⚠️ ATENÇÃO ⚠️
Haverá uso de intorpecentes e violência explícita nesse capítulo (o qual ficou grande), cuidado com a leitura!...
Ella Rodrigues
As lágrimas ociosas descem por minha bochecha num ritmo tão descontrolado que poderiam assustar, mas não tenho forças para pará-las enquanto elas se misturam à água cheia de espuma da banheira; então, só afundo meu corpo ao ponto de parecer patética.
Eu só conseguia chorar humilhantemente como uma idiota a horas! E isso, dói muito.
Dói minha dignidade.
Dói meu ego.
Dói até mesmo o meu coração, o qual já acreditei ser de pedra como as pessoas gostam de compará-lo por aí.
— Não acredito que me apaixonei por Jason Samers. Argh! — Finalmente admito num sopro de voz o que lutei com todas as minhas forças para esquecer...
Não demora muito para a constatação me fazer chorar mais ainda — como se isso fosse possível, mas é — e aproveito o silêncio absurdo junto às luzes desligadas do banheiro para deixar os muros que fiz em volta de mim mesma desmoronarem. Eu me sinto uma covarde aqui dentro, fugindo de tudo e de todos para não verem como sou vulnerável. Como também posso sentir dor. Como também gostaria de ser amada. Como também posso ter o coração partido por uma segunda vez...
E como se não bastasse as minhas estruturas sendo pisoteadas pouco a pouco, o cheiro doce de todos os óleos corporais existentes entra azedo por minhas narinas. Pensei que isso fosse diminuir a dor que sinto, mas só piora. Tudo, absolutamente tudo, me lembra como fui ingênua em acreditar nas palavras vazias de Jason:
"[...] eu nunca fui apaixonado pela Aurora". Ah, tá! E aquele beijo foi o quê? Uma brincadeira de mal gosto? Porque, pela forma como você a beijava tão fervoroso e sedento, posso jurar que havia muito sentimento reprimido ali.
Para piorar, como se não bastasse a humilhação de chorar por causa de um guruzinho da shopee ridículo, eu não raciocinei direito e resolvi ir à pé, chorando, para casa. Logo, parecendo que alguma entidade a favor das desgraças alheias estava me observando e se divertindo com toda a cena, um carro em alta velocidade passou por cima de uma poça de lama — sendo que estamos num dos dias mais quentes do mês, mas, por coincidência, algum morador de Sunset Ville resolveu lavar a garagem naquele dia infernal —, sujando meu vestido amarelo favorito completamente.
Uma raiva absurda me atinge e tenho que me segurar para não gritar de ódio — novamente.
— Idiota mentiroso... Mentiro! Mentiroso! — Soco a água da maneira que posso, mas me faltam forças e acabo desabando pelo choro com direito a soluços e espasmos.
Com o corpo tremendo, estico a mão até a bancada mais próxima e pego a caixa preta da Insigma. Ainda chorando e, com um isqueiro caríssimo, acendo o que deve ser o meu quarto ou quinto cigarro nas últimas três horas. O gosto horrível desce por minha garganta, arranhando, rasgando e destruindo cada milímetro a frente, mas ao menos entorpece todo esse sentimento de merda.
Encosto a cabeça na borda da banheira e trago profundamente essa coisa fedorenta, soltando a fumaça esbranquiçada em seguida, a qual se perde na imensidão escura do banheiro.
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Ela é Ella || ✔
Novela Juvenil|| LIVRO 01 DA "TRILOGIA RODRIGUES" "As pessoas sempre culpam aquilo que não conhecem... Pensei que você fosse diferente." As patricinhas que conhecemos são sempre as vilãs das histórias ou as garotas que todo mundo odeia por serem superficiais. Só...