Jason Samers
O dia está particularmente... Patético.
Faço careta colocando os óculos escuros e a jaqueta azul do time enquanto desço as escadas, antes de prender o cabelo num rabo de cavalo baixo mal feito.
- Olha pra onde anda! - Victor Samers, também conhecido como meu irmão mais sem o que fazer que acaba de entrar na puberdade e enfrentava os primeiros indícios da vida de adulto, grita feito a uma gralha desafinada graças a típica mudança de voz característica dessa fase, enquanto sai correndo em direção ao primeiro andar com os cabelos castanhos totalmente em caos e usando somente uma cueca mais desbotada que a calcinha da vovó.
- Eu vou te matar, seu pirralho! - Sara, minha outra irmã e com uma diferença de um ano e três meses do mais novo, sai com um pente nas mãos e os olhos esbugalhados de raiva. Desvio deixando-a passar sem dificuldades.
Eu que não sou doido de brigar com dois pré-adolescentes faltando só alguns minutos para as aulas começarem.
Rio comigo mesmo e ando até a cozinha, onde encontro minha mãe procurando algo na geladeira que acredito ser para o meu irmão mais novo de sete meses, Benjamin Samers, que já demonstrava ser o único com todos os parafusos na cabeça. Chego perto dando um beijo na sua testa e logo em seguida brincando com meu irmãozinho.
- Ah, bom dia, querido! Dormiu bem? - Camille Beaufort (filha caçula de franceses, mãe de seis crianças e dona de casa) é a minha mãe. Até hoje não sei como ela aguenta a gente e ainda meu pai.
Primeiro veio eu e minha irmã Angel, gêmeos, mas não idênticos. Somos literalmente opostos tanto em aparência quanto em personalidade. Enquanto ela é cópia fiel do nosso pai com cabelos totalmente pretos e olhos azuis cristalinos; eu já vim mais parecido com mamãe: cabelos castanhos medianos ondulados, sardas exageradamente no rosto e olhos negros como uma noite escura.
Depois veio Sara, igual a mamãe em tudo, menos no temperamento ácido e sarcástico.
Em seguida, o mais sem noção: Victor. Nem preciso descrever. O pirralho é uma versão minha só que sem as sardas e a experiência.
Em penúltimo lugar, Evangeline, a mistura perfeita de papai e mamãe mais a faladeira da vovó.
Por último, Ben, nosso caçulinha careca de olhos castanhos. O mais diferente de todos? Obviamente. Mas não tem como dizer que o pequeno não era da família. O bebê era a cara do nosso pai e já demonstrava um certo drama característico dos Beaufort.
- Durmi sim, mãe. E você? - Pego a garrafa de yogurt de morango colocando no copo, e ela vai falando de como tem sido as noites mal dormidas graças à presença do meu irmãozinho. Sorrio penoso e continuo ouvindo.
Apesar de perceber que está visivelmente cansada, posso ver também que ela não sente remorço. Nossa mãe sempre foi uma mulher extremamente decidida e que não abandonaria a família por nada. Sei também que não é fácil cuidar de todos nós e ainda ter uma vida pessoal, mas ela nunca demonstrou arrependimento.
Emily Beaufort Sumers é definitivamente minha heroína.
- Jason, me ajuda? - Olho para a sala e vejo Eva tentando colocar todos os livros da escola dentro da bolsa. Rapidamente saio da cozinha me despedindo da minha mãe e do meu irmão e vou em direção a minha irmãzinha.
Eva sempre foi a mais tímida de todos nós. Porém, quando pegava intimidade, ela era a quem mais falava também. Tanto que era a "protegida" da casa.
Na única vez que tentarem fazer bullying com ela na escola, se tornou a última vez, já que uma família Samers muito raivosa - isso incluindo irmãos, pais, avós e tias - apareceu na escola fazendo aquele lugar virar de cabeça pra baixo quando Eva chegou chorando em casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ela é Ella || ✔
Teen Fiction|| LIVRO 01 DA "TRILOGIA RODRIGUES" "As pessoas sempre culpam aquilo que não conhecem... Pensei que você fosse diferente." As patricinhas que conhecemos são sempre as vilãs das histórias ou as garotas que todo mundo odeia por serem superficiais. Só...