhas roupas que estavam no armário com tesoura, durante a aula de educação física. Assim que terminei o banho no vestiário, só não tive que voltar para casa ou sair seminua da escola porque minha mãe tinha um vestido aleatório guardado dentro da diretoria. Mas, em compensação, tive que aguentar piadas de diversas pessoas enquanto andava pelos corredores.

"Não é que a nerd tem pernas bonitas? Até que é gostosinha..." Esse foi um dos comentários mais leves que recebi.

Reviro os olhos.

Por esses e outros motivos que uso meus moletons gigantescos e calças folgadas, mesmo só diminuindo dois terços das cantadas idiotas. Entretanto, não há melhor coisa que se sentir invisível no meio das pessoas. Quanto ao cabelo recessecado, é porque realmente não me importo. Na verdade, eu gosto de como os cachos rebeldes na metade das costas trazem um ar despreocupado e universitário.