CAPÍTULO 07: Interesses unem opostos declarados

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Ella Rodrigues

Batuco a caneta na mesa e balanço um dos pés, impaciente. Hoje é a primeira reunião oficial e estou a quase uma hora e meia dentro de uma sala para resolver os pré-requisitos das competições de matemática com minha nova equipe, mas parece que este bando de adolescentes espinhentos com senso de moda ridículo só eram rápidos para contas, pois, na prática, eles não conseguiam tomar uma decisão se quer. Reviro os olhos.

Já Sebastian, está parado num canto, enquanto escrevia algo em seu caderno. Isso não me surpreende, mas confesso que estou desapontada. Esperava mais.

— Tudo bem... — Murmuro e me levanto cansada de tanta enrolação.

Alguém precisa colocar ordem nesses espinhentos urgentemente.

Prometi a mim mesma que daria uma chance para eles me mostrarem o que sabem, mas a minha versão megera terá que aparecer aqui. Então, para chamar a atenção de todos que conversam como gralhas em época de acasalamento pego um denso livro de trigonometria e levanto-o numa altura considerável para, logo em seguida, joga-lo em cima da mesa. Um barulho abafado ressoa, mas é o suficiente para fazê-los calarem a boca.

— Ótimo. — Sorrio perversa.  — Vamos ao que interessa... — Vasculho a sala em busca de alguém que aparente obedecer ordens sem pestanejar. — Qual o seu nome? Não, o com óculos de vó. Isso. Julian? Tudo bem, Julian, quero que me dê todas as informações referentes ao histórico estudantil de cada um dos participantes dessa equipe. Irei definir duplas de acordo com as habilidades em comum e o que irão fazer, para que, na próxima semana, me entreguem tudo pronto.

O tal Julian concorda e já iria se levantar, mas um deles ousa perguntar:

— E por que obedeceríamos você? — Dou de ombros ainda sorrindo, mas não é um sorriso simpático.

— Primeiro, quem é você? — Ando em sua direção e seus amigos abrem espaço para que eu passe.

Meus saltos eram o único barulho audível.

— Jack. — Fala com um olhar confuso, cruzando os braços meio desconfortável pela situação. Meu sorriso aumenta.

Não irei mentir. Senti falta dessa sensação.

— Jack... — Testo o nome nos lábios e coloco os mãos na cintura. — Um nome bonito, uma pena o dono não ser. — Um urro é feito pelos seus amigos pela resposta.

Sorrio de lado e me inclino em sua direção, colocando as mãos no braço da sua cadeira. Jack engole em seco, nervoso.

— Quero que grave muito bem o que irei dizer agora, Jack: meu objetivo é vencer e ninguém me irá me impedir disso. Portanto, se dei uma ordem é porque sei o que estou fazendo. Por que acha que a Crown vencia todas as vezes, mesmo vocês sendo inteligentes? Porque tinha organização, disciplina e eu no comando. — Ergo-me novamente. — Vocês são bons, garotos. Mas falta uma coisa: união.

Olho nos olhos de cada um daqueles meninos e coloco as mãos sobre a mesa, séria. Eles precisavam saber que não estava brincando.

— Já fiz isso milheres de vezes na Crown, não estou brincando quando digo que precisam de organização, pois é o que os faz perecer. Apesar da elite dessa cidade ser tão falsa quanto uma blusa da Gucci na Avenida São Paulo, eles se unem quando necessário e, pelo pouco que vi, falta exatamente isso aqui. Por isso é tão fácil ganhar de vocês. Não adianta ser inteligente, mas um mamute quando se trata de trabalho em equipe. Me entenderam? — Todos acenam, inclusive o tal Jack. — Ótimo. Agora, Julian, faça o quê lhe pedi. Quanto aos outros, quero que busquem os principais temas que caem nas competições.

Ela é Ella || ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora