CAPÍTULO 02: Minutos antes do primeiro horário

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Jason Samers

O dia está particularmente... Patético.

Faço careta colocando os óculos escuros e a jaqueta azul do time enquanto desço as escadas, antes de prender o cabelo num rabo de cavalo baixo mal feito.

- Olha pra onde anda! - Victor Samers, também conhecido como meu irmão mais sem o que fazer que acaba de entrar na puberdade e enfrentava os primeiros indícios da vida de adulto, grita feito a uma gralha desafinada graças a típica mudança de voz característica dessa fase, enquanto sai correndo em direção ao primeiro andar com os cabelos castanhos totalmente em caos e usando somente uma cueca mais desbotada que a calcinha da vovó.

- Eu vou te matar, seu pirralho! - Sara, minha outra irmã e com uma diferença de um ano e três meses do mais novo, sai com um pente nas mãos e os olhos esbugalhados de raiva. Desvio deixando-a passar sem dificuldades.

Eu que não sou doido de brigar com dois pré-adolescentes faltando só alguns minutos para as aulas começarem.

Rio comigo mesmo e ando até a cozinha, onde encontro minha mãe procurando algo na geladeira que acredito ser para o meu irmão mais novo de sete meses, Benjamin Samers, que já demonstrava ser o único com todos os parafusos na cabeça. Chego perto dando um beijo na sua testa e logo em seguida brincando com meu irmãozinho.

- Ah, bom dia, querido! Dormiu bem? - Camille Beaufort (filha caçula de franceses, mãe de seis crianças e dona de casa) é a minha mãe. Até hoje não sei como ela aguenta a gente e ainda meu pai.

Primeiro veio eu e minha irmã Angel, gêmeos, mas não idênticos. Somos literalmente opostos tanto em aparência quanto em personalidade. Enquanto ela é cópia fiel do nosso pai com cabelos totalmente pretos e olhos azuis cristalinos; eu já vim mais parecido com mamãe: cabelos castanhos medianos ondulados, sardas exageradamente no rosto e olhos negros como uma noite escura.

Depois veio Sara, igual a mamãe em tudo, menos no temperamento ácido e sarcástico.

Em seguida, o mais sem noção: Victor. Nem preciso descrever. O pirralho é uma versão minha só que sem as sardas e a experiência.

Em penúltimo lugar, Evangeline, a mistura perfeita de papai e mamãe mais a faladeira da vovó.

Por último, Ben, nosso caçulinha careca de olhos castanhos. O mais diferente de todos? Obviamente. Mas não tem como dizer que o pequeno não era da família. O bebê era a cara do nosso pai e já demonstrava um certo drama característico dos Beaufort.

- Durmi sim, mãe. E você? - Pego a garrafa de yogurt de morango colocando no copo, e ela vai falando de como tem sido as noites mal dormidas graças à presença do meu irmãozinho. Sorrio penoso e continuo ouvindo.

Apesar de perceber que está visivelmente cansada, posso ver também que ela não sente remorço. Nossa mãe sempre foi uma mulher extremamente decidida e que não abandonaria a família por nada. Sei também que não é fácil cuidar de todos nós e ainda ter uma vida pessoal, mas ela nunca demonstrou arrependimento.

Emily Beaufort Sumers é definitivamente minha heroína.

- Jason, me ajuda? - Olho para a sala e vejo Eva tentando colocar todos os livros da escola dentro da bolsa. Rapidamente saio da cozinha me despedindo da minha mãe e do meu irmão e vou em direção a minha irmãzinha.

Eva sempre foi a mais tímida de todos nós. Porém, quando pegava intimidade, ela era a quem mais falava também. Tanto que era a "protegida" da casa.

Na única vez que tentarem fazer bullying com ela na escola, se tornou a última vez, já que uma família Samers muito raivosa - isso incluindo irmãos, pais, avós e tias - apareceu na escola fazendo aquele lugar virar de cabeça pra baixo quando Eva chegou chorando em casa.

Ela é Ella || ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora