Ainda no mesmo fim de semana...
Jason Samers
As fagulhas do fogo subiam e desciam num processo hipnotizador para quem está pensativo como eu. Suspiro, bagunçando levemente o cabelo num ato frustado. Já estou a quase uma hora aqui e nenhuma resposta se quer vinha a minha cabeça. Sei que deveria estar me divertindo assim como meus pais e irmãos, mas simplesmente não consigo. Mesmo vendo todos se divertindo ao redor da fogueira, comendo marshmallows, conversando sobre banalidades e rindo com os nossos vizinhos, é tudo muito sufocante.
Minha cabeça parece que vai explodir!
Meus pais resolveram aproveitar o fim de semana para vir até a nossa casa de campo — aquela que trouxe Ella para atirar a algumas semanas — e esquecer um pouco as rotinas cansativas da cidade, principalmente para mim e Angel. Nós dois andamos muito mais estressados e ansiosos que o normal devido ao fim do ano letivo que se aproxima e com isso o início real da nossa vida acadêmica — sem pais, sem casa fixa e a mercê das nossas próprias escolhas. Ou seja, eu 'tô muito ferrado.
— Jay, você está bem? — Angel segura meu braço com delicadeza. Nem havia percebido sua aproximação, visto que estava tão concentrado em pensar no que farei da minha vida.
Claro que já tenho decisões pré-estabelecidas, mas ainda sim a sensação de impotência é maior. A probabilidade de conseguir aquilo que realmente quero é mínima. Poucas pessoas realmente conseguem se destacar no futebol americano profissionalmente e alavancar a carreira no processo.
— Sim. — Tento tranquilizá-la, mas minha irmã me conhecia bem demais para saber quando estou mentindo.
Nós, literalmente, crescemos juntos — uma dádiva e uma maldição de gêmeos. Não importa o que façamos, sempre estaremos conectados de uma forma bizarra. Mesmo que um de nós venha a morrer primeiro, sempre guardaremos um ao outro na lembrança da infância e adolescência, no fim das contas.
Angel suspira cansada e entrelaça nossos braços de uma maneira acalentadora e diria até que protetora. Ela sabe que não estou bem.
Entretanto, nós dois só permanecemos na mesma posição durante uns bons minutos, enquanto observamos o movimento ao redor. Nossos irmãos mais novos brincam com os filhos dos vizinhos e correm uns dos outros como se suas vidas dependessem disso. Já Camille e Willian, se divertiam ao conversar com os demais adultos.
Somente o céu estrelado, a fogueira enorme a nossa frente e as luzes artificiais das casas iluminam essa área da floresta.
Há outros jovens da nossa idade aqui também, mas a maioria está entretida nos celulares ou em ficar de casalzinho. Sorrio com isso. Já o resto, está conversando, comendo ou observando o nada — como eu, minha irmã e Aurora.
Sim, também estou surpresa pela presença da filha da diretora aqui.
Pelo o que entendi, Hazel — sua mãe — está tendo algo com Julio, que ficou viúvo a quase dois anos e tem uma propriedade aqui. Já a garota, está sentada num tronco de árvore caído, assim como nós, e tinha o queixo apoiado nas mãos, entediada.
Enquanto isso, Hazel conversa com o pretendente e Rosa — a filha mais velha e muito parecida fisicamente com a mãe — fumava um baseado escondida com o filho mais velho de Dalton, o mesmo garoto que quase atirei sem querer durante a infância.
Rosa, mesmo tendo um nome que remete a leveza e paixão, é o total oposto. Ela é como um furacão em meio às demais pessoas, tem uma áurea de violência e rebeldia vistos de longe e não se importava com os demais — uma versão autêntica dos filmes de garotas problemáticas e não muito diferente do cara que a acompanhava a alguns metros de distância de nós.
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Ela é Ella || ✔
Teen Fiction|| LIVRO 01 DA "TRILOGIA RODRIGUES" "As pessoas sempre culpam aquilo que não conhecem... Pensei que você fosse diferente." As patricinhas que conhecemos são sempre as vilãs das histórias ou as garotas que todo mundo odeia por serem superficiais. Só...