CAPÍTULO 29: Até a rainha das trevas e do glitter tem medo dos pais

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Ella Rodrigues

Ando a passos vacilantes pelo corredor, e minha respiração está um pouco pesada, mas ainda tento permanecer com a altivez de sempre. Não faz nem cinco minutos que Andrew me avisou sobre tia Abigail pedir para que eu fosse ao seu escritório a fim de termos uma conversa, e isso me assustou um pouco. Raramente ela me pedia para ir lá.

Será que irá brigar comigo por ter chegado tarde demais da festa na sexta-feira?

— Não, Isabella, deve ser outra coisa. Hoje é segunda, não teria sentido ela querer falar sobre isso agora. — Falo para mim mesma ao mesmo tempo que lembro o sacrifício que foi ir àquele lugar. — Ao menos consegui diminuir a popularidade de Carmen. — Rio com a sensação de trabalho bem feito.

Ela caiu na piscina feito um patinho, depois que a empurrei "sem querer". Mas, cá entre nós, ninguém mandou ela beber ao ponto de me desafiar sobre ser rainha do baile...

E ninguém me desafia!

Além do mais, foi satisfatório ter o ego aumentado pelos comentários indiscretos das pessoas e, principalmente, pelos olhares que Jason me lançava sem pudor.

Sorrio como a cobra peçonhenta que sou.

Eu havia escolhido aquela roupa exclusivamente para provocá-lo, não irei mentir. Angel me contou que seu irmão estaria presente, e não medi esforços para estragar seus últimos neurônios ao colocar um dos biquínis mais provocantes e elegantes que tinha. Foi uma vingança e tanto.

— Posso até perder o guruzinho para uma nerd sem graça, mas ficar por baixo? Nunquinha! — Provavelmente estou parecendo uma louca por conversar sozinha, contudo não importa.

A sensação de ser alguém que Jason nunca poderá ter em mãos é maravilhosa! Ao menos assim, poderei tentar esquecê-lo também. Pode até demorar, mas Jason Samers ainda sairá da minha cabeça nem que seja à força. Ademais, eu estava entediada em casa, então foi como ir num parque de diversões em que eu era a atração principal. Afinal, é como titia sempre diz:

"Seja inesquecível e verá a mágica acontecer. As pessoas amam terem alguém para lembrar no fim da noite."

Depois do meu quase sequestro, Amanda e os outros segurança deixaram Angel e Yoko em suas casas e me trouxeram para a minha, onde tia Abigail já estava aflita para saber se eu estava bem e inteira. Ela se desesperou de verdade, e confesso que aquilo me doeu um pouquinho... No fim das contas, percebi a minha imprudência, mas não me arrependo de ter "fugido" da cidade.

Por fim, de alguma forma bizarra, não houveram notícias nos jornais locais e nem mesmo boatos sobre o ocorrido... Provavelmente, meu pai pagou uma bela quantia de dinheiro para que as pessoas mantivessem sigilo sobre o que aconteceu. Quanto a Yoko e Angel, demorou um tempo, mas elas logo se convenceram de que aquilo deveria ser "esquecido" ou colocariam a própria vida em perigo, caso novos enviados aparecessem.

Entretanto, o que mais me surpreendeu foi o fato de papai não ter ligado. Nem mesmo uma mensagem, eu recebi! E isso está estranho... Eu conheço o pai que tenho e sei que três dias para me dar uma bronca sobre algo errado que fiz é um sinal de alerta.

Paro em frente ao escritório e respiro fundo, antes de bater na porta.

Ninguém responde.

— Tia Abigail? — Chamo-a, mas minha voz sai mais parecida com uma pergunta. Franzo as sobrancelhas. — Será que ela esqueceu e saiu? — Pergunto, olhando para os lados.

Ela é Ella || ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora